ATUALIDADES - 14-6-10

Brasil dispara na lista dos maiores juros do mundo

Alta de 0,75 ponto mantém País no posto de maior juro real entre as principais economias, com o dobro da 2ª colocada.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi unânime ao elevar a taxa de juros da economia a 10,25% ao ano. Com a decisão, o Brasil disparou na lista dos países com os maiores juros reais entre as principais economias, com 5,03%, bastante à frente da China, segunda colocada, com 2,51%. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pela Gradual Investimentos.

Segundo André Perfeito, economista da Gradual, embora os juros no Brasil estejam historicamente baixos, ainda são muito altos quando comparados com as demais economias. Ele explica, no entanto, que o cálculo levou em conta a taxa de juros nos países e a inflação acumulada nos últimos 12 meses. “O ideal seria considerar a expectativa de inflação para os próximos 12 meses, porém, em muitos casos, esses dados sequer são divulgados.”

Perfeito destaca, ainda, que em algumas economias, não há o regime de meta de inflação e o controle dos preços é feito, por exemplo, via agregado monetário. “A economia brasileira tem algumas particularidades que até pedem esta taxa de juros alta”, diz.

Século retrasado

O economista aponta que há uma “trava institucional” para que os juros caiam mais no Brasil. “O piso é a poupança, que paga 0,5% mais TR (taxa de referência), que dá algo em torno de 8% ao ano. Se a Selic cai abaixo disso, os investidores vão começar a colocar dinheiro na poupança e deixar de financiar a dívida pública.”

Perfeito lembra que a poupança brasileira está “amarrada” a regras muito antigas. A poupança foi criada por um decreto em 12 de janeiro de 1861, por Dom Pedro II, na Caixa Econômica da Corte. “Desde então, a regra é a mesma. Há um limite enraizado”, diz.

Embora estejam no topo da lista dos maiores do mundo, os juros no Brasil não devem cair nos próximos meses. “Diante dos sinais que, embora em ritmo menos intenso, a economia permanece muito aquecida – o que pode ser constatado pelo desempenho vigoroso do mercado de trabalho – é de se esperar novos ajustes na taxa Selic nas próximas reuniões do Copom”, pontuou Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, em relatório.

“Isto também é reforçado pelo comportamento da inflação, que apesar de estar em desaceleração com a perda de fôlego da alta dos alimentos, ainda exibe núcleos em patamares acima dos desejáveis e incompatíveis com a trajetória das metas”, finalizou.

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