RELATOS E COMENTÁRIOS DE UM TURISTA BRASILEIRO NA ALEMANHA
Após 40 dias cruzando a Alemanha de norte a sul e de leste a oeste, temos uma constatação a fazer: os alemães são hoje um povo muito estranho.
Listamos a seguir atitudes escandalosas e irresponsáveis que eles adotam.
Não queremos gente assim no Rio de Janeiro e São Paulo, para atrapalhar o nosso cotidiano animado de paz e harmonia:
Os metrôs daqui da Alemanha não têm catraca, o povo compra o bilhete, mas não tem ninguém a quem mostrar esse bilhete.
As bicicletas ficam soltas nas ruas, com cadeado, mas sem estarem amarradas a nada. E eles ainda desperdiçam um monte de espaço com ciclovias e nem deixam os pedestres andarem nelas, como acontece nas nossas.
Incrível: os estranhos alemães param nos sinais vermelhos a qualquer hora, mesmo de madrugada, quando não há qualquer chance de um carro passar no sentido contrário.
Os pedestres não atravessam de jeito nenhum, uma rua, enquanto o sinal para eles não ficar verde, mesmo que não venha nenhum único carro; eles ficam ali perdendo tempo, esperando abrir o sinal.
Não há limite de velocidade nas estradas (apenas uma recomendação para não ultrapassar 130 km/h, nunca seguida); Ah, e fazem um desperdício de cimento porque a pista tem 70 cm de espessura, de puro concreto. Deve ser porque a comissão dos governantes, neste caso, será bem maior do que aqui.
Nesse país esquisito um jovem, para adquirir a carteira de motorista, leva quatro anos de escola. As aulas são feitas em conjunto com o colégio.
Nas estradas, todos os carros andam nas pistas da direita e as pistas da esquerda ficam vazias para os carros mais velozes, um contra-senso de desperdício.
A gente saia à meia noite para passear na praça e não via nenhum assaltante para quebrar a nossa monotonia.
O governo que essa gente estranha elege não cobra pedágio nessas estradas esquisitas. E eles estão sempre fazendo obras, modernizando mais ainda as rodovias, não se sabe para quê, nem com que dinheiro;
A periferia das grandes cidades, desperdiça todas as áreas com campos verdes e florestas, ao invés de deixar pessoas usarem de forma mais racional os espaços com favelas, lixões, por exemplo.
Os caras fabricam uns carrões tipo BMW, Mercedes, Audi e VW, e nem blindam. E ainda deixam nas ruas à noite. Tem um monte de maluco que, além disso, ainda tem coragem de andar de carro conversível. Certamente eles têm o hábito de andar com revólver no porta-luvas para se defender.
Essa é incrível: os caixas automáticos dos bancos ficam nas ruas em plena calçada! E não tem ninguém tomando conta. E ainda funcionam a noite inteira. Não falo alemão, mas aposto que os jornais estão cheios de notícias sobre assaltos nesses caixas automáticos.
As calçadas têm espaços livres que são desperdiçados com pessoas ao invés de deixar o elemento mais importante de uma cidade - os carros - tomarem conta. (faltou mencionar os camelôs) E aí para resolver esse contra-senso, os alemães constroem um monte de garagens subterrâneas.
Em engarrafamentos eles desperdiçam aquela pistona do acostamento e não ultrapassam ninguém por ali. Se fossem mais espertos teriam um trânsito mais legal, como o nosso, que ultrapassa por qualquer lado até pelo acostamento.
Os jornais do dia ficam empilhados e tem uma caixinha do lado onde você coloca uma moeda e leva um jornal e não tem ninguém ali para cobrar; mas o gozado é que são tão esquisitos, porque ninguém leva um jornal sem pagar.
Ainda bem que a excursão acabou e estamos voltando para a nossa civilização.
Abraços,
Ricardo Y. Kiso
Embraer
São José dos Campos
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