ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

02 maio, 2007

ATUALIZAÇÃO DA CARTA DE DESCOBRIMENTO

Olá meu amado Rei, aqui quem fala é o Pero Vaz. Está me ouvindo bem? Peguei emprestado o celular de um nativo aqui da nova terra.
Tudo bem, o Capitão Pedro está lhe mandando um abraço. Chegamos na terça, 21 de abril, mas deixei para ligar no Domingo porque a ligação é mais barata.
É aqui tem dessas coisas. Os nativos ficaram espantados com a nossa chegada por mar, não achavam que éramos Deuses, Majestade.
Acharam que eramos loucos de pisar em um mar tão sujo. A ligação está boa? Pois é, essa terra é engraçada. Tem telefonia celular, digital, automóveis importados, acesso gratuito à Internet mas ainda tem gente que morre de malária e está cheia de criança barriguda de tanto verme. É meio complicado explicar. Se já encontramos o chefe? Olha Rei, tá meio complicado. Aqui tem muito cacique para pouco índio. Logo que chegamos a Porto Seguro tinha um cacique lá que dizia que fazia chover, que mandava prender e soltar quem ele quisesse. É, um cacique bravo mesmo... Mais para o Sul encontramos outra tribo, uma aldeia maravilhosa e muito festiva, com lindas nativas quase nuas. Seguindo em direção ao Sul, saímos do litoral e adentramo-nos ao planalto. Lá encontramos uma tribo muito grande. A dos índios Sampa. Conhecemos o seu cacique, que tinha apito mas que não apitava nada, coitado.
Dizem até que ele apanha da mulher. O senhor está rindo, Majestade?
Juro que é verdadeiro o meu relato. Como vossa Majestade pode perceber, é uma terra fácil de se colonizar, pois os nativos não falam a mesma língua. Sim, são pacíficos sim. É só verem um côco no chão para eles começarem a chutá-lo e esquecerem da vida. Sabem, sabem ler, mas não todos. A maioria lê muito mal e acredita em tudo que é escrito. Vai ser moleza, fica frio.Parece que há um "Cacicão Geral", mas ele quase não é visto.
O homem viaja muito. Dizem que se a intenção for evitar encontrá-lo, é só ficar sentado no trono dele. Engraçado mesmo é que a "indiaiada" trabalha a troco de banana!!! Todo mês eles recebem no mínimo 151 bananas.
Não é piada, Majestade!! É sério!! Só vindo aqui prá ver. Olha, preciso desligar. O rapaz que me emprestou o telefone celular precisa fazer uma ligação. Ele é comerciante.
Disse que precisa avisar ao povo que chegou um novo carregamento de farinha. Engraçado... eles ficam tão contentes em trabalhar...
A cada mercadoria que chega, eles sobem o morro e soltam rojões. É uma terra muito rica, Majestade. Acho que desta vez acertamos em cheio. Isso aqui ainda vai ser o país do futuro...
Autor: Paulo D'Angelo, publicitário, reescreveu a Carta de Caminha e ganhou o concurso "Crônica do Ouvinte" promovido pela Rádio Bandeirantes

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