A ROUPA INTELIGENTE CHEGA ÀS LOJAS
Quando os seres humanos deixaram de andar nus pelo mundo, provavelmente o fizeram só por necessidade. As baixas temperaturas obrigavam a cobrir-se com grandes folhas ou peles de animais. Mais tarde, com as sociedades complexas, acrescentou-se o pudor e o senso estético, e assim a roupa já tinha suas três propriedades: proteger, cobrir e adornar o corpo. Desde então, houve pouco mais em termos de função. A última grande evolução ficou no terreno dos tecidos, com o surgimento das fibras sintéticas, que traziam comodidade. Isso até agora.
A roupa inteligente -que interage com a pessoa e o ambiente e traz novas propriedades- começa a surgir no mercado do grande varejo. Nos próximos meses já estará nas lojas, afirmam Feliu Marsal e Daniel Palet, responsáveis pelo Centro de Inovação Tecnológica da Universidade Politécnica da Catalunha, especializado em novas estruturas têxteis. Trata-se de aproveitar os últimos avanços tecnológicos para dar aos produtos um valor agregado, coisa que já havia sido obtida no mundo militar e do esporte, mas não do consumo doméstico.
Através de uma técnica conhecida como microencapsulação, consegue-se impregnar os artigos com princípios ativos como o aloe vera, desodorantes ou repelentes de insetos. A loja Punto Blanco já vende meias que mantêm a temperatura dos pés e várias firmas trabalham com roupas íntimas com "memória", que se adaptam à forma e os movimentos do corpo, explica David García, porta-voz da empresa Fitex, especializada em tecidos inteligentes.
Fios e tintas condutoras de eletricidade são outras inovações que permitem levar a eletrônica aos tecidos. Assim se obtém roupa com Leds ou sensores de dados vitais, teclados de computador dobráveis que parecem um tapete, ou toldos com placas fotovoltaicas que se abrem e fecham sozinhos ou que proporcionam ar-condicionado graças à energia que captam do sol.
As possibilidades são cada vez mais amplas e o número de empresas que trabalham com roupa inteligente cresce, como mostra a exposição Matter in Progress [Matéria em progresso], que pode ser vista em Barcelona até o dia 28 de abril. Marsal explica que o interesse por esses tecidos ganhou força há dois anos -"é a maneira que temos de nos diferenciar dos produtos asiáticos, mais baratos"- e agora está em seu auge, quase chegando ao mercado. As empresas de moda, porém, se recusam a falar de seus produtos porque muitos estão em processo de patenteamento e temem que sejam copiados. "A roupa é um meio ideal para interagir com o ambiente, por isso está sendo 'tecnificada'", afirma Pau Vidal, diretor da área de pesquisa e desenvolvimento da Cetemmsa, outra empresa que optou pela roupa inteligente.
O próximo desafio dos produtores da roupa do futuro é conseguir que os tecidos mantenham essas novas propriedades por mais tempo -hoje perdem rapidamente com as lavagens- e que a textura dos artigos continue sendo agradável.
A estilista Laura Morata conseguiu isso junto com o laboratório Leitat e em julho próximo apresentará uma coleção baseada exclusivamente em tecidos inteligentes com a grife Madre Mía del Amor Hermoso. Segundo Morata, em suas roupas "não se nota que acrescentamos tecnologia -o visual é de indumentária tradicional-, o objetivo é utilizá-la para provocar sensações". Algumas de suas propostas serão vestidos que se afrouxam ou camisetas que mudam de cor em função da temperatura.
Maite Gutiérrez
Maite Gutiérrez
Em Barcelona
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