ENTRESSEIO

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09 junho, 2009

ATUALIDADES - 9-6-09

Pão de Açúcar compra rede Ponto Frio
RIO - O grupo Pão de Açúcar anunciou segunda-feira a aquisição da rede Ponto Frio, a segunda varejista de eletroeletrônicos do país, em um movimento que devolve ao grupo controlado pelo empresário Abílio Diniz a liderança do setor no Brasil, hoje da rede francesa Carrefour. Anunciada segunda-feira por R$ 824,5 milhões, a operação pode alcançar R$ 1,165 bilhão, caso os acionistas minoritários da rede aceitem vender as ações.
Um comunicado encaminhado segunda-feira à Comissão de Valores Mobiliários (CVM, a autoridade regulatória do mercado brasileiro de capitais), o Pão de Açúcar vai pagar R$ 9,4813 por cada uma das 86.962.965 ações, que representam 70,2% do capital social total e votante do Ponto Frio. Além disso, o Pão de Açúcar fará oferta aos minoritários da Globex (que controla o Ponto Frio) pelo preço de R$ 7,585 por ação, correspondente a 80% do valor a ser pago aos controladores.
Além de recuperar a liderança do setor varejista nacional, a compra da rede Ponto Frio também assegura ao Pão de Açúcar, de acordo com especialistas do setor, uma fatia significativa no varejo de eletroeletrônicos do país. Esses mesmos especialistas também identificam na operação condições de preparar a rede de Abilio Diniz para uma expansão no mercado sul-americano.
O pagamento do montante inicial será realizado da seguinte forma: R$ 373.436.536 à vista (equivalente de 45,3%) e R$ 451.085.424 (equivalente a 54,7%) a prazo. Para tornar a operação viável, o Pão de Açúcar vai fazer um aumento de capital de R$ 664,3 milhões.
De acordo com nota oficial do grupo, o objetivo do Pão de Açúcar é “fortalecer e ampliar de forma significativa a sua atuação no segmento de eletroeletrônicos e assumir a liderança do varejo brasileiro”, ao passar a ter R$ 26 bilhões de faturamento anual e mais de 1.200 lojas e 79 mil funcionários. O Ponto Frio atualmente opera em 10 estados e no Distrito Federal, por meio de uma rede de 455 lojas com faturamento bruto anual de R$ 4,8 bilhões. A intenção, segundo o próprio Abílio Diniz, é só demitir funcionários do chamado “alto escalão”.
A compra do Ponto Frio vai assegurar ao Pão de Açúcar a condição de um dos principais varejistas na área de eletroeletrônicos do país, com presença em 18 Estados e no Distrito Federal. A grande vantagem, de acordo com consultores do setor, é que o grupo passa a operar em estados nos quais não estava presente, como Espírito Santo, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Histórico
Fundado em 1940, o Pão de Açúcar abriu o capital em 1995, quando passou a ter ações negociadas em Bolsa. Em 2003, associou-se à rede Sendas, líder no Rio de Janeiro. Desde então, as duas mantêm uma relação nem sempre marcada pela cordialidade, de acordo com especialistas do setor.
Em 2005, foi criada uma nova holding e o controle do Pão de Açúcar passou a ser dividido igualmente entre Abílio Diniz e o grupo francês Casino. A associação, vista inicialmente pelo mercado como um primeiro passo para a desnacionalização da rede, assegurou ao grupo o fôlego necessário para buscar novas aquisições.
Ao anunciar segunda-feira a operação, o empresário Abilio Diniz confirmou o objetivo por trás da compra do Ponto Frio: o domínio do varejo de eletrodomésticos, considerado há cinco anos como prioritário para o grupo. A operação representa passo decisivo para consolidar a estratégia.
A partir da aquisição do Ponto Frio, os eletrodomésticos vão responder por 26% das vendas totais do grupo – antes era 10%. Já os alimentos, que tinham 76%, agora respondem por 62% do faturamento.
Segunda-feira, Abílio Diniz admitiu que o domínio das vendas desses produtos é fundamental para o crescimento e a manutenção do setor, uma vez que os produtos alimentícios – desde sempre especialidade do grupo – exercem menor atração sobre os consumidores.
– É muito importante dominar os não-alimentos porque é atual, é moderno, é o que desperta o interesse dos consumidores – justificou.
Cerca de 85% de todos os eletrodomésticos do país são vendidos nessas lojas, e o restante em hipermercados ou em sites na internet. Além disso, é um ramo concentrado: as 10 maiores redes respondem por 40% das vendas.
Ricardo Rego Monteiro
JB Online

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