ÀS VÉSPERAS DE SEUS 80 ANOS, PRIMEIRA CASA MODERNISTA DO BRASIL ESTÁ FECHADA
A casa no número 325 da rua Santa Cruz, na Vila Mariana (zona sul), deveria estar sendo preparada para uma festa. Antiga residência do arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik -que projetou clubes como A Hebraica, Tietê e Pinheiros- foi a primeira casa modernista do país e completa, em julho, 80 anos. Vizinhos que brigaram pelo seu tombamento, porém, dizem que não há motivo para comemorar.A área de 12.800 m2, cercada por muros altos e com seguranças no portão, é aberta ao público, mas quase não recebe visitantes. Do lado de dentro, o jardim tem mato alto e troncos caídos pelo chão. Alguns têm marcas que evidenciam o corte recente; outros já apodreceram. No local onde se lê "bambuzal", as varas estão deitadas.
A sede, parcialmente recuperada em 2006 com uma obra que custou R$ 1 milhão à Secretaria de Estado da Cultura, nunca foi aberta. Nos tapumes que cercam a construção há um recorte, do tamanho de um caderno, onde se lê "vista da casa modernista". Quem se aproxima vê os fundos da casa e, com esforço, reconhece a piscina -encoberta por folhas secas.
O casal Dagmar Zibas, 71, e Francisco Zibas, 73, fala com tristeza do abandono. Em 1983, eles reuniram vizinhos, fizeram manifestos e evitaram a derrubada da casa para a construção de prédios. No ano seguinte, o Condephaat (órgão estadual de defesa do patrimônio) tombou o imóvel, mas nunca o recuperou."Se alguém jogar um cigarro aqui, pega fogo em tudo por causa deste mato seco", diz Francisco. "A gente não consegue nem ver como está lá dentro", reclama Dagmar.
O Estado transferiu o patrimônio para o município. Segundo a Secretaria Municipal da Cultura, a transferência foi "concluída" no mês passado. A assessoria informou que há projetos para transformar o local em espaço expositivo, mas sem prazo.
A moderna octogenária não está pronta para visitas.
CINTHIA RODRIGUES
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Comentário do Silvio:
Quando o Collor assumiu a presidência, os funcionários que tomavam conta da casa, que sabe-se lá porque eram funcionários federais, foram sumariamente demitidos, com a justificativa de que eram “marajás” e a mesma ficou ao Deus dará por uns dois anos.
Foi invadida, depredada, metais sanitários, louças sanitárias e esquadrias metálicas foram roubadas, o local se transformou em ponto de reunião de drogados. Atualmente da casa só restam as paredes, se é que ainda estão lá, os tijolos talvez já tenham sido também roubados!
Por essa época fundei a Entrelivros no Nº 1056 da Rua Santa Cruz e acompanhei do lado de cá do muro o desmonte daquele patrimônio cultural.
A Casa Modernista é o retrato do tratamento concedido à cultura e à memória dos bens culturais, pelos governos atuais e anteriores!
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