EXPOSIÇÕES - 11-3-10
São Paulo-SP - O Brasil segundo a Expedição Langsdorf
Nosso repórter, em viagem a São Paulo, flagra imagens registradas por comitiva russa que esteve no Brasil no século XIX e passou por MT
Duas exposições em São Paulo trazem luz à história de Mato Grosso e do Brasil. Registros do século XIX feitos por Hercules Florence e pela expedição Langsdorff compõem um cenário natural brasileiro de duzentos anos atrás. Além disso, uma exposição dedicada ao gênio Hercules Florence complementa esta visão especial.
A expedição Langsdorff, da qual Florence também participou, ocorreu de 1821 a 1829 e cruzou quase dezessete mil quilômetros, saindo do Rio de Janeiro e seguindo até Belém do Pará. Parte do resultado desta aventura está distribuído nos três andares do Centro Cultural do banco do Brasil em São Paulo (até 25/04) e vai itinerar por Brasília e Rio de Janeiro na sequência.
A Expedição foi patrocinada pelo Czar russo Alexandre I e teve como líder o Barão de Langsdorff que era então cônsul da Rússia no RJ. Georg Heinrich von Langsdorff nasceu na Alemanha, em 1774. Formou-se em medicina e em 1802 veio ao Brasil pela primeira vez. Depois de se naturalizar russo e ser nomeado cônsul aqui ele convence o czar a financiar esta expedição que poderia descobrir novos produtos brasileiros para exportação. Faleceu em 1852.
A equipe da expedição era composta entre outros por: Johann Moritz Rugendas, Aimé-Adrien Taunay, Hercules Florence, Néster Gavrílovitch Rubtsov, Ludwig Riedel e Edouard Ménétriès. Não é exagerado dizer que todos fizeram história. Rugendas (1802-1858) acompanhou a excursão à província de Minas Gerais, mas em 1825 abandonou o grupo por conflitos com Langsdorff. Levando consigo cerca de 500 aquarelas produzidas ao longo do trajeto publicou (1835) as mesmas após retornar à Europa. Ele ainda voltou às Américas e documentou diversos países latino-americanos.
Taunay (1803-1828) assumiu o cargo de Rugendas e chegou a se fixar em Cuiabá por um ano. Produziu imagens belíssimas de índios, da fauna e da flora de Mato Grosso. Florence (1804-1879) é um caso a parte do qual falaremos adiante, ele também foi desenhista da expedição. Rubstov (1799-1874), era o braço direito do Barão, astrônomo e com equipamentos modernos para época produziu um grande quantidades de mapas do território brasileiro, material que estava inédito no Brasil. Ménétriès (1802-1861) é o pai da entomologia (estudo dos insetos) na Rússia. E finalmente Riedel (1791-1861) que era o botânico da expedição. Riedel foi chefe do Museu Nacional do RJ e administrou os jardins da casa imperial e o Jardim Botânico.
Foram mais de mil desenhos confecionados, milhares de espécies vegetais e animais identificadas (15% das espécies botânicas do Brasil), cerca de cem objetos etnográficos e mais de quatro mil páginas de manuscritos. Resumindo um capítulo extraordinário da história brasileira.
Complementa o CCBB, uma exposição na Pinacoteca que trás um pouco do gênio de Hercules Florence. Ele era francês, mas passou a vida no Brasil onde chegou com vinte anos. Foi um cientista na arte do design e da tipografia. Batizou o termo fotografia mundialmente e foi o primeiro a fixar uma imagem no papel em 1833, antes de Niépce, Daguerre e Talbot. Casou e constituiu família em Vila São Carlos (atual Campinas). É dele a iniciativa de catalogar as obras da expedição e muitas das imagens produzidas no MT, inclusive vistas “aéreas” de Cuiabá.
Claudio de Oliveira
Diário de Cuiabá
Marcadores: Exposições
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