MINISTÉRIO DA CULTURA ESTUDA PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO DA LEI ROUANET
Discussões internas do governo podem ser propositivas para mudanças na Lei Rouanet (Lei de Incentivo à Cultura, nº 8.313/91). Os sinais de que o governo pretende alterar o mecanismo que permite a isenção fiscal a partir da destinação de recursos para a produção artística foram dados pelo próprio ministro da Cultura Gilberto Gil, em janeiro deste ano. Mas a pasta só deve se pronunciar sobre as possíveis propostas nos próximos dias.
O presidente da Fundação Nacional de Artes, Celso Frateschi, é um dos defensores da criação de outros mecanismos legais que não sejam baseados em renúncia fiscal. Para ele, a lei Rouanet restringiu os investimentos à região Sudeste.
“Por enquanto é muito fraco o nosso arcabouço legal. Ele se resume praticamente à Lei Rouanet, e algumas políticas públicas são realizadas através da Lei Rouanet, mas ainda muito baseados nesse fator da renúncia fiscal. É preciso ampliar essa legislação para que permita o financiamento público”, disse, na ocasião do Dia Mundial do Teatro.
O assunto opõe grandes e pequenos produtores culturais – já que, pela visibilidade que dão às empresas, os primeiros são os que mais conseguem acesso ao benefício (leia sobre o debate no setor do teatro). A Agência Brasil procurou o Ministério da Cultura para saber em que ponto estão as discussões sobre a possível revisão, que informou que o debate é interno e não concederá entrevistas antes de uma maior definição.
Depois de estudar por três anos a política e a economia da cultura no país, o pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Frederico Barbosa da Silva, lançou em 2007 dois livros com as análises e constatou que a Lei acabou por concentrar os investimentos no eixo Rio-São Paulo.
“Um dos principais motivos da concentração da lei é a própria estrutura de desigualdade da economia, então a concentração em Rio de São Paulo, na região Sudeste, da maior capacidade de algumas empresas de captarem, essas são coisas que estão na lógica da economia do país, então temos que ter políticas de privilegiamento dos menores, de outras regiões, e assim por diante”, defende.
A idéia de rever e alterar a Lei não é assunto novo no governo. Em março deste ano, por exemplo, um parágrafo acrescentado à Lei estabeleceu a possibilidade da concessão de incentivos a quem patrocinasse a construção de salas de cinema em cidades com até 100 mil habitantes.
Outra alteração recente modificou o escopo da Lei, o que, para Frederico, representa um avanço desde que haja um esforço de gestão para não haver direcionamento ou concentração nos interesses do setor público ou do setor privado.
“Temos agora a possibilidade de estimular arranjos produtivos na área de economia da cultura e de os editais também serem aplicados à Lei Rouanet. Além disso, foram estabelecidos critérios de coordenação ou de tentativa de coordenação dos editais lançados pelas empresas junto com o ministério. Hoje o ministério tem que saber o que as empresas estão fazendo em termo de editais e posterior à aplicação da Lei Rouanet”, detalhou Barbosa.
Morillo Carvalho - Repórter da Agência Brasil
http://www.aber.org.br
O presidente da Fundação Nacional de Artes, Celso Frateschi, é um dos defensores da criação de outros mecanismos legais que não sejam baseados em renúncia fiscal. Para ele, a lei Rouanet restringiu os investimentos à região Sudeste.
“Por enquanto é muito fraco o nosso arcabouço legal. Ele se resume praticamente à Lei Rouanet, e algumas políticas públicas são realizadas através da Lei Rouanet, mas ainda muito baseados nesse fator da renúncia fiscal. É preciso ampliar essa legislação para que permita o financiamento público”, disse, na ocasião do Dia Mundial do Teatro.
O assunto opõe grandes e pequenos produtores culturais – já que, pela visibilidade que dão às empresas, os primeiros são os que mais conseguem acesso ao benefício (leia sobre o debate no setor do teatro). A Agência Brasil procurou o Ministério da Cultura para saber em que ponto estão as discussões sobre a possível revisão, que informou que o debate é interno e não concederá entrevistas antes de uma maior definição.
Depois de estudar por três anos a política e a economia da cultura no país, o pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Frederico Barbosa da Silva, lançou em 2007 dois livros com as análises e constatou que a Lei acabou por concentrar os investimentos no eixo Rio-São Paulo.
“Um dos principais motivos da concentração da lei é a própria estrutura de desigualdade da economia, então a concentração em Rio de São Paulo, na região Sudeste, da maior capacidade de algumas empresas de captarem, essas são coisas que estão na lógica da economia do país, então temos que ter políticas de privilegiamento dos menores, de outras regiões, e assim por diante”, defende.
A idéia de rever e alterar a Lei não é assunto novo no governo. Em março deste ano, por exemplo, um parágrafo acrescentado à Lei estabeleceu a possibilidade da concessão de incentivos a quem patrocinasse a construção de salas de cinema em cidades com até 100 mil habitantes.
Outra alteração recente modificou o escopo da Lei, o que, para Frederico, representa um avanço desde que haja um esforço de gestão para não haver direcionamento ou concentração nos interesses do setor público ou do setor privado.
“Temos agora a possibilidade de estimular arranjos produtivos na área de economia da cultura e de os editais também serem aplicados à Lei Rouanet. Além disso, foram estabelecidos critérios de coordenação ou de tentativa de coordenação dos editais lançados pelas empresas junto com o ministério. Hoje o ministério tem que saber o que as empresas estão fazendo em termo de editais e posterior à aplicação da Lei Rouanet”, detalhou Barbosa.
Morillo Carvalho - Repórter da Agência Brasil
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Marcadores: notícia, patr. cultural
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