ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

16 janeiro, 2007

A SOLIDÃO DA VIDA PRIVADA !

Está mais do que provado que o homem é um ser puramente social. Não vive sozinho nem à cacete. Por isso, foi adaptando todas as suas necessidades ao coletivo. Pode-se nascer, crescer, comer, dormir e até morrer com, pelo menos, alguém do lado. Entretanto, existe uma atividade fundamental que foi ocultada, sem explicação, do testemunho do grupo. Condenada a um exílio eterno e sem direito a julgamento. Refiro-me, com pesar, ao solitário ato defecativo, o famoso “fazer cocô”, este eremita injustiçado pelo mundo.
O “cocô diário” é imprescindível para a boa saúde do organismo, porém é tratado injustamente como uma vergonhosa anomalia biológica. Todo mundo faz, mas ninguém admite: “Desculpe professor, cheguei atrasado hoje porque estava cagando!” Esta frase não passa de uma utopia maravilhosa simplesmente porque a sociedade resolveu omitir o cagar por ainda não estar preparada para entender sua grandeza e importância.
Por que somos obrigados a fazer cocô sozinhos? Ninguém sabe realmente. A desculpa esfarrapada que cagar é nojento e repugnante não convence nem o mais ingênuo dos mortais. Certos programas de televisão que estão por aí são muito mais repulsivos. A verdade é que se o ser humano tivesse se habituado a obrar na frente do seu semelhante teria desenvolvido enormemente a virtude da tolerância e hoje não teríamos conflitos de nenhuma espécie: brancos abraçariam negros, judeus rezariam com árabes, palmeirenses incentivariam corinthianos, genros amariam sogras e vice-versa.
Porque ao cagar e ver cagar, o homem se humanizaria realmente. Aceitaria melhor o íntimo alheio. Não idealizaria a perfeição e assim seria incapaz de exigi-la do seu próximo. Ali, de cócoras, com as mãos na barriga e com a testa franzida, o indivíduo é apenas mais um cagão, desprovido de vontades, status, quimeras e paixões. É somente e tão somente um manso de espírito, de mente e reto abertos para o Universo. Poderíamos cagar de agachadinhos e de mãos dadas como irmãos… que lindo seria!
A todo o momento a sociedade tenta desesperadamente esquecer que todos os seus 6,5 bilhões de membros fazem cocô todo santo dia… e como fazem!
É lei imutável da Natureza. Porém, tudo é arranjado para que nem você se lembre de defecar: “O que? Deve estar havendo algum engano. Eu não faço este tipo de coisa!”, ou então: “Quem? Eu? Sinceramente, Fontana, eu nunca produzi um bostolete na vida!” A família, A Igreja, o Exército, a publicidade, todos teimam em ignorar o resultado da digestão custe o que custar. Ninguém gosta de imaginar a Xuxa fazendo uma força dos diabos na privada, só que a verdade nua e crua é que é que a rainha dos baixinhos também estrangula o moreno todo o dia no alto do seu “trono”.
Gisele Bündchen? Linda… sexy… perfeita… demite o tolentino assim que lhe dão uma chance! Julia Roberts? Caga. Cameron Diaz? Também caga. Sharon Stone? Se duvidar faz mais cocô do que eu e você juntos! Até os objetos relativos ao universo merdal tentam inutilmente fantasiar a realidade. Veja só: vaso sanitário, toalete, papel higiênico, banheiro, etc. Banheiro? Como se o banho fosse a coisa mais importante a ser feita nesse aposento! Qualquer um pode passar 5 dias sem tomar banho, agora imagine esse mesmo período sem cagar! Hospital na certa! Banheiro, uma conversa! O nome certo deveria ser “cagueiro”!
Infelizmente, um retrato da farsa em que vivemos pode ser encontrado num famoso verso popular que diz: “Quando cago, sinto uma solidão profunda. A bosta bate na água e a água bate na bunda”. Um dia, talvez, poderemos ler em uma prosaica parede de banheiro (ou cagueiro): “Quando cago, me sinto aliviado, pois posso olhar para esse cagão aqui do meu lado !"

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