REI SAUDITA INDULTA VÍTIMA DE ESTUPRO CONDENADA A CHICOTADAS
Jovem foi vítima de estupro coletivo e condenada em 2006.
O rei Abdullah da Arábia Saudita decidiu indultar uma jovem vítima de estupro coletivo que havia sido condenada a seis meses de prisão e a 200 chicotadas, diz um jornal local. Se for confirmado o perdão, será o fim de um assunto incômodo para o reino, que provocou forte indignação no Ocidente.
A informação foi publicada pelo jornal saudita Al-Jazeera e não houve confirmação oficial do perdão, que teria acontecido por ocasião da peregrinação anual à Meca, data especial para os muçulmanos.
No entanto, segundo a agência France Press, não há dúvidas de que a informação é correta, já que nenhum jornal seria permitido a publicar algo referente ao rei, principalmente sobre um assunto tão delicado, sem a aprovação das autoridades competentes.
Além disso, sem confirmar o perdão, o ministro da Justiça, Abddulah Al-Sheikh, declarou ao mesmo jornal que o rei tinha "direito de anular as decisões judiciais que considere oportunas se for pelo bem geral".
A sentença contra a jovem de 19 anos motivou muitas críticas internacionais, desde organizações de defesa dos direitos humanos até a Casa Branca.
Violência
A mulher, que não teve a identidade revelada, foi violentada por sete homens. Ela foi condenada, em outubro de 2006, a 90 chicotadas por ter sido encontrada em um automóvel na companhia de um desconhecido.
A Arábia Saudita, que tem em seu território os principais locais sagrados do Islã, é regida pelos princípios do wahhabismo, uma interpretação muito rígida da religião e da lei islâmica, a sharia, que impõe, entre outras coisas, a separação total dos sexos.
Assim, uma mulher não tem o direito de estar acompanhada por um homem que não seja um parente próximo, como o avô, pai, tio, marido, filho ou irmão.
Os agressores da jovem, que a estupraram depois que a encontraram dentro de um carro com um homem que não pertencia a este círculo restrito, foram condenados a penas de entre um e cinco anos de prisão.
Chicotadas
Um ano depois do julgamento, no dia 14 de novembro, a condenação da vítima foi revisada e a jovem passou a ser sentenciada a 200 chicotadas e a seis meses de prisão.
O tribunal também elevou as penas dos criminosos, que variam entre dois e nove anos de prisão.
Além das críticas de várias organizações, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou no início do mês que estava irritado por ver como um país não ficava do lado da vítima de um estupro.
A polêmica causada por esse assunto prejudicou claramente a reputação do país. Um funcionário saudita, que não quis ser identificado, considerou que o veredicto do tribunal provocou grandes divisões no país e até mesmo os especialistas em sharia estavam em desacordo.
France Press
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