UM ACERVO A CAMINHO DA DESTRUIÇÃO
Biblioteca de Cecília Meireles no Rio guarda cerca de 10 mil volumes, inclusive inéditos, dos quais 30% devem ser restaurados e higienizados.
As janelas e as portas da casa de Cecília Meireles, localizada na Rua Smith Vasconcellos, no Cosme Velho, ficaram abertas por quase 20 anos. Essa é a constatação do laudo técnico do restaurador Jucemir Guerra, de abril do ano passado. Segundo Guerra, o estado de preservação do acervo é "péssimo" - há insetos e fungos -, por causa do abandono da casa desde os anos 1980. A umidade e a poeira acumulada agravam a situação. De acordo com Guerra, a temperatura média da região (bastante arborizada) é de 25°C e a umidade relativa do ar, cerca de 50%, condições propícias para a reprodução de organismos nocivos. A intensa poluição atmosférica colabora com os produtos químicos, que deterioram ainda mais os papéis.
Caso não sejam realizadas a limpeza do acervo e a reforma do imóvel, os materiais inéditos de Cecília Meireles correm risco de ser destruídos, diz Guerra. Os cerca de 10 mil volumes reunidos nos 20 anos em que Cecília Meireles morou no Cosme Velho também estão ameaçados. "30% do acervo teria de passar por uma restauração, mas mesmo assim pode ser feita a preservação para que sejam analisados os procedimentos mais adequados", diz o restaurador. "O método mais adequado de preservar o acervo é fazer a higienização", ele completa.
Jucemir Guerra explica que a limpeza deve ser feita nas estantes, nas obras, nos manuscritos e nos documentos com aspirador de pó. Um cômodo serviria como base, onde uma equipe de técnicos fará a higienização folha a folha. Limpos, os materiais devem ser armazenados em ambiente climatizado. Doze técnicos demorariam aproximadamente oito meses no trabalho de conservação, cujo orçamento Jucemir Guerra não revelou. Enquanto isso, ele desaconselha a manipulação aleatória do acervo.
Alexandre Carlos Teixeira cuida, em regime de comodato, do imóvel do primo Ricardo Strang, que o arrematou num leilão há três anos. Ele iniciou as reformas, mas não tem prazo para concluí-las. "Depois de reformar, pretendo solicitar dois estagiários para fazer a higienização do acervo", afirma Teixeira. No pavimento térreo do sobrado, ele mantém a sua agência literária.
A quantidade de volumes, entre os quais vários periódicos, e a falta de organização deles impedem que Teixeira saiba na ponta da língua quais produções de Cecília Meireles são ou não inéditas. Entre o material, segundo ele nunca editado, estão peças de teatro. Para saber se as peças são completas é preciso que um pesquisador se debruce sobre todo o material datilografado. Especialistas como Leodegário A. de Azevedo Filho e Antonio Carlos Secchin dizem nunca ter tido conhecimento sobre a edição dessas peças.
A crítica teatral do Jornal do Commercio Ida Vicenzia lança no próximo mês A Dama da Lua (Garamond), depois de ter feito reportagens sobre o assunto, que ela classifica de "o mistério carioca" . Ela dedica um capítulo a O Jardim e O Ás de Ouro, no qual publica trechos das duas. "Nunca saiu nenhuma peça publicada da Cecília", ela diz. Em função das brigas familiares, a deterioração do acervo e da casa não pôde ser impedida. Agora resta saber se, além das pesquisas, será limitado o futuro das obras, inclusive as inéditas, de Cecília Meireles.
As janelas e as portas da casa de Cecília Meireles, localizada na Rua Smith Vasconcellos, no Cosme Velho, ficaram abertas por quase 20 anos. Essa é a constatação do laudo técnico do restaurador Jucemir Guerra, de abril do ano passado. Segundo Guerra, o estado de preservação do acervo é "péssimo" - há insetos e fungos -, por causa do abandono da casa desde os anos 1980. A umidade e a poeira acumulada agravam a situação. De acordo com Guerra, a temperatura média da região (bastante arborizada) é de 25°C e a umidade relativa do ar, cerca de 50%, condições propícias para a reprodução de organismos nocivos. A intensa poluição atmosférica colabora com os produtos químicos, que deterioram ainda mais os papéis.
Caso não sejam realizadas a limpeza do acervo e a reforma do imóvel, os materiais inéditos de Cecília Meireles correm risco de ser destruídos, diz Guerra. Os cerca de 10 mil volumes reunidos nos 20 anos em que Cecília Meireles morou no Cosme Velho também estão ameaçados. "30% do acervo teria de passar por uma restauração, mas mesmo assim pode ser feita a preservação para que sejam analisados os procedimentos mais adequados", diz o restaurador. "O método mais adequado de preservar o acervo é fazer a higienização", ele completa.
Jucemir Guerra explica que a limpeza deve ser feita nas estantes, nas obras, nos manuscritos e nos documentos com aspirador de pó. Um cômodo serviria como base, onde uma equipe de técnicos fará a higienização folha a folha. Limpos, os materiais devem ser armazenados em ambiente climatizado. Doze técnicos demorariam aproximadamente oito meses no trabalho de conservação, cujo orçamento Jucemir Guerra não revelou. Enquanto isso, ele desaconselha a manipulação aleatória do acervo.
Alexandre Carlos Teixeira cuida, em regime de comodato, do imóvel do primo Ricardo Strang, que o arrematou num leilão há três anos. Ele iniciou as reformas, mas não tem prazo para concluí-las. "Depois de reformar, pretendo solicitar dois estagiários para fazer a higienização do acervo", afirma Teixeira. No pavimento térreo do sobrado, ele mantém a sua agência literária.
A quantidade de volumes, entre os quais vários periódicos, e a falta de organização deles impedem que Teixeira saiba na ponta da língua quais produções de Cecília Meireles são ou não inéditas. Entre o material, segundo ele nunca editado, estão peças de teatro. Para saber se as peças são completas é preciso que um pesquisador se debruce sobre todo o material datilografado. Especialistas como Leodegário A. de Azevedo Filho e Antonio Carlos Secchin dizem nunca ter tido conhecimento sobre a edição dessas peças.
A crítica teatral do Jornal do Commercio Ida Vicenzia lança no próximo mês A Dama da Lua (Garamond), depois de ter feito reportagens sobre o assunto, que ela classifica de "o mistério carioca" . Ela dedica um capítulo a O Jardim e O Ás de Ouro, no qual publica trechos das duas. "Nunca saiu nenhuma peça publicada da Cecília", ela diz. Em função das brigas familiares, a deterioração do acervo e da casa não pôde ser impedida. Agora resta saber se, além das pesquisas, será limitado o futuro das obras, inclusive as inéditas, de Cecília Meireles.
Francisco Quinteiro Pires
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