ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

16 julho, 2007

ACONCHEGANDO-SE EM UMA ESTANTE

Freqüentemente desprezados como "ratos com asas" portadores de doenças, os pombos são pouco apreciados por muitos moradores urbanos. Sakura Adachi, uma designer de móveis de Milão, não está entre eles; ela admira os pombos por sua capacidade de criar recantos privados em espaços públicos. Tal talento aviário a inspirou a criar uma estante chamada "The Cave" (a Caverna), que permite aos leitores se aconchegarem em um assento apropriado para o corpo, cercado por seus livros favoritos. The Cave exibe um nicho de tamanho humano, em forma de bolha, em sua base. Sentar neste nicho revestido deve fazer o leitor se sentir retirado -semelhante a estar perdido entre as estantes empoeiradas da biblioteca da faculdade-, mas ainda visível para os transeuntes.
Adachi teve a idéia em 2004, ao construir a primeira Cave como projeto de tese para a Central Saint Martins College of Art and Design em Londres, onde ela estudava para seu mestrado. "Eu vi como as pessoas criavam seu próprio espaço em cafés e trens, como se sentavam na beirada de seu assento ou colocavam suas coisas em uma cadeira vazia", disse Adachi, 29, que é originalmente de Adachi, Japão. Sua meta era criar uma peça de mobília que reproduzisse a experiência de jantar ao ar livre em uma calçada movimentada -um passatempo, disse Adachi, que faz alguém se sentir simultaneamente afastado e envolvido. A grande quantidade de pombos de Londres rapidamente se tornaram suas musas. Adachi disse que percebeu como os pombos se empoleiravam em vãos em prédios antigos, sob os beirais do telhados. Os pombos cuidavam de suas vidas nestes recantos, aparentemente indiferentes aos pedestres abaixo, ela observou. Adachi tirou inúmeras fotos destes pombos empoleirados, o que lhe deu a idéia para a Cave. Ela primeiro tentou colocar uma cadeira de encosto reto dentro da estante, mas ela disse que sentiu que tal desenho provavelmente faria os usuários se sentirem claustrofóbicos. Ela optou por um assento em forma de útero e o colocou na base da estante. "Eu queria criar uma situação como a de sua infância", ela disse. "Como quando está em casa, escondido debaixo da mesa, escutando a conversa de seus pais. Esta é uma experiência memorável que muitas pessoas têm." Ela construiu ela mesma a primeira Cave, usando compensado de bordo e tecido cinza. Após obter seu diploma em 2004, Adachi levou a Cave para a Feira Internacional de Móveis de Copenhague, em 2005. Os proprietários da feira ficaram tão impressionados com a estante modificada de Adachi que a exibiram em seu livreto promocional -uma rara honra para uma jovem designer. A publicidade resultante levou muitas pessoas a perguntarem onde podiam comprar suas próprias Caves. Como Adachi fabricou a peça sozinha com ferramentas rudimentares, ela teve que estabelecer um preço de mais de 10 mil euros -caro demais para a maioria dos interessados. Esse preço caiu, graças à parceria de Adachi com um fabricante de móveis inglês. Mas a estante ainda é cara, custando 5.250 euros (cerca de US$ 7.045 ou quase R$ 13,7 mil).Adachi, que atualmente trabalha para a Studio & Partners, uma firma de design de Milão, disse que já vendeu três Caves. Elas estão disponíveis por meio de seu site,
www.sakurah.net. Cada estante é feita sob encomenda na Inglaterra e leva de 8 a 12 semanas para ser entregue.Antecipando um aumento do interesse agora que a Cave está um pouco mais acessível, ela também projetou uma versão menor, infantil (cerca de US$ 4.830 ou R$ 9.400), e uma ainda menor para animais de estimação (o preço ainda não foi determinado). Afinal, você não precisa saber ler para apreciar um recanto aconchegante.

Brendan I. Koerner

Tradução: George El Khouri Andolfato
Visite o site do The New York Times

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