ENTRESSEIO

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25 setembro, 2008

ATUALIDADES

FBI investiga suposta fraude de gigantes financeiros dos EUA
O FBI (a polícia federal americana) abriu uma investigação das denúncias de fraude contra gigantes financeiros americanos depois que as companhias foram afetadas pela turbulência na economia do país. O banco de investimentos
Lehman Brothers, as empresas de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, e a seguradora AIG são os principais alvos.
A rede de televisão CNN informou que os grupos são parte de uma investigação por suposta fraude. A investigação inclui 26 companhias cotadas em Wall Street.
"A polícia federal americana desenvolve 26 investigações de fraude corporativa envolvendo os créditos subprime", disse o porta-voz do FBI Richard Kolko à rede de televisão ABC.
O FBI busca determinar se executivos destas empresas tiveram responsabilidade no atual desastre no sistema financeiro americano por meio de "desinformação", revela a CNN. "Este número pode flutuar com o tempo; de qualquer modo, não discutimos que companhias podem ou não ser objeto de uma investigação", afirmou.
A investigação ocorre no momento em que o Congresso americano analisa o plano de socorro de
US$ 700 bilhões montado pelo governo Bush para salvar a economia americana.
A indefinição sobre o plano e sobre a verdadeira situação do mercado financeiro americano têm arrastado as Bolsas de todo o planeta.
Pacote
O secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, foram nesta terça-feira (23) ao Congresso para esclarecer os congressistas sobre o pacote que o governo espera ver aprovado logo, para evitar novos casos como o do banco de investimentos Lehman Brothers --que pediu concordata na semana passada. Bernanke foi incisivo ao dizer que a economia americana corre o risco de
entrar em recessão, com o aumento do desemprego e do número de despejos, se o Congresso não aprovar o pacote. Segundo ele, a não-aprovação tornaria impossível para as empresas investir em produção e em novas contratações, e, para os consumidores, comprar itens de maior valor, como carros e casas.
"Acredito que se os mercados de crédito não estiverem funcionando, empregos serão perdidos, nossa taxa de crédito vai aumentar, mais despejos vão ocorrer, o PIB [Produto Interno Bruto] vai contrair e a economia não vai conseguir se recuperar de um modo normal, saudável", disse.
Paulson, por sua vez, disse que o governo americano
intervirá rapidamente nos mercados com a compra de ativos garantidos por hipotecas, assim que o Congresso aprovar o pacote.
O Congresso se mostrou cético diante da proposta. O presidente do Comitê de Bancos do Senado, o
democrata Christopher Dodd, disse que a proposta, tal como foi enviada ao Congresso, permitiria ao secretário agir com "absoluta impunidade" e que essa crise era "completamente previsível e evitável, não foi um ato de Deus".
O senador democrata Charles Schumer, por sua vez, disse que o Congresso irá agir com rapidez, mas não sem uma séria análise. "Mesmo em Wall Street, US$ 700 bilhões é muito dinheiro."
Com a incerteza, o movimento nas Bolsas fica menor, com a espera por uma definição sobre os detalhes do pacote. "Há ceticismo sobre se US$ 700 bilhões é o número certo", disse o gerente e diretor de negócios da Baird & Co., Jim Herrick.
"Vamos ver volatilidade por um tempo, mesmo depois de aprovado o pacote, porque acho que ainda estamos diante de uma desaceleração na economia mundial que vai ter um impacto sobre os lucros", disse o executivo-chefe da Ashfield Capital Partners em San Francisco, J. Stephen Lauck.
Previsão
A Casa Branca declarou nesta terça-feira (23) que já tinha um plano de socorro financeiro há dois meses. "Não é um plano concebido ou desenhado às pressas. Houve uma enorme soma de análises, debates e discussões antes de apresentá-lo", afirmou o porta-voz da Casa Branca Tony Fratto.
"Certos membros da equipe política tiveram meses para refletir sobre este plano, como poderia funcionar. Outros tiveram ao menos semanas para analisar isto", disse.
Vários parlamentares influentes, insatisfeitos com as explicações dadas na terça-feira pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, já solicitaram ao governo que modifique o plano de socorro financeiro.
Segundo Fratto, "é realmente necessário que isto saia rápido" e "vamos nos opor aos esforços para retardá-lo" no Congresso. "Tenho confiança de que será aprovado ainda esta semana".
Folha Online
Congresso dos EUA resiste e quer mudar plano de Bush
O presidente do Fed, Ben Bernanke, disse ontem que os Estados Unidos podem entrar em recessão caso o Congresso não aprove o pacote para estabilizar o sistema financeiro. "Sem o programa, os mercados financeiros, já frágeis, vão piorar", disse Bernanke, em audiência no Senado para apresentar a proposta do governo.
Segundo ele, sem o funcionamento dos mercados de crédito, "o desemprego vai aumentar, mais pessoas vão perder suas casas, o PIB vai contrair e a economia não vai se recuperar".Mesmo assim, o plano foi recebido com ceticismo por muitos senadores, que o encaram como um pacote de resgate a banqueiros, sem socorro aos mutuários afetados pela crise de crédito. Ao fim da audiência no Senado, o líder do comitê bancário, o senador democrata Christopher Dodd, disse que o pacote do governo "é inaceitável" do jeito que está. Ele criticou a falta de detalhes da proposta e disse que o projeto permitiria ao secretário do Tesouro, Henry Paulson, agir com "impunidade absoluta"."Depois de ler esta proposta, eu só posso concluir que não apenas nossa economia está em perigo, mas também nossa Constituição", disse Dodd. O senador republicano Richard Shelby sugeriu que o Congresso considere alternativas.
O plano permite ao Tesouro americano usar até US$ 700 bilhões para comprar dos bancos títulos podres - lastreados em hipotecas inadimplentes, pouco líquidos e difíceis de avaliar - e assim descongelar o mercado de crédito. O governo esperava que o plano fosse aprovado até o fim da semana, sem muitas modificações. "Precisamos aprovar essa lei de forma limpa e rápida, e evitar atrasá-la com medidas que não são relacionadas ao projeto e não têm apoio amplo", disse ontem Paulson.
Mas os legisladores se recusam a dar um "cheque em branco" ao Executivo e querem incluir medidas que beneficiem os mutuários, além de maior supervisão pelo Congresso.Vários senadores disseram que se recusam a ser pressionados. Segundo eles, seus eleitores estão "revoltados" com o que consideram um resgate de Wall Street. "Recebi centenas de telefonemas em meu gabinete a respeito desse pacote, e nenhum foi positivo", disse o senador Sherrod Brown, de Ohio.
Os senadores querem incluir no projeto provisões de ajuda aos mutuários, mas Paulson e Bernanke resistem. Paulson disse ontem que mudar os termos de hipotecas ou restringir remuneração de executivos seria punitivo aos bancos, que então resistiriam em participar do plano de resgate.
Paulson e Bernanke também reagiram de forma negativa a propostas de que o governo americano ganhe participação acionária nos bancos que entrarem no pacote.
O secretário do Tesouro disse que, infelizmente, com pacote ou sem pacote, o contribuinte americano já estava condenado a ter prejuízo. "Eu tenho a mesma revolta que as pessoas. É uma vergonha para os Estados Unidos", disse ele, referindo-se à crise de crédito.Legisladores têm muitas dúvidas sobre a operacionalização do plano - e a chance de ele funcionar. A maior armadilha será determinar o preço que o Tesouro vai pagar pelos ativos podres. Se pagar muito pouco - digamos 20% do valor de face, como os títulos podres vendidos pela Merrill Lynch em julho -, o governo acaba empurrando ainda mais os bancos para o buraco, porque os força a marcar essas grandes perdas nos balanços.Se pagar quase o valor de face, muito mais do que valeriam no mercado, haverá grande impacto sobre os contribuintes que estão pagando pelo resgate. Mas Bernanke disse ontem que é contra a compra desses ativos a preços de "saldão".
O risco é que, ao pagar valor próximo ao de face, o contribuinte pode estar levando um calote - muitos desses papéis não serão honrados porque as hipotecas nas quais eles estão lastreados vão entrar ou já estão em inadimplência.Para muitos críticos, a essência do pacote está errada. Economistas como Paul Krugman, Raghuram Rajan (ex-economista-chefe do FMI) e alguns legisladores acham que o Tesouro deveria recapitalizar os bancos, por meio de injeção de recursos em troca de participação acionária, em vez de comprar os ativos podres.
Último Segundo

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