ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

26 setembro, 2008

CULTURA, PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL

Portugal - Monumentos: Nova directora do Palácio Nacional de Queluz quer recuperar e reabrir ao público jardins históricos
Lisboa, 24 Set (Lusa) - A recuperação e reabertura ao público dos jardins do Palácio Nacional de Queluz, um conjunto histórico de 15 hectares de características únicas no país, foi hoje apresentada como a primeira prioridade da nova directora do monumento.
Isabel Cordeiro tomou posse do cargo numa cerimónia oficial com a presença de responsáveis da tutela - do director e subdirectora do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), Manuel Bairrão Oleiro e Clara Camacho - e de algumas dezenas de convidados da área da museologia.
Em declarações à Agência Lusa no final da cerimónia, Isabel Cordeiro salientou que o projecto delineado para o monumento visa "promover a salvaguarda, reabilitação, divulgação e plena fruição do património cultural do conjunto" composto por edifício, colecções e jardins históricos.
Mandado construir em 1747 pelo infante D. Pedro, que viria a ser coroado D. Pedro III, o Palácio Nacional de Queluz foi a residência de Verão favorita da família real até 1794, altura em que passou a residência permanente.
Propriedade do Estado desde 1908, funcionou como Museu de Artes Decorativas - o acervo do palácio é composto por uma valiosa colecção de mobiliário português, tapetes de arraiolos, retratos reais, porcelana chinesa e europeia e ourivesaria - e desde 1957 passou a ser também residência oficial de Chefes de Estado estrangeiros em visita oficial a Portugal.
Dos 15 hectares compostos por jardins, bosquetes e pomares, o público pode por agora visitar apenas o Jardim Pênsil e o Jardim de Malta, junto ao edifício principal, mas a nova directora pretende, de forma faseada, prosseguir o programa de restauro das esculturas e do canal de azulejos dos jardins, com o apoio do World Monuments Fund.
No seu projecto, está também prevista a concretização de um plano director para recuperar caminhos e jardins, de forma a criar novos percursos de visita e ainda a recuperação das fachadas do edifício voltadas para essas áreas.
"Queremos internacionalizar os jardins históricos para os integrar nos grandes circuitos de visita e de intercâmbio de projectos", salientou à Lusa.
Isabel Cordeiro recordou que o Palácio Nacional de Queluz recebeu, nos últimos anos, recursos financeiros do Governo e de fundos comunitários, mas o conjunto necessita de mais investimentos para concretizar este vasto plano de recuperação do seu espaço exterior e de fachadas.
"Prefiro não falar em dificuldades, apesar de saber que elas existem. Tenho um projecto para o futuro que visa o reposicionamento estratégico do Palácio Nacional de Queluz no tecido cultural português e também a nível internacional", declarou, acrescentando que irá apostar muito nas parcerias, sobretudo com o sector do turismo e outras empresas.
"Ofereceremos projectos, serviços, instalações e actividades como contrapartida de apoios financeiros e doações de relevo, e formaremos neste âmbito um Conselho de Doadores, e um grupo de amigos" do Palácio Nacional de Queluz, à semelhança dos que existem já em museus nacionais.
Quanto à programação, além dos concertos de que o palácio tem sido palco, pretende apresentar exposições, espectáculos de dança e teatro, renovar a colaboração com a Escola Portuguesa de Arte Equestre, e estabelecer parcerias com museus estrangeiros, nomeadamente o Victorian & Albert, a Tate Britan e o Musée des Arts Décoratifs.
A nova directora pretende ainda melhorar o acolhimento ao público e disponibilizar mais informação sobre o palácio, nomeadamente com um website próprio, e reeditar roteiros e desdobráveis em várias línguas.
Ana Flores, anterior directora, vai permanecer no Palácio nos serviços educativos, onde, segundo Isabel Cordeiro, "será prosseguido um trabalho consolidado com as escolas e com a comunidade, introduzindo futuramente visitas temáticas comissariadas por historiadores e estudiosos".
Na cerimónia de tomada de posse, Manuel Bairrão Oleiro considerou o Palácio de Queluz "uma referência incontornável no quadro dos museus e palácios" nacionais e apontou as intervenções para recuperação dos jardins como "uma prioridade absoluta".
"Existe da parte do IMC uma total disponibilidade e vontade de encontrar soluções", sustentou.
Dos cinco palácios nacionais, o de Queluz é o terceiro mais visitado, a seguir ao Palácio de Sintra e ao Paço dos Duques, em Bragança.
Visão Online
Várzea Grande-MT - Festa de São Pedro, em Bonsucesso, vai entrar no calendário oficial do Estado
O projeto de que dispõe sobre a declaração e oficialização da Festa de São Pedro, realizada anualmente no Distrito de Bonsucesso, em Várzea Grande, foi aprovado em primeira e segunda votação na Assembléia Legislativa. De autoria do deputado estadual Mauro Savi (PR), a matéria aguarda a sanção governamental para ser transformado em lei.
A futura lei vai oficializar a festa como evento tradicional do patrimônio cultural mato-grossense e incluí-la no calendário estadual de eventos culturais e turísticos. Para Mauro Savi, essa iniciativa além de valorizar a cultura regional, incentiva o turismo no Distrito de Bonsucesso favorecendo a economia local e a melhoria na qualidade de vida dos moradores.
Já foram realizadas 27 edições da festa, que tem como homenageado o santo padroeiro dos pescadores, São Pedro. Realizada sempre às margens do Rio Cuiabá, a comemoração reúne milhares de pessoas de todo o Estado.
"A Festa de São Pedro é a prova real e concreta da colaboração da comunidade local à preservação da cultura mato-grossense. Esse distrito, seu município e sua gente têm na dignidade de seu povo, no respeito às suas tradições folclóricas, artísticas e religiosas, no seu modo de viver e expressar, nas suas belezas naturais, enfim na sua história, o seu maior e mais valioso patrimônio", argumentou o líder do governo.
Leis incentivam e fortalecem a cultura mato-grossense São várias as iniciativas do deputado Mauro Savi para o fortalecimento da cultura mato-grossense. Recentemente o governador Blairo Maggi (PR) sancionou a lei que oficializa e inclui a Festa de Nossa Senhora do Livramento no calendário cultural mato-grossense. Antes disso, no final de 2006, o parlamentar conseguiu aprovar e o governo sancionou leis semelhantes referentes aos festejos de São Benedito e Santo Antônio em Poconé.
Também é de autoria do deputado Mauro Savi a lei que declara o Kanjinjin como bebida-símbolo de Vila Bela da Santíssima Trindade e referência da comunidade afro-brasileira; a que tomba como patrimônio paisagístico e cultural o Morro Grande, no município de Santo Antônio do Leverger; a que cria e oficializa a Festa Estadual do Pequi, em Nossa Senhora do Livramento, e a que oficializa o Hino à Negritude no Estado de Mato Grosso, entre outras.
O Documento


Salvador-BA - Restaurada, Igreja da Barroquinha vira Centro Cultural
O contraste entre as paredes sem reboco e a estrutura metálica dos equipamentos contemporâneos pode surpreender o visitante da Igreja da Barroquinha restaurada. A idéia é confrontar o novo e o velho para que as marcas da história façam parte do centro cultural que se instala ali. A obra aproveita essa concepção para tornar o antigo templo um espaço onde se celebram todas as artes: dança, música, teatro, artes visuais e a arquitetura.
A reabertura do novo centro – por enquanto, só da parte externa – será nesta sexta-feira, 26, às 18 horas. Haverá apresentações da Orquestra Sinfônica da Juventude de Salvador, do Grupo Ilê Fun Fun e do Coral da Cidade.
Para o espaço da Barroquinha convergiram vários segmentos da sociedade baiana em vários períodos da história. Contíguo à Praça Castro Alves e à antiga Porta de São Bento, o lugar compunha o centro mais movimentado da cidade. Atrás da Igreja da Barroquinha foi onde, em 1807, se enraizou o culto doméstico a Oxóssi, instalado pela mãe-de-santo africana alforriada Iyá Adetá, que mais tarde, por causa da hegemonia da cultura branca, teve que deixar a área. Aquele primeiro assentamento deu origem às casas do Gantois e à Casa Branca, na então periferia da cidade, conforme conta o antropólogo Renato da Silveira no livro O candomblé da Barroquinha, publicado no ano passado.
A área agora começa a restabelecer uma dinâmica própria com a retomada das propostas do Cine Glauber Rocha e do hotel no antigo prédio do Jornal A TARDE, além das iniciativas de recuperação de todo o Centro Histórico.
O templo em ruínas que a arquiteta Lina Bo Bardi planejou transformar em centro cultural tornou-se palco dessa ação da Fundação Gregório de Mattos, ligada à Prefeitura de Salvador. Os planos iniciais aconteceram na então presidência do professor Francisco Sena, há aproximadamente 5 anos. Depois foi a vez de o professor Paulo Lima, em sua gestão, empenhar esforços nesse sentido. Agora, chega a vez de a atual presidente da Gregório de Mattos e ex-diretora do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), Adriana Castro, arregimentar forças para o projeto.
A arquiteta restauradora da Fundação Gregório de Mattos, Nadir Gomes, implementou a obra e lembra que da idéia de Lina Bo Bardi ficou a vontade de adequar a igreja ao novo uso. Ela explica que Lina não deixou nada muito específico sobre o que pensou para o templo do século XVIII. “Ela não fez um detalhamento do projeto”, disse Nadir Gomes.
Soleiras originais e as pedras que restaram do incêndio que atingiu a igreja em 1984 foram reutilizadas na reconstrução do templo, que tem duas torres revestidas por azulejos portugueses, informou a arquiteta Nadir Gomes. Onde ocorreu perda total das alvenarias originais, optou-se pela criação de um calçamento das ruínas em estrutura de aço e vidro, para dar leveza à relação entre elementos contemporâneos e o preexistente.
Com algumas interrupções, a restauração da igreja do século XVII, tombada em 1941, vem sendo feita há seis anos, com patrocínio exclusivo da Petrobras, que já dispôs de R$ 4,5 milhões para o projeto. Embora o que vai compor o centro cultural não tenha ficado pronto ainda, será possível entrar na nave e nos corredores laterais da igreja para ver como vão ficar as instalações cujas obras não têm data de conclusão definitiva.
Mary Weinstein

A Tarde Online


Portugal - Montijo associa-se a Jornadas Europeias do Património
A Câmara do Montijo, através do departamento Sócio-Cultural, vai associar-se às Jornadas Europeias do Património 2008, dedicadas ao tema “No Património… Acontece”, que pretendem reforçar o vínculo entre o património cultural e a sociedade.Assim, no próximo dia 28, entre as 14 e as 18 horas, a Capela do Senhor dos Aflitos, na Quinta do Saldanha, vai estar aberta ao público. A partir das 15h30, no mesmo local, haverá demonstrações de hip-hop, de dança do ventre e um workshop de dança pela ELZ Unit Academy.“O património cultural adquire realmente o seu pleno valor e significado em função do uso que dele faz a sociedade e é, exactamente, mediante esse uso social, que o património pode ser entendido como um instrumento de educação, de identificação colectiva, de desenvolvimento e como um factor de coesão social”, refere a autarquia montijense em comunicado.
Margemsul.pt


Pernambuco - Fundarpe abre inscrições para prêmio de fotografia sobre temas culturais
Interessados em participar da segunda edição do concurso de fotografia Pernambuco Nação Cultural já pode preparar as fotografias. Nesta quarta-feira (24) a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que promove a disputa, publicou o edital no Diário Oficial do estado. As inscrições começam no dia 10 de novembro e vão até o dia 17 seguinte.
Este ano, podem concorrer fotografias inspiradas nas seguintes categorias: Cavalo Marinho, o Caboclinho e os Maracatus Rural e Nação. Tais manifestações são candidadtas ao título de Patrimônio Imaterial do Brasil. Serão selecionados 12 trabalhos em cada categoria. Os vencedores receberão a quantia de R$ 2 mil por foto premiada.
As imagens vencedoras vão compor o calendário 2009 da Fundarpe e serão apresentadas em mostras promovidas pela instituição. O resultado dever ser publicado no Diário Oficial até o dia 1º de dezembro.
As inscrições dos trabalhos devem ser feitas na sede da Fundarpe, na Boa Vista, no Recife, ou enviada via correio. O regulamento e o formulário de inscrição estão disponíveis no site
http://www.fundarpe.pe.gov.br%22/ .
REGRA

Os concorrentes deverão entregar as fotografia em dois CDs, em formato JPG, e com resolução mínima de 300 DPI, sem interpolação, além da ficha de inscrição em cinco vias impressas, conforme o modelo que acompanha o regulamento. Cada fotógrafo poderá inscrever, no máximo, cinco trabalhos.
SERVIÇO

II Concurso de Fotografia Pernambuco Nação Cultural — Fundarpe
Inscrições: 10 a 17 de novembro de 2008-09-24
Local: Sede da Fundarpe — Rua da Aurora, 457, Boa Vista, Recife
Site: http://www.fundarpe.pe.gov.br%22/ .
Resultado: até 1º de dezembro
pe360graus.com




Portugal - Acordo Ortográfico: Manifesto "contra" reitera na Assembleia da República necessidade de suspender diploma
Lisboa, 25 Set (Lusa) - Os signatários do Manifesto em defesa da Língua Portuguesa contra o Acordo Ortográfico reiteraram hoje, em sessão da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República, a necessidade de suspender o diploma para que seja revisto.
O eurodeputado Vasco Graça Moura, Maria Alzira Seixo, Jorge Morais Barbosa e António Emiliano foram recebidos apenas por duas deputadas do PS (Teresa Portugal e Isabel Pires de Lima).
Os restantes partidos representados na Assembleia da República faltaram à chamada, mas tal facto não desanimou os signatários do documento, que desvalorizaram a questão.
"Acredito que por outras razões de agenda os deputados foram impedidos de aparecer, como me acontece a mim por vezes enquanto deputado europeu. A documentação relevante foi distribuída a todos os membros da comissão. Estamos convencidos que a ausência dos deputados possa ser suprida pelo facto de os elementos estarem todos à disposição deles", disse Vasco Graça Moura aos jornalistas no final da sessão.
"O Acordo está cheio de vícios e erros, e torna-se necessário suspendê-lo, a fim que seja revisto", defendeu o eurodeputado Vasco Graça Moura, durante a sessão.
"Está em questão um acordo ratificado à socapa - porque ninguém deu por isso -, que não tem um único parecer especializado a seu favor", acrescentou.
O eurodeputado comparou depois, em declarações aos jornalistas, a situação à construção de uma ponte sobre o rio Tejo. "Há nove pareceres negativos e não há um único positivo sobre o acordo. É como se uma ponte a construir sobre o Tejo tivesse nove pareceres negativos de Laboratórios Nacionais de Engenharia Civil e não houvesse uma única posição a favor", explicou.
Já o linguista e filólogo António Emiliano, outro dos signatários da petição, defendeu na sessão ser "inadmissível que por força de um diploma desconchavado se ponha em causa a ortografia - um bem que levou 700 a construir-se e um século a estabilizar-se".
Também António Emiliano defendeu a suspensão do Acordo, "para ser profundamente revisto com a participação de instituições e individualidades idóneas".
Por seu lado, a deputada Teresa Portugal garantiu aos signatários que "os deputados do PS empenhar-se-ão em levar as preocupações apresentadas aos governantes".
Já Isabel Pires de Lima, que não pertence à Comissão mas esteve presente "por razões de interesse pessoal e obrigações de âmbito académico", assegurou que procurará, enquanto deputada, "accionar os mecanismos ao dispor na Assembleia da República no sentido de encetar formas de provocar um momento mais amplo de reflexão que possa levar a alterações no acordo".
"Neste momento será difícil parar o processo", referiu.
Vasco Graça Moura afirmou, à margem da sessão, que "se por ventura o acordo for por diante deve esperar-se pela ratificação de três países importantíssimos [Angola, Guiné-Bissau e Moçambique] que ainda não ratificaram, e depois poderá discutir-se como é".
"Mas, como isso ainda não aconteceu, há tempo para suspender em Portugal e tratar da revisão", referiu.
"Enquanto há língua há esperança. Esperamos que os nossos argumentos venham a ser atendidos, e que à nossa acção venha a corresponder um resultado útil para o nosso país e para a nossa língua", concluiu o eurodeputado.
O Acordo Ortográfico, firmado em 1990, já foi discutido e votado na Assembleia da República e promulgado pelo Presidente da República, respectivamente em 16 de Maio e 21 de Julho.
O Manifesto em defesa da Língua Portuguesa contra o Acordo Ortográfico já foi assinado por cerca de 95.500 pessoas.
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.



Cultura: Descobertas duas novas bactérias nas Catacumbas de Roma
Londres, 25 Set (lusa) - Duas novas bactérias encontradas nas catacumbas de São Calisto, em Roma, podem estar na origem dos danos causados nas paredes do monumento, avança um grupo de cientistas italianos citado quarta-feira na imprensa britânica.
Segundo o Jornal Internacional da Microbiologia Sistemática e Evolucionária, os micro-organismos pertencem ao grupo `kribella`, um género de bactérias capazes de contribuir para a destruição do local.
"As bactérias podem crescer nas paredes dos túmulos e muitas vezes causam danos. Acreditamos que têm contribuído para a destruição das catacumbas", explicou Clara Urzi, uma das responsáveis pelas investigações.
As catacumbas de São Calisto são parte de um cemitério subterrâneo com cerca de 15 hectares, o equivalente a mais de vinte campos de futebol, construído no final do segundo século II , estando sepultados no local mais de trinta Papas e outras personalidades ligadas à Igreja Católica.
Ao estudar este tipo de bactéria os cientistas pretendem desenvolver métodos que possam proteger património cultural deste tipo de ataques.
BZR.
Lusa



A incrível história da biblioteca de São Francisco Xavier
Bibliotecário inconformado com "prisão" do acervo da cidade monta, por conta própria e com apoio dos moradores, biblioteca na garagem de casa
As crianças viam os livros através das grades em São Francisco Xavier, pequena cidade da Serra da Mantiqueira, quando o bibliotecário Sidnei Rosa chegou à cidade, para passar férias na casa do pai. Ele, que já havia trabalhado na estruturação de diversas bibliotecas pelo Paraná e Mato Grosso, não imaginava que justamente ali, na sua terra natal, o acesso aos livros poderia ser restrito. Num arroubo digno do realismo fantástico, o poder público trancafiou o acervo da cidade numa cela da cadeia pública. "Trancaram e, pronto, ninguém mais tinha acesso, ninguém sabia onde estava a chave", lembra ele.
Sidnei se deparou com a situação quando alunos foram bater à sua porta, em busca de livros para um trabalho sobre o Mercosul. Como eles, foi "de cá pra lá" atrás dos livros, também sem sucesso. "Ia à prefeitura, e me mandavam procurar a chave (da cela) na escola. Na escola, diziam que a chave estava na prefeitura. Não consegui abrir aquela cela de jeito nenhum", lamenta. "Um dia eu saí de lá doido da vida e pensei: Vou montar uma biblioteca aqui."
E foi o que ele fez, na garagem da casa de seu pai - Rua 15 de Novembro, número 50. Antes, ele tentou convencer as autoridades locais a cederem um espaço para o projeto. "Fiz várias sugestões de imóveis que poderiam ser destinados à nova biblioteca, mas em vão. Foi quando meu pai me ofereceu a garagem de casa", conta. "Eu disse que tudo bem, desde que ele deixasse de morar aqui."
Sidnei, então, envolveu toda a cidade no projeto Biblioteca Solidária, que inaugurou sua primeira fase em 2004, ainda na garagem. Logo, entretanto, o acervo tomaria conta de toda a casa de Seu Getúlio, que passaria por grande reforma. "A (montadora) GM doou 5 mil reais, para colocar o forro, por exemplo, mas eu precisava trocar a parte elétrica. Fiz, então, duas listas de material, tipo lista de casamento, sabe? Deixei na loja de material de construção da cidade e cada um contribuiu como pôde", detalha Sidnei, que recebe hoje (18 de setembro) o escritor gaúcho Marcelo Carneiro da Cunha para um bate-papo com leitores, dentro do projeto Viagem Literária.
Animação em pessoa, Sidnei trabalha como voluntário e usa a criatividade para fazer render o orçamento da biblioteca, basicamente gerado por doações dos 50 membros da Associação de Amigos e patrocínios esporádicos - neste ano, em boa fase, ele conta com a Petrobrás e a Faberweb. As doações dos amigos garantem o pagamento das despesas básicas, como água, telefone e energia elétrica. E os patrocínios especiais vão para a compra de equipamentos, como computadores e o ar-condicionado que garante a integridade do acervo. "Os amigos contribuem mensalmente com 20, 30 ou 50 reais. Se atrasa, não tem problema - não acho legal ficar cobrando. O pouco que a gente recebe parece que cresce, e isso é maravilhoso", diz o quixotesco bibliotecário.
É um trabalho que aparece bastante, muito além do simples emprestar livros. Contação de histórias, cursos (inglês, inclusão digital, educação ambiental, culinária para crianças) e sessões de filmes são algumas das atividades que movimentam a Biblioteca Solidária. Sidnei só não sabe medir a quantidade de pessoas que retiram livros, pelo simples princípio de desburocratizar o empréstimo. "Não sei quantos são, mas tenho uma lista de A a Z imensa. As pessoas têm liberdade de pegar o livro sem depender de um comprovante de residência ou de uma foto 3x4", diz. "Eles devolvem? Devolvem, pela confiança. Aqui é tudo do público. O meu interesse é que os livros circulem."
Patrícia Villalba
O Estado de S. Paulo
http://www.aber.org.br/

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