ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

28 setembro, 2007

CIGARRO TIRA GOSTO

Em abril último, Gisele Bündchen apareceu em público seis quilos mais gorda - ou "menos magra", como queiram - e justificou a "heresia" com a seguinte frase: "quando você pára de fumar ganha peso porque a comida passa a ser mais saborosa do que quando tinha gosto de cinzeiro". Essa afirmação pôs uma pulga atrás do cardápio de quem sempre briga pela área de fumantes em um restaurante: será que os adeptos do cigarrinho não sentem o sabor real da comida?
Embora o organismo de cada um reaja de maneira diferente ao cigarro, é certo que o ar quente tragado no ato de fumar tem mais de 50º C e, por isso mesmo, senão destrói, modifica as papilas gustativas. A língua de quem fuma, a grossíssimo modo, é quase tão anestesiada quanto a de quem a queima com um café fumegante. "Como a fumaça vem em pequena quantidade, as pessoas não sentem queimar", explica a psicóloga Silvia Cury Ismael, coordenadora do Programa Integral de Controle do Fumo do Hospital do Coração de São Paulo. Diariamente, ela convive com as animadas descobertas de sabor dos pacientes que já pararam de fumar ou estão em vias de. "Estou com um grupo de ex-fumantes que reclama que tudo ingerido agora está muito salgado. Não é que a comida antes não era salgada; provavelmente, é a percepção deles para o sal que mudou", conta. Além do gosto não ser o mesmo, o cheiro dos alimentos também muda, já que a fumaça altera a composição dos cílios do nariz, responsáveis pelo olfato.
Ficar dois ou três dias sem colocar o cigarro na boca já pode proporcionar uma experiência gastronômica diferente. A libanesa Xmune Isper, chef de cozinha da
Tenda do Nilo, ficou três meses sem fumar e sentiu na língua e no nariz a diferença. "Comecei a sentir um pouco mais o sabor da comida. O olfato também melhorou e foi nessa época, inclusive, que eu descobri que minha filha fumava escondido. Antes, eu não sentia o cheiro de cigarro nela", diz a chef, que fuma há mais de 30 anos. No restaurante, a rotina de chef fumante não atrapalha só no momento de provar os pratos, mas também por tirá-la da cozinha diversas vezes durante o dia para saciar o vício. Dona de receitas reconhecidamente eleitas entre as melhores do gênero em São Paulo, Xmune acredita que o sabor delas poderia ser ainda mais intenso se o cigarro não estivesse mais presente em sua vida. "Acho que fumar interfere no gosto da comida, sim, e, por isso mesmo, estou tentando parar", afirma a simpática "habiba", que, por enquanto, permanece fiel ao seu único maço diário.
Baforadas passivas
Se ingerir a fumaça própria desagrada o paladar, "degustar" a fumaça alheia faz muita gente perder a elegância. As áreas de fumantes e não-fumantes dos estabelecimentos causam brigas ( Leia sobre a lei que pode obrigar a criação de fumódromos em bares e restaurantes), mas, segundo a coordenadora do Programa de Controle do Fumo do HCor, não prejudicam a saúde. "Os fumantes passivos estão tão sujeitos a doenças respiratórias quanto os ativos, mas como não ingerem a fumaça, mantêm o paladar intacto", diz.
Mais do que os adeptos do cigarro, são os apreciadores de charutos que irritam os fumantes passivos. Com um cheiro forte e com a quantidade de nicotina equivalente a 70 cigarros (sim, 70 cigarros!), os clássicos charutos, assim como qualquer outro tipo de fumo, atrapalham o paladar do mesmo jeito, de acordo com Silvia Cury. Edgar Esch, um dos sócios do bar, restaurante e charutaria carioca
Esch Café, que acaba de inaugurar uma unidade em São Paulo, não sabe dizer se sente de maneira diferente o gosto dos alimentos, mas acredita que o "cigar", se apreciado depois da refeição, é um complemento e não um obstáculo contra o sabor. "O charuto é uma degustação também, é um happy end", defende ele, que implantou em seus estabelecimentos um sistema de última geração para purificar o ar de forma a diminuir a fumaça e não comprometer a saúde (e a paciência) dos não-fumantes.
Parar de fumar engorda
Como bem disse Gisele Bündchen, o cigarro altera o sabor dos alimentos e ajuda, assim, a engordar. No entanto, esse é apenas um dos motivos que levam os que acabaram de deixar o vício a ganhar peso. Segundo Silvia Cury Ismael, a principal causa é mesmo a ansiedade, que leva os recém-ex-fumantes a trocar o cigarro pela comida. Como liberam serotonina, o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer, os doces acabam sendo os preferidos para essa substituição e, por conterem açúcar, jogam o marcador da balança lá para o alto. Outro fator engordativo é que o cigarro acelera os batimentos cardíacos e o funcionamento do organismo e, quando este sente sua falta, acaba queimando menos caloria e acumulando mais massa.
"Mas tudo depende de cada um. Engordar até quatro quilos depois de parar de fumar é normal. Muito mais que isso já é motivo para procurar uma orientação médica", alerta Silvia, que há 15 anos ajuda fumantes a deixar o vício no Hospital do Coração.
Viviane Aguiar

Quer sentir de novo o sabor real da comida?
• Escolha um dia para parar de fumar. Na ocasião, jogue fora todo cigarro que tiver e tenha força de vontade para não comprar mais a partir dessa data.
• Toda vez que tiver vontade de acender um cigarro, tome bastante água.
• Faça exercícios físicos, nem que seja uma caminhada, e, quando bater a vontade, treine uma respiração profunda.
• Ocupe a boca: mastigue cravo, pau de canela ou cristal de gengibre. Além de limpar a garganta, ajuda a não pensar no bendito cigarrinho.
• Procure ajuda especializada. Em todo o país, existem programas de combate ao fumo. Encontre o da sua cidade.

SERVIÇO
Programa de Controle do Fumo
- Hospital do Coração de São Paulo Fone: (11) 3053-6611 - ramal 7600

Programa Nacional de Controle ao Tabagismo

Matéria originalmente publicada em maio de 2007

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