A EPIDEMIA POLÍTICA DE DENGUE NO BRASIL

Dados do Ministério da Saúde mostram que, entre janeiro e setembro deste ano, a cada 100 mil brasileiros, 254,2 tiveram a doença. No mesmo período do ano passado, foram 172,1 habitantes a cada 100 mil. A região mais atingida é o Sul, onde a incidência aumentou quase 10 vezes: passou de 18,3 para 168,1 a cada 100 mil habitantes. Vejam os números: no Paraná, o número de casos de dengue passou de 4.640 para 44.916; no Rio Grande do Sul, de 147 para 1.104; e em Santa Catarina, passou de 220 para 453. Em resumo: a incidência de dengue no Brasil aumentou 50% entre 2006 e 2007.
O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, alega que, politicamente, vivemos uma "epidemia da dengue". Lançou a Campanha Nacional de Mobilização contra a Dengue com o lema: "Combater a dengue é um dever meu, seu e de todos. A dengue pode matar" . E espera "uma postura obsessiva da população, no bom sentido. A preocupação e o comportamento voltado para o controle dos focos têm que ser uma obsessão de cada um de nós".
Não sei! Há algo estranho no ar! Parece estranho que o governo confirme essa epidemia justamente agora, quando está lutando pela prorrogação da CPMF e prevendo conseqüências nefastas para o setor de saúde caso a CPMF não seja prorrogada até 2011. O Sr. Temporão disse: "O Ministério da Saúde fecha se não tiver CPMF ano que vem" , em entrevista à Radiobrás. Ou seja, ele vai ficar desempregado . E o seu discurso de político preocupado vai mais além: "Todos os 11 milhões de internações que vão acontecer este ano não poderão acontecer ano que vem. Então, a população não vai poder ser internada. Todas as cirurgias realizadas pelo Sistema Único de Saúde são financiadas pela CPMF. Então não vamos poder operar ninguém. Todos os exames especializados que o Sistema Único de Saúde faz são financiados pela CPMF", afirmou o Sr. Temporão. Ele até saiu do seu gabinete e foi ao Senado para sensibilizar os senadores a votarem favoravelmente à prorrogação da CPMF.
Olha, minha gente, nós, que lutamos contra a legalização do aborto no Brasil conhecemos – e muito bem – a manipulação de dados realizada pelo Ministério da Saúde para convencer a população da necessidade de legalizar este procedimento homicida. Segundo o advogado Celso Galli Coimbra, " os dados divulgados pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sobre mortes relativas ao aborto no Brasil, não estão de acordo com as estatísticas sobre mortalidade por maternidade constantes no site do Sistema Único de Saúde (SUS), que no período de 1996 a 2004 nunca ultrapassaram a ordem de duas centenas por ano, enquanto o ministro vem divulgando a ocorrência de 1,04 milhão de casos de aborto com base em pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)".
Vale tudo pra manter a CPMF. Compra de voto, barganha de cargo público, troca-troca de favores, mentiras pro povão... Ela é uma mala cheia de dinheiro, fácil de tirar do bolso do contribuinte. A previsão é arrecadar 38 bilhões de reais em 2008. E todo este dinheiro não é suficiente para o orçamento do Ministério da Saúde para 2008 que, segundo Temporão, é de 48 bilhões de reais.
O negócio é tão bom que até o vice-presidente da República, José Alencar, que sempre se mostrou contrário à CPMF, afirma que o governo não tem como abrir mão desta verba neste momento.
Epidemia política de dengue! Que baboseira! Há tempos, sabe-se que, no Nordeste, a dengue mata; mas os dados são omitidos pra não afastar turistas, por exemplo! Sabe-se também que a saúde pública faliu! Que somos um país doente: com desnutrição, sarampo, tuberculose, doenças veiculadas pelos recursos hídricos... A prestação dos serviços do SUS ou é inexistente ou é péssima. O acesso ao SUS é marcado por longas filas de espera para consultas, exames e procedimentos cirúrgicos, falta de vagas para internação, de pessoal, de medicamentos...
De quem é a culpa deste caos? De todos! Do governo, inicialmente, que administra mal os recursos; que é incapaz para supervisionar e incompetente para planejar; que destina migalhas do orçamento para a saúde; que, pela impunidade, estimula a corrupção...
Qual o fato gerador da crise na saúde pública, ou em especial, dessa tal "epidemia de dengue"? Da corrupção e da certeza da impunidade! O governo é o vilão, mas não está sozinho. Os hospitais, no Brasil, onde as pessoas deveriam nascer e/ou se curar, tornaram-se lugares onde as pessoas sofrem, contraem enfermidades e até morrem de doenças evitáveis e de procedimentos previsíveis.
Claro que quem lucra com tudo isso é a previdência privada! Quem precisa de atendimento dos serviços de saúde, paga para tanto.
Todo mundo sabe que a CPMF, criada para melhorar a saúde, é desviada para outros fins; há estados e municípios que descumprem a Carta Magna e não destinam os recursos previstos para a saúde. Tais fatores, agrupados, fazem circular ínfimos recursos, diminuindo o investimento no setor. Sabem quanto o SUS custa para o governo? A quantia irrisória de R$0,96 per capita ao ano.
Portanto, usuário do SUS, contribuinte compulsório da CPMF, brasileiro manipulado por falsas informações... fique atento! Não comece a rezar pela prorrogação da CPMF porque o governo está lhe assustando com o 'bicho-papão' da epidemia de dengue ou da gripe aviária...
Ana Echevenguá - Coordenadora do Programa Eco&ação - www.ecoeacao.com.br - (48) 84014526/84064397 - Florianópolis, SC.