ATUALIDADES - 7-04-09
O governo de São Paulo vai desapropriar 136 imóveis em Moema e na Vila Mariana, bairros nobres da capital paulista em que predominam áreas residenciais, para a construção do prolongamento da linha 5-lilás do Metrô. As obras devem ser iniciadas no segundo semestre.
Ontem, o "Diário Oficial" do Estado trouxe decreto do governador José Serra (PSDB) que torna de utilidade pública as 29 áreas, com um total de cerca de 70 mil metros quadrados --equivalente a cerca de metade do parque Ibirapuera.
O decreto inclui 136 imóveis, necessários para a implantação de quatro estações --Ibirapuera, Moema, Servidor e Vila Clementino-- e a ampliação para integração em outras duas --Santa Cruz e Chácara Klabin-- e poços de ventilação.
Os processos de desapropriação estão sendo finalizados e devem ser encaminhados à Justiça na próxima semana.
Pelas previsões da companhia, essas áreas começarão a ser desocupadas a partir do segundo semestre deste ano. Um mapa detalhando os limites da área será colocado no site da empresa na próxima semana.
O decreto, sem discriminar exatamente qual tipo de uso será dado aos imóveis desapropriados, afirma somente que parte deles serão incorporados em definitivo pelo Metrô, enquanto outros serão ocupados temporariamente, até o final das obras da linha lilás.
Segundo o Metrô, está sendo realizada uma pesquisa socioeconômica para "subsidiar ações da empresa no sentido de mitigar o impacto das desapropriações". Em Santo Amaro, a empresa teve, neste ano, de alterar a relação de imóveis desapropriados após manifestações de comerciantes, que temiam perder seus negócios.
Os terrenos estão localizados em áreas contíguas ao eixo entre a alameda Iraúna e a rua Dionísio da Costa, por onde passará a nova linha. Fazem parte das áreas desapropriadas terrenos ao longo de vias como Ibirapuera, Indianópolis, Borges Lagoa, Cotovia, dos Eucaliptos e Jamaris, em Moema.
Do outro lado da avenida 23 de Maio, na Vila Mariana, estão relacionados imóveis em ruas como Desembargador Aragão, Carolina Ribeiro e avenida Prefeito Fábio Prado.
Hoje, a linha lilás tem cerca de 8,4 km ligando o Capão Redondo e o Largo 13 de Maio, em Santo Amaro (zona sul). O projeto do governo é que, com a ampliação, a linha chegue a 20 km, se conectando com a linha 2-verde na estação Chácara Klabin, com um movimento diário de 600 mil passageiros.
A obra será realizada em duas etapas, ao custo total de R$ 5 bilhões, incluindo túneis, estações, trens, e equipamentos e outras estruturas. A publicação do decreto com a lista de desapropriações surpreendeu a presidente da Associação de Moradores e Amigos de Moema, Lygia Horta.
"Nunca fomos consultados nem procurados. Acho que nem os moradores estão sabendo", disse Lygia.
A pedido da Folha, uma moradora da região buscou ontem à tarde dados sobre os imóveis atingidos no serviço telefônico (0/xx/11-3815-3397) criado pelo Metrô para informar sobre os impactos da obra. O atendente disse que só em uma semana a lista estará disponível.
Por um levantamento prévio do Metrô, excluídos os de ontem, 38% de todos os imóveis até então desapropriados para a linha lilás têm uso residencial. No total, são agora cerca de 400 imóveis no trajeto.
Saiba quais as áreas onde ocorrerão desapropriações para o Metrô:
-Al. dos Arapanés
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
Quando a Lei Cidade Limpa chegou ao bairro da Liberdade, no centro de São Paulo, em janeiro de 2007, os luminosos e os letreiros bilíngues do tradicional reduto de orientais na capital paulista foram reduzidos a discretas placas entre 1,5 e 4 metros quadrados. Os comerciantes da região não gostaram do resultado e decidiram organizar um projeto de revitalização do espaço. O projeto da iniciativa privada foi aprovado e alardeado pela Prefeitura de São Paulo como "a resposta para os problemas da Liberdade", depois que a retirada das placas provocou polêmica e fortes protestos do comércio do bairro, que queria manter a região parecida com as capitais japonesas ou os bairros Chinatown ao redor do mundo.
"Tiraram tudo e ficou horrível. Perdeu-se a cara da Liberdade, que transformava o bairro em ponto turístico. É uma vergonha", reclama Yukiko Tahara, dona da banca de jornal que fica na Praça da Liberdade. A revitalização começou no ano passado e até agora já reformou a Praça da Liberdade, a rua Tomás Gonzaga e a rua Galvão Bueno, também chamado de "O Caminho do Imperador". Os trabalhos incluíram a limpeza das fachadas dos edifícios, a troca das calçadas e a substituição por modelos mais modernos dos postes de luz inspirados nas lanternas suzuranto. As obras foram patrocinados pelo banco Bradesco, cuja agência no local ganhou uma fachada oriental. As demais etapas ainda dependem de captação de recursos por meio da iniciativa privada. Segundo acordo inédito com a prefeitura, quem bancar o projeto, que no total está orçado em R$ 55 milhões, ganhará o direito de explorar a publicidade no local dentro das regras da Lei Cidade Limpa.
O gerente da Associação Cultural Assistencial da Liberdade, Luís Sato, por sua vez, diz que o projeto está de acordo com o que os comerciantes da região desejam para o bairro. "Queremos um bairro temático", explica. Segundo ele, o projeto foi feito por um arquiteto que entende a arte oriental e que está trabalhando junto com a comunidade.
A reportagem do UOL Notícias ouviu de comerciantes e moradores da região queixas de que a maioria das lojas, além de não mais todos aqueles painéis coloridos que compunham o visual do bairro, sequer têm nome aparente ou ideogramas, que chegaram a ser adotados até pela rede mundial de fast food Mc Donald's em sua loja na Liberdade.
A lojista Tatiana Fujita, da Livraria Sol, diz que, depois da mudança na Praça da Liberdade, onde fica seu estabelecimento, as pessoas só identificam a loja quando olham para o tapete, que traz o nome do estabelecimento. O gerente da mercearia Towa, Inaldo Guilherme, também acha que o que mais incomoda no novo visual é a falta de identificação nas fachadas das lojas e a falta de letreiros, que davam "outra cara ao bairro".
Fabiana Uchinaka
Marcadores: notícia
1 Comentários:
Às 7:41 PM , Clara Obelenis disse...
Caro Silvio Neves.
A notícia das desapropriações na região da Mauricio Klabin e Santa Cruz estão sendo dificilmente digeridas pela população local, tanto os citados nas desapropriações quanto aos moradores do entorno que permanecerão (meu caso.
Montamos uma pequena comissão, e um blog onde levantamos algumas questões, que eu gostaria de compartilhar com você.
Peço que visite: http://comitemauricioklabin.wordpress.com/relatorio-elaborado-por-moradores-da-regiao-analisando-o-tracado-das-desapropriacoes-e-sugerindo-uma-solucao-alternativa/
Aguardo seu retorno, grata.
Clara
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