SAÚDE - 22-3-10
Estudo mostra como matar células do câncer
Pesquisa revela mecanismo de envelhecimento que pode ajudar na cura
Uma equipe de médicos americanos divulgou em um artigo publicado na revista Nature uma descoberta que pode apontar novos caminhos para o tratamento do câncer. No estudo, realizado em ratos, os pesquisadores relatam que conseguiram inibir a ação de um gene cancerígeno, o que provocou o envelhecimento e a morte das células do câncer de próstata nos animais. A descoberta é promissora porque, diferentemente das células sadias, as doentes podem se dividir indefinidamente e não sofrem de envelhecimento.
De acordo com o relatado pela equipe de pesquisadores, o estudo foi realizado em ratos geneticamente alterados para desenvolver câncer de próstata. O trabalho mostrou que, quando os animais tiveram bloqueada a ação de um gene chamado Skp2, as células cancerígenas começaram a envelhecer e a se dividir com lentidão, no processo que os médicos chamam de senescência. Quando os ratos atingiram seis meses de vida, os portadores do Skp2 inativo não desenvolveram tumores, ao contrário dos demais.
Especialistas alertam que resultados são iniciais
Um medicamento com base nesse processo já está sendo desenvolvido por uma companhia farmacêutica, e se encontra na primeira fase de testes clínicos em seres humanos. Essa etapa abrange um pequeno grupo de voluntários e busca avaliar os principais efeitos colaterais e definir a dosagem segura. Embora promissora, a notícia não significa um avanço imediato contra o câncer. Pesquisadores ouvidos por ZH alertam que muitos resultados registrados em ratos durante as fases de testes de laboratório não se reproduzem da mesma maneira quando aplicados em humanos. E mesmo que o processo se repita com humanos, ainda serão necessários muitos anos de testes para que essa esperança se torne um recurso em tratamentos clínicos:
– O conceito geral é que depois dos primeiros resultados em ratos, qualquer tratamento precisa passar por testes em humanos, e eles demoram anos. Se essa técnica realmente funcionar, a perspectiva de que isso ajude os pacientes ainda está distante – adverte Carlos Barrios, professor de oncologia na PUCRS e na UFRGS
O próprio caminho usado pela pesquisa americana é um dentre vários que estão sendo estudados hoje.
– Já se tentou o processo de senescência para os casos de melanoma maligno, por exemplo, bloqueando não esse gene, mas outro. Os resultados nos ratos foram promissores, mas quando foi para a prática clínica, o resultado não foi tão bom – comenta José Luiz Guimarães, chefe do programa de residência médica em Oncologia no Hospital Conceição.
A descoberta
- A equipe de pesquisadores relata na revista Nature que bloqueou a ação de um gene chamado Skp2 em ratos que haviam sido geneticamente modificados para ter maior propensão de desenvolver câncer de próstata.
- Os ratos que tiveram o Skp2 bloqueado não só não desenvolveram tumores depois de seis meses de idade como registraram envelhecimento das células cancerígenas, no processo conhecido como senescência.
- A descoberta é significativa porque, ao contrário das células sadias do corpo humano, que têm um número específico de divisões programadas desde a origem, as células cancerígenas não envelhecem e continuam a se dividir indefinidamente – e por isso se disseminam pelo corpo.
- A técnica agora precisará ser experimentada em humanos. Um medicamento já está em fase de testes em humanos, mas ainda levará anos para ter sua eficácia comprovada no tratamento com pacientes até ser posto no mercado.
Zero Hora
Marcadores: saúde
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