ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

08 outubro, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 8-10-10

Paraitinga ainda busca se reerguer após enchente de janeiro
Antes das eleições, G1 volta a cidades atingidas pelas chuvas.
No Vale do Paraíba, moradores foram resgatados de bote.
O G1 volta a cidades atingidas nos últimos meses por chuvas e enchentes. Veja a situação hoje e conheça as propostas dos candidatos.
As esperadas e temidas chuvas de verão chegaram com força total logo no primeiro dia do ano na região do Vale do Paraíba. São Luiz do Paraitinga, distante 182 km da capital paulista, foi uma das cidades mais devastadas pela enchente, que cobriu o telhado das casas, destruiu o coreto da única praça e derrubou as duas principais igrejas: a Matriz e a Capela Nossa Senhora das Mercês.
A tempestade deixou outros rastros pelas ruas da cidade, famosa por seu carnaval de marchinhas e pelo centro histórico tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) em 1982. Lixo, lama, escombros tomaram conta das calçadas. Nas primeiras horas de chuva intermitente, antes que os bombeiros chegassem, os próprios instrutores de rafting de Paraitinga ajudaram a resgatar os moradores presos em suas casas. Muitos esperaram no telhado até que o salvamento viesse de bote.

Em entrevista no dia 6 de janeiro, o pintor Ivan Gonçalves da Silva, de 28 anos, contou que, depois de resgatado, ainda ajudou a salvar mais gente isolada. “Passei de barco por cima da minha casa, enquanto ajudava o pessoal do rafting a resgatar as pessoas”, lembrou.
O nível do Rio Paraitinga, que margeia parte do município de dez mil habitantes, subiu rapidamente. Oitenta gatos e 77 cães morreram durante a enchente na Associação Luizense Protetora dos Animais. No local onde a instituição funciona, a água do rio subiu dez metros acima do normal.
No Fórum, localizado bem perto do Rio Paraitinga, todos os processos ficaram sob a lama. A marca da água na parede do prédio chegou ao segundo andar. Muitos luizenses que tiveram as casas alagadas perderam RG, CPF, título de eleitor, escrituras, certidões de nascimento. Para que retirassem os documentos de forma rápida, na época, o governo montou um posto do Poupatempo no Centro da cidade. Mas, em um primeiro momento, secadores foram usados para “enxugar” os papéis encontrados.
Solidariedade
(Foto: Carolina Iskandarian/ G1)

O drama do município chamou a atenção de todo o país. Uma corrente de solidariedade se formou para arrecadar donativos, como alimentos, roupas, água e produtos de higiene. Caminhões lotados chegavam todos os dias de municípios próximos e abarrotaram o galpão usado como centro de distribuição.
Cerca de cem homens do Exército deram apoio ao trabalho da polícia e da Defesa Civil nos primeiros dias de caos. Inicialmente, foram enviadas aeronaves e embarcações para o resgate de pessoas ilhadas, ainda no dia 1º e no dia 2. Os oficiais também ajudaram a restabelecer os meios de comunicação de emergência para o contato externo da cidade, que ficou isolada.
De acordo com o balanço da Defesa Civil na ocasião, pelo menos 600 casas foram interditadas, deixando 2.400 desalojados e 100 desabrigados. Em janeiro, a presidente Condephaat de São Paulo, Rovena Negreiros, afirmou que ao menos 50% dos 24 imóveis da praça central tombados pelo órgão tinham sofrido dano. Ao todo, 437 construções são tombadas em Paraitinga.
Carolina Iskandarian Do G1 SP


Tecnologia antiga restaura Igreja
O núcleo azulejado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos passa por uma das mais criteriosas restaurações desde sua construção, iniciada nos primórdios do século 18.
Localizada no Largo do Pelourinho, nas imediações da antiga muralha que circundava Salvador, próxima à entrada e saída da cidade, antiga Porta do Carmo, ela é tombada como Patrimônio do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A igreja está sendo restaurada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac). "Alguns desses azulejos retratam cenas relativas à devoção ao Rosário de Lisboa e são originários de 1790", diz o arquiteto-fiscal do Ipac, Cássio Sales.
As peças passaram por processo especial de limpeza, recuperação e produção de faltantes. “Elas são reposicionadas, inclusive, com placas de fibrocimento que evitam a umidade das paredes e torna mais fácil a remoção, quando necessária”.
Segundo um dos restauradores, o especialista em azulejos, Estácio Fernandes, os trabalhos do Ipac, no Rosário dos Pretos, é um dos mais criteriosos dos que já coordenou, exigindo muita técnica e minúcia para a reposição de 200 peças que faltavam.
Para a confecção das peças foi utilizada a mesma técnica de azulejos do século 18, existente em Portugal nesse período histórico. “Inclusive os pigmentos foram importados desse país”, destaca Fernandes.
Na sua avaliação, o trabalho de substituição está perfeito, sendo motivo de orgulho para técnicos e operários que trabalham na obra. “É a primeira vez que se utiliza essa técnica na Bahia. Não conheço ninguém que faça esse tipo de trabalho, a não ser em Portugal”.
Esta é uma das seis grandes restaurações que o Ipac faz no Centro Histórico de Salvador (CHS). Já foram investidos mais de R$ 20 milhões para restaurar a igreja do Boqueirão, Casa das Sete Mortes, Palácio Rio Branco, igrejas do Rosário dos Pretos e Pilar, e o Oratório da Cruz do Pascoal.
Os azulejos revestem todas as paredes internas, incluindo nave, subcoro e capela mor, com temas da vida de São Domingos e da Virgem Maria. Antes da restauração, a equipe executou levantamentos para identificar patologias, perdas de vidrados e biscoitos.
Processos no Fórum ficaram cheios de lama
Enchente causou destruição em Paraitinga no início do ano (Foto: Juliana Cardilli/ Arquivo G1)

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