ENTRESSEIO

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13 agosto, 2007

CRIMINOSOS LEVAM 900 PEÇAS DO MUSEU PAULISTA

O museu do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, sofreu um furto de 900 peças de seu acervo de numismática (moedas e notas em dinheiro) no início desta semana. O furto é o maior já ocorrido com peças do museu desde século 20.
As peças foram levadas de um setor fechado, onde o público em geral não tem acesso. Somente pesquisadores e funcionários entram nessas dependências. O último furto no museu ocorreu há cerca de 20 anos, quando criminosos levaram uma peça em exposição.
De acordo com a vice-diretora do museu, a museóloga Heloisa Barbuy, 49, o furto foi percebido na segunda-feira (6), quando um funcionário da limpeza encontrou no banheiro um saco de lixo plástico com embalagens em seu interior.
O funcionário levou o saco até a diretoria, que verificou que entre algumas embalagens restavam algumas nota. Imediatamente, os funcionários da diretoria foram ao local onde as peças eram guardadas e verificaram que haviam muitas outras embalagens vazias --invólucros de acetato rígido que protegia cada uma as notas.
"Imediatamente fomos à polícia fazer boletim de ocorrência e só depois percebemos o montante de 900 peças, maior parte em nota de dinheiro", afirmou Heloisa.
Segundo a vice-diretora, a ocorrência foi feita no 17º Distrito Policial (Ipiranga), que enviou peritos. Heloisa também foi orientada a procurar a Interpol e a Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal. Peritos federais também foram enviados ao museu.
"Percebemos o montante na hora da perícia. Não mexemos mais no local. Ficamos com medo [de mexer no local]. Não estamos acostumados a ser furtados. Nossa área aqui é cultura", disse a vice-diretora do museu.
Segundo Heloisa, ainda não foi possível para o museu estabelecer um valor comercial para as peças furtadas. "O que podemos dizer é que tem, sim, um valor significativo, mas não temos no momento condições de estabelecer. Nossa preocupação é com o valor cultural e histórico", afirmou a museóloga.
A vice-diretora disse que o museu está organizando uma relação completa com as imagens e os valores de cada peça roubada para ser entregue à polícia.
Imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras foram entregues pelo museu para a polícia. Todas as pessoas que tiveram acesso ao local onde as notas foram furtadas aparecem nas imagens.
"Acreditamos que o furto ocorreu no fim de semana porque na sexta-feira [3] estavam todas aqui", afirmou Heloisa.
Três coleções
As peças levadas pertencem a três coleções do acervo de numismática. Uma delas é de notas de brasileiras. Desta coleção foram levadas notas do período de 1830 a 1940. Entre as notas estão as primeiras notas após a independência, do Banco do Brasil e do Tesouro Nacional.
A segunda coleção são notas chamadas de "dinheiro de emergência", emitidos na Alemanha e na Áustria durante as primeira e segunda guerra mundial. "Como havia dificuldade de emissão de dinheiro, de circulação do dinheiro oficial, muitas cidades alemãs e austríacas emitiram seu próprio dinheiro para circulação local. O valor era local", afirmou Heloisa.
A terceira coleção é brasileira, composta por um tipo de dinheiro impresso no Brasil com o sentido semelhante, segundo a museóloga. Eram vales impressos para suprir dificuldades de obtenção de dinheiro.
"Em pequenas cidades do interior do Brasil, no início do século 20, havia dificuldade em obter dinheiro, notas. Então muitos comerciantes imprimiam esses vales, que naquelas localidades valiam como dinheiro", explica Heloisa.
Carolina Farias
Folha Online

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