QUEM É VOCÊ, SÃO PAULO ?
É uma luz, acima de tudo.
Um monstro, meio gente, meio concreto
Com um lampejo de verde
Que insiste em crescer.
Quem é você?
É a garoa perdida nas tempestades
Que insistem em encher
As casas, as ruas e a dor
Daqueles que, entretanto,
também insistem em ficar (até a próxima chuva).
Você, São Paulo, é aquela nuvem cinza encrostada numa cidade,
Sequela poluída de um crescimento que já foi o seu maior orgulho
E que hoje tosse, tem bronquite, faringite e sinusite
E se dá ao luxo de, mesmo assim
Não ter tique-tiques nervosos...
Quem é você, São Paulo?
É paixão recolhida, reprimida na falta de quintais, jardins e parques
Na falta de céu prá pipa subir,
Na falta de terra pras bolinhas de gude rolarem,
Na falta de espaço prô futebol jogar.
É você, São Paulo, que das crianças se separou... e
Para elas terá que voltar.
São Paulo , foi você quem criou os portões, as grades dos prédios,
Os alarmes seguros prá tentar espantar os ladrões e suas caçadas,
A marca maior de acidentes de trânsito,
Você virou páginas e páginas de estatísticas não privilegiadas.
São Paulo, quem é você?
É criança, jovem, adulto e idoso.
Para estes, um inferno.
Uma luta inglória nesta cidade que só quer correr.
É um misto de raças.
Uma cor incolor de tonalidades
Um coração cheio de responsabilidades.
São Paulo, você virou um sonho perdido.
Deixou de ser o paraíso do nortista,
A fatura certa da prostituta, a grana farta do vendedor.
Você virou competição mesmo.
Aglutinou os espaços,
Zoneou o azul, codificou a terra,
computadorizou o rumo,
"metroenfiou" o povo por baixo de tudo quanto foi área,
Só para sobreviver um pouco mais...
São Paulo, você é vida?
Que se preze. Deu cabeça e idéias pros mais variados gostos.
Do motel transcendental ao novo bar da Faria
Da caipirinha ao bauru,
São Paulo virou serviço de atendimento especial cinco estrelas,
Que tem tudo.
Tudo tem, vinte e quatro horas ou mais por dia.
E então, São Paulo, quem é você, afinal?
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Sou gente
Sou templo de todas as religiões
Sou o ponto de encontro dos amigos, da família
Sou pele, ritmo alucinado, da balada, do rock e do samba.
Sou tema de música, sou avenida
Sou pujante, sou, enfim,
O seu sonho, a sua marca.
A dose certa De quem me ama!
LÍVIO GIOSA
Autor do livro: "Olhos da Vida - contos e poesias" - Editora Pensieri
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