ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

10 agosto, 2007

TAXISTA PERDE LUTA PARA SE LIVRAR DO NÚMERO 666

Na terça-feira, o dia foi bom para o diabo em São Francisco, pois a comissão municipal de táxis votou por manter em serviço o suposto número favorito do Senhor das Trevas, 666, em um táxi que muita gente diz estar amaldiçoado. A decisão, que surgiu depois de um período para comentários públicos caracterizado pelo bom humor e por expressões de irritação da parte dos comissários, prorrogou o reino satânico do táxi 666, dirigido por um tal Michael Byrne (cujo sobrenome se pronuncia como "burn", queimar em inglês).
Byrne, que não depôs perante a comissão na noite de terça-feira e não foi localizado para comentar, estava pressionando pela mudança do seu número de identificação, por superstição, e encontrou uma aliada em Jordana Thigpen, a vice-diretora da comissão de táxis. Em memorando distribuído na semana passada, Thigpen escreveu que Byrne parecia acreditar que o número fosse responsável por uma série de calamidades que lhe ocorreram em um período de má sorte que o levou a pedir que seu táxi fosse abençoado em uma igreja local, aparentemente sem resultado.
"O portador da identificação que leva esse número preferiria não falar sobre problemas específicos", escreveu Thigpen, "mas eles foram muito severos".
Um fator que torna ainda mais sinistra a mística do número é o fato de que o táxi 666 tenha pego fogo em uma Sexta-Feira Santa, alguns anos atrás, em uma conflagração que, de acordo com a lenda local, destruiu o veículo mas não a placa com seu número de identificação.
Assim, a comissão foi solicitada a aposentar o número da besta e substitui-lo pelo inofensivo 1.307, uma medida que o presidente do órgão, Paul Gillespie, ele mesmo taxista, acreditava representar apenas um gesto de gentileza. "É algo de muito simples que podemos fazer para facilitar um pouco a vida de alguém", ele afirmou, acrescentando que ele mesmo havia dirigido o táxi 666, no passado. "As pessoas levam muita energia ruim aos táxis e, se elas desejam falar sobre o número, o motorista se vê forçado a responder".
Mas outros dos membros consideraram o debate como uma perda de tempo e dinheiro, duas coisas que o Grande Trapaceiro sem dúvida aprovaria.
"Se não tivermos o 666, o que vem a seguir?", perguntou Tom Stanghellini, 59, veterano taxista. "E o táxi 13? Ou o 1313?".
Outra integrante da comissão, Patricia Breslin, ecoou essa preocupação. "Onde isso vai parar?", disse Breslin. "Eu já morei em uma casa com o número 666 e não aderi ao lado das trevas". Thigpen disse que não queria estabelecer um precedente, mas acrescentou que o número em questão havia se tornado cada vez mais difícil de designar, pelo seu escritório.
"Nenhum outro número causa dificuldades administrativas como essas", disse ela na quarta-feira. "E estou certa de que, com toda essa atenção, as coisas vão piorar ainda mais". No final, a mudança de número foi rejeitada por cinco votos a um. (O sétimo membro da comissão não compareceu.) Mas Gillespíe, que suspirou de maneira sentida antes de apresentar o único voto dissidente, disse duvidar que aquela fosse a última vez que o assunto chegaria à comissão. "O motorista", ele afirmou, "continua a ter o seu problema".
Jessé McKinley – The New York Times
Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME

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