SÃO PAULO GANHA ROTEIRO DE JÓIAS DA ARQUITETURA
ESTA É A POSTAGEM DE NÚMERO 3000 DO ENTRESSEIO, AGRADEÇO A TODOS OS LEITORES A OPORTUNIDADE DE CHEGAR ATÉ AQUI. MUITO OBRIGADO!
Entre todos os adjetivos do dicionário já utilizados para descrever a cidade de São Paulo, é um tanto difícil encontrar quando "bonita" e "bem planejada" foram utilizados na frase. E isso não é uma hipérbole - nos arquivos do Estado, de outubro de 1997 até ontem, por exemplo, não há mais do que 50 ocorrências.
Motivos, claro, não faltam. Da taipa-de-pilão ao tijolo e concreto, a capital foi construída e destruída meia dúzias de vezes, aumentando a sensação de um grande mosaico urbano.
Ainda assim, o arquiteto e designer Arthur de Mattos Casas tenta agora mostrar todos os outros motivos para que esse panorama mude um pouco de figura. Responsável pelas linhas elegantes do Hotel Emiliano, nos Jardins, e pela loja modernosa do estilista Alexandre Herchcovitch em Tóquio, no Japão, Mattos Casas costumava levar seus colegas americanos e europeus de férias em São Paulo para passeios pelo centro. Queria mostrar o que era a arquitetura paulistana. O resultado desses tours virou um mapa ilustrado no livro São Paulo na Arquitetura de Arthur Casas (Editora Decor, 208 páginas, R$ 96), que mostra os principais marcos arquitetônicos da capital.
"Os estrangeiros adoram São Paulo, justamente pela diversidade", diz Casas. "Achei que era necessária então uma cartilha para entender melhor essa cidade." O trabalho, além de valorizar jóias como o Copan ("o edifício mais carioca de São Paulo", escreve Casas) ou o Masp ("um projeto exemplar que não obstrui a vista da cidade"), chama a atenção para projetos que não são notados pelos paulistanos que passam correndo com seus carros de vidros escurecidos por insulfilm.
"Não há uma linha arquitetônica legitimamente paulista. Já houve no passado entre os anos 40 e os anos 70", diz o arquiteto. "A lei deveria ser mais rígida, até porque o perfil urbano pertence ao cidadão. Não deveria ser permitida a construção de edifícios neoclássicos ou qualquer um desses modismos impostos pelo mercado imobiliário. Se no futuro ficarmos conhecidos por essas aberrações, estamos perdidos." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
OUTRO LADO DA MOEDA
Ao contrário de outras metrópoles do mundo - ou mesmo do Rio, aqui pertinho -, São Paulo nunca valorizou sua arquitetura nem criou roteiros para que os turistas conhecessem a memória dos seus prédios. As "São Paulos" do café, da belle époque, do modernismo e do brutalismo acabaram quase que renegadas, escondidas por um mundaréu de pontes pesadas e sujas, prédios comerciais cheios de vidros e edifícios residenciais "neoclássicos".
"O paulistano infelizmente acabou se acostumando com a mediocridade", resume o professor-titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Nestor Goulart Reis Filho, autor do livro Dois Séculos de Projetos em São Paulo: Grandes Obras e Urbanismo, que aguarda patrocínio para ir para as livrarias. "A nossa cidade consome apenas comida ruim, gordurosa. Não há espaço para pratos refinados e alta gastronomia. Quem está decidindo hoje a arquitetura de São Paulo são os diretores de marketing das incorporadoras, e não os bons arquitetos. É só reparar nesses lançamentos de prédios neoclássicos, horrorosos. A Daslu, na Marginal do Rio Pinheiros, por exemplo. Pode disputar já o posto de prédio mais feio de São Paulo."
Nem é preciso uma pesquisa muito extensa para lembrar dos exemplos dessa arquitetura, digamos, equivocada de São Paulo. A pedido do Estado, o arquiteto Márcio Mazza, criador do site Arq!Bacana, fez um levantamento dos marcos arquitetônicos que chamam a atenção pelo exagero e pela feiúra - além da Daslu, claro, já quase uma unanimidade entre os profissionais do setor.
O primeiro da lista é edifício Villa Europa, na Rua Tucumã, um entre tantos exemplos do neoclassicismo que insiste em dominar os prédios de alto padrão da cidade. "Fica no cone de aproximação do Aeroporto de Congonhas e ultrapassou em mais de 18 metros de altura o gabarito permitido que havia sido aprovado", diz Mazza. "Um absurdo de descaso à legislação e à paisagem urbana. Ninguém pode dizer que se enganou e construiu 6 andares a mais."
Outro lembrado é o faraônico prédio da Igreja Pentecostal Deus é Amor, na Avenida do Estado, na Baixada do Glicério.
Agência Estado
Motivos, claro, não faltam. Da taipa-de-pilão ao tijolo e concreto, a capital foi construída e destruída meia dúzias de vezes, aumentando a sensação de um grande mosaico urbano.
Ainda assim, o arquiteto e designer Arthur de Mattos Casas tenta agora mostrar todos os outros motivos para que esse panorama mude um pouco de figura. Responsável pelas linhas elegantes do Hotel Emiliano, nos Jardins, e pela loja modernosa do estilista Alexandre Herchcovitch em Tóquio, no Japão, Mattos Casas costumava levar seus colegas americanos e europeus de férias em São Paulo para passeios pelo centro. Queria mostrar o que era a arquitetura paulistana. O resultado desses tours virou um mapa ilustrado no livro São Paulo na Arquitetura de Arthur Casas (Editora Decor, 208 páginas, R$ 96), que mostra os principais marcos arquitetônicos da capital.
"Os estrangeiros adoram São Paulo, justamente pela diversidade", diz Casas. "Achei que era necessária então uma cartilha para entender melhor essa cidade." O trabalho, além de valorizar jóias como o Copan ("o edifício mais carioca de São Paulo", escreve Casas) ou o Masp ("um projeto exemplar que não obstrui a vista da cidade"), chama a atenção para projetos que não são notados pelos paulistanos que passam correndo com seus carros de vidros escurecidos por insulfilm.
"Não há uma linha arquitetônica legitimamente paulista. Já houve no passado entre os anos 40 e os anos 70", diz o arquiteto. "A lei deveria ser mais rígida, até porque o perfil urbano pertence ao cidadão. Não deveria ser permitida a construção de edifícios neoclássicos ou qualquer um desses modismos impostos pelo mercado imobiliário. Se no futuro ficarmos conhecidos por essas aberrações, estamos perdidos." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
OUTRO LADO DA MOEDA
Ao contrário de outras metrópoles do mundo - ou mesmo do Rio, aqui pertinho -, São Paulo nunca valorizou sua arquitetura nem criou roteiros para que os turistas conhecessem a memória dos seus prédios. As "São Paulos" do café, da belle époque, do modernismo e do brutalismo acabaram quase que renegadas, escondidas por um mundaréu de pontes pesadas e sujas, prédios comerciais cheios de vidros e edifícios residenciais "neoclássicos".
"O paulistano infelizmente acabou se acostumando com a mediocridade", resume o professor-titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Nestor Goulart Reis Filho, autor do livro Dois Séculos de Projetos em São Paulo: Grandes Obras e Urbanismo, que aguarda patrocínio para ir para as livrarias. "A nossa cidade consome apenas comida ruim, gordurosa. Não há espaço para pratos refinados e alta gastronomia. Quem está decidindo hoje a arquitetura de São Paulo são os diretores de marketing das incorporadoras, e não os bons arquitetos. É só reparar nesses lançamentos de prédios neoclássicos, horrorosos. A Daslu, na Marginal do Rio Pinheiros, por exemplo. Pode disputar já o posto de prédio mais feio de São Paulo."
Nem é preciso uma pesquisa muito extensa para lembrar dos exemplos dessa arquitetura, digamos, equivocada de São Paulo. A pedido do Estado, o arquiteto Márcio Mazza, criador do site Arq!Bacana, fez um levantamento dos marcos arquitetônicos que chamam a atenção pelo exagero e pela feiúra - além da Daslu, claro, já quase uma unanimidade entre os profissionais do setor.
O primeiro da lista é edifício Villa Europa, na Rua Tucumã, um entre tantos exemplos do neoclassicismo que insiste em dominar os prédios de alto padrão da cidade. "Fica no cone de aproximação do Aeroporto de Congonhas e ultrapassou em mais de 18 metros de altura o gabarito permitido que havia sido aprovado", diz Mazza. "Um absurdo de descaso à legislação e à paisagem urbana. Ninguém pode dizer que se enganou e construiu 6 andares a mais."
Outro lembrado é o faraônico prédio da Igreja Pentecostal Deus é Amor, na Avenida do Estado, na Baixada do Glicério.
Agência Estado
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