ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

13 junho, 2008

GOVERNO DIVULGA DETALHES DE PROJETO PARA SUBSTITUIR LEI ROUANET

Programa Nacional de Fomento e Financiamento de Cultura é o nome da proposta de projeto de lei que será enviada ao Congresso pelo Ministério da Cultura ; uma das formas de arrecadação prevista é Loteria Cultural.
Se depender do governo, o atual formato da Lei Rouanet (Lei de Incentivo à Cultura, n° 8.313/91) está com os dias contados. Até o início do próximo semestre deste ano, o Ministério da Cultura vai enviar uma proposta de projeto de lei ao Congresso que deve reestruturar o financiamento da produção cultural no país e criar o Programa Nacional de Fomento e Financiamento de Cultura. A informação é do secretário-executivo do ministério, Juca Ferreira.
O novo modelo de financiamento da cultura brasileira terá, segundo o secretário, cinco pilares: o orçamento do Ministério da Cultura, onde se inclui o Fundo Nacional de Cultura, ue será reestruturado; mecanismos de mercado; de renúncia fiscal, substituindo o papel que hoje é da Lei Rouanet (de Incentivo à Cultura, nº 8313/91); o Vale Cultura e a Loteria a Cultura.
Segundo o secretário-executivo, a Lei Rouanet deve ser incorporada pelo Programa de Fomento e Financiamento. Este, além de permitir a renúncia fiscal, cria uma série de mecanismos de arrecadação e de fomento, como a loteria da cultura e o vale-cultura, que “é semelhante ao vale-refeição, só que em vez de alimentar o estômago, é para alimentar o espírito”, defendeu.
“A Lei Rouanet reforça certas disparidades, viabiliza atividades culturais que têm relação com a parcela da sociedade que tem poder aquisitivo e não se interessa pela que não tem. É um mecanismo positivo, canalizou no ano passado R$ 1 bilhão para atividades culturais, mas não é capaz de substituir toda a política pública de cultura num país democrático e republicano como é o Brasil”, disse Ferreira.
De acordo com o secretário, é preciso avaliar a qualidade do projeto, sua coerência e capacidade de manejar os recursos que se dispõe a manejar. “Isso feito com critérios objetivos, previamente definidos – inclusive alguns virão do Plano Nacional de Cultura. É ssa política pública, que estamos consolidando, que determina, cria possibilidades de avaliação objetiva e não fica ao livre arbítrio do gestor.” O secretário descartou a possibilidade de direcionamento de recursos a determinada região ou projeto. “Essa sugestão existe. Muita gente diz que o Ministério da Cultura deveria determinar, eles não aplicam. Se a gente determinar, eles saem da parceria. Parceria é um ato voluntário onde as duas partes buscam realizar o seu ponto de vista.”
Ele defendeu o uso de orçamento para sustentação de políticas públicas, como ocorre com a educação e a saúde. E disse que, além do novo formato de renúncia fiscal, o governo estuda a reformulação do Fundo Nacional de Cultura, criando gestões setoriais. Assim, no caso de pessoas que queiram fazer doações, os recursos passarão a ser direcionados para a área que desejarem – audiovisual, livro e leitura ou teatro, por exemplo.
“O Ministério da Ciência e Tecnologia formatou seu Fundo Nacional de Ciência e tecnologia com padrões setoriais. Isso possibilita essa relação com a área privada.” Juca disse que isso torna possível também o interesse do setor privado por projetos específicos: “Eles [empresários] podem contribuir para políticas que estão definidas claramente, com suas metas, seus programas e projetos, através desse fundo nacional repaginado.”
“O que temos hoje para aplicar em cultura é um pouco menos de R$ 200 milhões. Esse dinheiro não é suficiente. Nós fizemos uma projeção aproximada no Ministério da Cultura e lá deu em torno de R$ 3,5 bilhões o dinheiro necessário para financiar a cultura no país”, acrescentou Ferreira.
Com o programa de Fomento e Financiamento, mais a participação orçamentária prevista pela PEC 150, o secretário acredita que o patamar não só pode ser atingido, como superado – nas projeções do Ministério, os R$ 3,5 bilhões calculados significam em torno de 3% do Orçamento. Se a PEC for aprovada, 2% dos recursos da cultura ficam garantidos pelo Orçamento e o restante, pelo programa.
Questionado sobre o impacto de uma possível não-aprovação da PEC, Ferreira foi enfático. “Não só o PNC, mas toda a política pública de cultura não poderá ser desenvolvida plenamente se não houver incremento orçamentário. Esse [2% da PEC 150] é o principal mecanismo, mas temos outros [os que serão propostos pelo projeto de lei que deve criar o Programa de Financiamento e Fomento]”, concluiu.
LoteriaUm dos pontos da nova proposta que o Ministério da Cultura deve enviar ao Congresso até o início do próximo semestre é a criação da Loteria da Cultura. Com ela, espera-se um incremento de R$ 600 milhões no orçamento da pasta.
Segundo o secretário executivo do Ministério da Cultura, a loteria deve ocorrer numa extração própria e já foi estudada pela Caixa Econômica Federal, que seria a executora. “Os estudos indicaram duas coisas: primeiro, um cálculo pessimista e, entre o cálculo pessimista e o otimista, há uma possibilidade de a gente arrecadar em torno de R$ 600 milhões anuais para a cultura. Outro dado interessante é que essa loteria não "vampiriza" as outras extrações, ela correria numa faixa própria. A Caixa, inclusive, sugere que sejam duas extrações distintas”, disse o secretário.
A primeira sinalização do governo em torno dessa iniciativa ocorreu no primeiro semestre de 2003, e a loteria entraria em operação meses depois. O ministro Gilberto Gil chegou a participar de reuniões com a Fazenda para submeter o projeto. No entanto, as discussões enfraqueceram e o projeto deu sinais de que não sairia do papel. Agora, Juca Ferreira espera que ocorra o contrário, já que a loteria seria uma das formas de financiamento previstas no projeto de lei que o ministério encaminhará ao Congresso até o início do próximo semestre.
“Nós, com as dificuldades que tivemos, arrefecemos um pouco as discussões dentro do governo, mas estamos voltando agora, porque estamos proporcionando um Programa Nacional de Financiamento e Fomento da Cultura, no qual há vários mecanismos e esse é um mecanismo importante. Já funciona em mais de 50 países, alguns têm até quatro extrações”, informou.
Junto com a loteria, o projeto prevê a criação do Vale-Cultura, semelhante ao vale-refeição – só que destinado ao consumo cultural, como cinema e compra de livros, além de mecanismos de mercado e incrementos no orçamento do ministério, com a reestruturação do Fundo Nacional de Cultura (FNC). O secretário explicou como será o financiamento.
De acordo com Ferreira, a arrecadação da loteria custearia gastos fixos do ministério, como manutenção de museus, teatros e orquestras. Uma iniciativa semelhante já ocorre no estado de São Paulo desde 2004, na modalidade de loteria instantânea, semelhante às raspadinhas.
Morillo Carvalho - Repórter da Agência Brasil
http://www.aber.org.br

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