CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 4-3-10
Importante templo asteca descoberto debaixo de estacionamento no México
MÉXICO — Um templo dedicado a Ehecatl (Deus do vento), parte da área sagrada da cidade asteca de Tenochtitlan e onde podem ter sido feitos sacrifícios humanos, foi encontrado debaixo de um estacionamento no centro histórico da capital mexicana.
Arqueólogos mexicanos fizeram a descoberta em dezembro passado na extinta cidade pré-hispânica, quando examinavam um prédio que até semanas atrás era o estacionamento de um hotel e onde os proprietários queriam fazer obras de ampliação.
"É uma das descobertas mais importantes dos últimos anos", disse à AFP Raúl Barrera, diretor do Programa de Arqueologia Urbana do Museu do Templo Maior (centro religioso de Tenochtitlán) e chefe das escavações.
Atrás de um antigo portão de madeira verde, em uma movimentada rua da capital mexicana, um trator trabalhava abrindo um buraco no qual uma dezena de especialistas deixaram descoberta a parte traseira da estrutura circular, construída entre 1486 e 1512.
Semanas antes da descoberta, apenas um seleto grupo de pessoas teve acesso aos restos já descobertos de dois pilares superiores do templo, um deles quase intacto, assim como a base circular no centro da pirâmide, sobre a qual originalmente se erguia uma estrutura em forma cilíndrica.
De acordo com as referências históricas, este templo construído para adorar Ehecatl tinha 14 metros de diâmetro, um teto cônico de palha e uma entrada em forma de boca de serpente, relacionada ao deus Quetzalcoatl ('serpente emplumada', na língua nahuatl).
No entanto, a parte frontal do templo não poderá voltar à superfície porque se encontra enterrada sob um prédio colonial contíguo que atualmente sedia o centro cultural Espanha, considerado patrimônio histórico.
"A forma circular se relaciona com o redemoinho e, na cosmovisão, é uma alegoria, mas sua forma arredondada permite que o vento circule", acrescentou Barrera.
"As fontes históricas mencionam que neste edifício eram realizados sacrifícios humanos", mas ainda não foram encontradas ossadas com marcas desta prática ou alguma representação em pintura que o confirme, afirmou Barrera ao visitar os trabalhos arqueológicos.
No número 16 da rua da Guatemala, onde foi feita a nova descoberta, se misturam pedras da construção do templo asteca, vestígios de um edifício colonial erguido no século XVI, que veio abaixo no grande terremoto de 1985, e materiais da construção que abrigou o estacionamento.
"Os restos do jogo de bola (mesoamericano) também estão sepultados na rua da Guatemala, muito perto daqui, e ao norte estariam os restos do edifício que foi o Calmecac", a escola dos nobres astecas, explicou.
O templo de Ehecatl, relacionado com Tlaloc (Deus da chuva) e a agricultura, bem como o jogo de bola, vinculado à guerra, eram lugares sagrados para os astecas, que fundamentavam sua cultura nestas duas atividades.
O cenário neste pequeno prédio é uma amostra do que acontece em cerca de 250.000 metros quadrados do centro histórico da capital mexicana, onde convivem diferentes épocas da História, uma sobre a outra, com uma dezena de edificações subterrâneas que formavam o centro sagrado de Tenochtitlan.
Leticia Pineda AFP
Joinville-SC - Preservação à espera de uma aprovação
A história de Joinville pode ser descrita não só pelos livros, mas também por suas edificações. As casas em enxaimel representam a vontade dos imigrantes de tornar a aparência da cidade mais próxima com a de sua terra natal e as construções de arquitetura requintada, o desejo de mostrar o desenvolvimento econômico da cidade industrial. Cada tijolo erguido é uma história que se faz presente e a sua preservação é garantida por lei.
O único sobrado em enxaimel de Joinville, fica na rua Araranguá, no América, e já foi reconhecido pelo Estado como patrimônio histórico. Mas o que deveria facilitar a preservação, acaba dificultando os donos do imóvel de manterem a construção de pé. Com o telhado prestes a cair, a casa espera reformas desde 2001.
O proprietário Victor Cavinatto apresentou ao Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) três projetos que preveem a restauração do patrimônio. Em 2007 e 2008, o proponente garantiu o direito de captação total de R$ 116.084, 92. Foram destinados para a reforma da estrutura e da cobertura do imóvel R$ 54.616, 74, enquanto a parte das esquadrilhas, piso e sanitários receberam R$ 61.468,18. Entretanto, nem a primeira etapa foi iniciada, apesar de a captação já ter sido realizada.
A reforma total custaria em torno de R$ 180 mil, mas como o Simdec não costuma disponibilizar valores tão altos, a restauração foi dividida em três etapas. No ano passado, Cavinatto apresentou o projeto para a última etapa, mas não teve aprovação da Fundação Cultural de Joinville (FCJ) por não ter concluído as etapas anteriores.
Por ser tombada pelo Estado, apesar da ajuda financeira do município, o projeto de restauro esbarra no procedimento da Fundação Catarinense de Cultura (FCC). “Temos o dinheiro e o interesse, mas as exigências da FCC dificultam o início da reforma. O Estado não respondeu no mesmo tom que o município”, avalia Cavinatto.
O gerente de pesquisa e tombamento da FCC, Halley Filipouski, explica que o processo de aprovação do projeto de restauração do imóvel tombado exige que o proprietário apresente um detalhamento do que será executado durante a obra, incluindo um diagnóstico abrangendo a situação atual da casa, um mapeamento dos danos e a descrição de como serão feitos os reparos.
Segundo Halley, nas três vezes em que o projeto foi enviado à FCC faltavam alguns dos itens necessários. O último pedido de aprovação para a realização do restauro foi feita em novembro de 2009. “Se liberarmos a restauração desta forma, corremos o risco de que sejam feitas intervenções que acabem descaracterizando o imóvel e fazendo com que ele perca a razão do tombamento”, esclarece.
RAFAELA MAZZARO
A NOTÍCIA
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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