HÁ! HÁ HÁ, RI, DE QUE? - 12-4-10
A Maria não se aguentou e contou à Miquelina:
- Viram o teu marido a entrar num motel.
A Miquelina abriu a boca e arregalou os olhos. Ficou assim, uma estátua de espanto, durante um minuto, um minuto e meio. Depois pediu detalhes.
- Quando? Onde? Com quem?
- Ontem. No Discretissimu's.
- Com quem? Com quem?
- Isso eu não sei.
- Mas como? Era alta? Magra? Loira? Puxava de uma perna?
- Não sei, Miquelina.
- O Carlos Alberto va pagá-las. Ah, vai, vai!
Quando o Carlos Alberto chegou em casa a Miquelina anunciou que iria deixá-lo. E contou porquê.
- Mas que história é essa, Miquelina? Tu sabes quem era a mulher que estava comigo no motel. Eras tu.
- Pois é. Maldita hora em que eu aceitei ir ao Discretissimu's! Toda a cidade ficou a saber. Ainda bem que não me identificaram.
- E então?
- Então tenho que te deixar. Não vês? É o que todas as minhas amigas esperam que eu faça. Não sou mulher de ser enganada pelo marido e não reagir.
- Mas tu não foste enganada. Tu é que estavas comigo!
- Mas elas não sabem disso!
- Eu não acredito, Miquelina. Tu vais acabar com o nosso casamento por isso? Por uma convenção?
- Vou.
Mais tarde, quando a Miquelina estava a sair de casa, com as malas, o Carlos Alberto interceptou-a. Estava sombrio.
- Acabo de receber um telefonema - disse. - Era o Dico.
- O que é que ele queria?
- Fez mil rodeios, mas acabou por me contar. Disse que, como meu amigo, tinha que me contar.
- O quê?
- Tu foste vista a sair do motel Discretissimu's ontem, com um homem.
- O homem eras tu.
- Eu sei, mas eu não fui identificado.
- E não disseste que eras tu?
- O quê? Para os meus amigos ficarem a saber que eu vou com a minha própria mulher ao motel?
- E então?
- Desculpe, Miquelina, mas...
- O quê?
- Vou ter que te dar um tiro...
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