ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

09 fevereiro, 2007

DEVE-SE JOGAR PAPEL HIGIÊNICO NO VASO SANITÁRIO ?

Sempre achei profundamente anti-higiênico deixar papéis... hã... entintados empilhados na lixeira (sem tampa...) ao lado da privada. E esse tipo de papel não foi feito especialmente para se dissolver na água?
Então, por que freqüentemente vêem-se, em banheiros públicos, avisos para que não se os jogue no vaso*?
As companhias de água e esgoto e os fabricantes de papel higiênico brasileiros em geral recomendam que o papel usado – e outros sólidos tais como fraldas, absorventes íntimos, cigarros e bicicletas velhas – não seja jogado no vaso. Isso porque o papel causa entupimentos da rede de esgotos e maior consumo de água no ato da descarga.
O curioso é que as companhias de saneamento estrangeiras que consultei, duas da Grã-Bretanha e uma da Austrália, foram unânimes em recomendar que o papel higiênico seja, sim, eliminado pela privada, exatamente porque ele se dissolve facilmente na água. Não sei se os canos ou o papel deles, ou ambos, são melhores do que os nossos.
Os primeiros registros do uso higiênico do papel datam do séc. XIV. Nessa época, na China, folhas de papel de cerca de 76 x 114 cm eram feitas para uso do imperador. O primeiro papel higiênico moderno começou a ser vendido, em pacotes com 500 folhas separadas, em 1857, nos EUA. Os rolos surgiram no mercado no fim da década de 1870, nesse mesmo país. Até então, as pessoas se limpavam com tudo que era coisa: lã, folhas, palha, areia, neve, cascas de frutas, espigas de milho e qualquer papel que lhes caísse nas mãos. Um almanaque norte-americano para fazendeiros, do séc. XIX, já vinha com um furo que permitia que ele fosse pendurado, facilitando que se lhe arrancassem as páginas para uso no banheiro. O catálogo da loja de departamentos Sears era uma grande fonte de papel higiênico.
E, é claro, usavam-se as mãos** . Na corte inglesa, uma pessoa era encarregada de limpar – sim, com a mão – o traseiro do rei. O cargo, considerado honorífico, tinha o título de Groom of the Stool ("Atendente das Fezes"). O seu equivalente francês era o Porte-Coton ("Porta-Algodão"), cujo nome sugere condições de trabalho um tantinho menos piores do que na Inglaterra.
A tradição muçulmana diz que a higiene pessoal deve ser feita com água, utilizando-se a mão esquerda. No tempo e no lugar em que essa tradição surgiu, não havia papel higiênico, bidê ou sabonete com perfume de lavanda. A mão direita deve ser usada para praticamente todo o resto das atividades humanas, incluindo cumprimentar as pessoas, comer (tampouco havia talheres) e segurar o Corão. Assim, presume-se que a pena de amputação da mão direita, aplicável, em situações extremas, a ladrões, tenha também um caráter simbólico, por obrigar o criminoso a realizar essas atividades com a mão "impura".
E, além do óbvio, para o que mais se usa o papel higiênico? Segundo uma pesquisa divulgada por um atacadista norte-americano de material de higiene e limpeza, os principais usos alternativos são, do mais para o menos freqüente: higiene do nariz, limpeza de pequenos derramamentos, remoção de maquiagem e limpeza de espelhos .
* Numa casa onde minha sogra morou na infância, sua avó colocou sobre o vaso sanitário o seguinte aviso: "Empreguemos sempre os meios / De evitar reclamação / Ninguém tem obrigação / De chocar ovos alheios / Terminada a operação / Com resultado patente / Queira puxar a corrente / Com cuidado e discrição".
** Minha sogra conta, em suas memórias, que nas paredes dos banheiros do colégio de freiras do qual foi interna na infância, havia muitos "1111", fruto da escassez de papel higiênico. Abstenho-me de maiores explicações, tenho certeza de que você vai entender.
Andrei Winograd autor do livro (F)Utilidades, Mistérios do Dia-a-Dia Explicados. É formado em Ciências Sociais, mas trabalha como economista, e se deu ao trabalho (um longo trabalho, por sinal) de desvendar um bocado das inúmeras dúvidas que a vida desperta.

1 Comentários:

  • Às 6:07 PM , Anonymous Anônimo disse...

    Valeu pelas informações.
    Agora posso xingar bastante minhas colegas que colocam o papel no vaso.
    Jou

     

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