ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

10 outubro, 2008

LIVROS - 10-10-2008

O Malufismo
História do malufismo é tema da coleção "Folha Explica"; A história do malufismo, rastreando seus precursores e analisando sua evolução recente, é o tema do livro "O Malufismo", mais um volume da coleção "Folha Explica", da Publifolha. O primeiro capítulo está disponível abaixo:
Livro da série "Folha Explica" analisa corrente populista de direita Corrente populista de direita, o malufismo surgiu em São Paulo no final do regime militar, durante a gestão de Paulo Salim Maluf no governo do Estado (1979-1982). De grande influência em muitas esferas, sua base social é formada por pessoas de classe média, como trabalhadores autônomos e pequenos empresários.
Meticulosa na pesquisa e sóbria na argumentação, a obra --de Mauricio Puls, sociólogo formado pela USP (Universidade de São Paulo) e jornalista da Folha desde 1998-- é uma ótima introdução à história do malufismo.
Como o nome indica, a série "Folha Explica" ambiciona explicar os assuntos tratados e fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só para que fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país.
Paulo Maluf começou sua carreira política alinhado aos militares que tomaram o poder em 1964. Foi prefeito nomeado de São Paulo (1969) e secretário estadual de Transportes (1971), mas só se projetou nacionalmente em 1978, quando derrotou o candidato ao governo paulista indicado pelo presidente Ernesto Geisel e por seu sucessor, o general João Baptista Figueiredo. Não se apresentava, porém, como opositor do regime militar, mas sim como seu maior defensor.
Iniciou sua campanha para suceder Figueiredo num período em que o país enfrentava uma profunda recessão e no qual crescia a desaprovação ao regime. Essa insatisfação culminou na campanha pelo restabelecimento de eleições diretas para presidente, em 1984. Maluf contribuiu para derrotar a emenda das diretas e impediu que as facções do PDS chegassem a um nome de consenso à sucessão. Rachou o partido, mas foi escolhido candidato a presidente. Inspirou a criação do verbo "malufar", usado pelos adversários em sentido pejorativo.
Passou então a personificar a continuidade de um regime rejeitado pela maioria da população, tornando-se o político mais odiado da época. Metade do PDS abandonou o partido e decidiu apoiar Tancredo Neves, do PMDB.
Derrotado no Colégio Eleitoral em 1985, sua carreira parecia ter chegado ao fim. Sobreviveu. Perdeu quatro eleições de 1986 a 1990, mas manteve um eleitorado cativo no estado e, principalmente, na capital de São Paulo, onde foi eleito prefeito em 1992 e elegeu Celso Pitta em 1996. Em 1998, voltou a perder a eleição para governador.
Este livro se propõe a apresentar a história do malufismo, rastreando seus precursores no populismo do período pré-1964, analisando sua origem no final do regime militar e descrevendo sua evolução recente. O malufismo é uma corrente política conservadora, muito influente em vários meios, cuja base social é formada por pessoas de "classe média", como elas mesmas se
classificam: pequenos empresários (comerciantes, industriais), assalariados em cargos de chefia (supervisores, gerentes) e funções técnicas (analistas, economistas, engenheiros), profissionais liberais (advogados, dentistas, médicos), trabalhadores autônomos do setor formal (taxistas, artesãos) e informal (marreteiros, biscateiros) e indivíduos afastados do mercado de trabalho (desempregados, aposentados, donas-de-casa).
Pesquisa feita na capital paulista em 1978 mostrou que o eleitorado da Arena, partido de Maluf, abrangia classes muito diversas. O partido era bem votado entre os empregadores (47,8%) e os biscateiros (42,9%), vindo em seguida os profissionais liberais e os trabalhadores autônomos (25,8%).
Era mal votado entre os assalariados, salvo entre aqueles de nível superior, tais como gerentes e administradores.1 O que unifica politicamente esses setores não é o fato de possuírem a mesma renda ou escolaridade, mas o de não terem vínculos com qualquer organização capaz de representar seus interesses. Esse isolamento social leva essas pessoas a apoiarem líderes carismáticos, aos quais atribuem uma capacidade para transformar a realidade que elas mesmas julgam não possuir. Como dizia um taxista na eleição de 1989: "Eu não entendo nada de política. Agora, o Maluf entende, ele é inteligente. Maluf conhece a engrenagem". Para seus eleitores, o líder tem o poder de presenteá-los com obras (resultado de sua "competência") e de protegê-los de seus inimigos (reprimindo aqueles que os ameaçam).
E quais são seus adversários? Segundo o sociólogo Antônio Flávio Pierucci, os malufistas sentem-se ameaçados pelos delinqüentes, pelos migrantes nordestinos, pelos homossexuais, pelas mulheres liberadas, pelos mendigos e crianças abandonadas. São radicalmente antiigualitários, pois estão convictos de que as pessoas não são iguais, mas irremediavelmente
diferentes.2
"'Iguais?!' - pergunta uma escriturária aposentada, que mora na Penha.
'Que que há, está me estranhando? Fazer o quê? A vida é assim, azar!
Tratar como nosso irmão?! Eu trabalhei 40 anos, não posso ser irmã de vagabundo. O que é isso, está me confundindo por quê, agora... Porque negro é isso... Todo mundo sabe que há racismo, sempre houve e vai haver até o fim da morte, amém. Negro é negro, branco é branco, azul é azul e vermelho é vermelho. E preto é preto. Não vem que não tem'" (Pierucci, p.
62).
Para ela, como para tantos outros, existiu uma época dourada "em que não havia tanto bandido, tanto drogado, tanto sem-teto. E existe, em sua imaginação, a identificação desse tempo com a inexistência de migrantes nordestinos" (p. 64). Segundo acredita um comerciante do Tatuapé, "85% dos presos da Casa de Detenção são nordestinos, 85% das prostitutas são nordestinas, 85% dos travestis são nordestinos" (p. 65). É difícil argumentar com essas pessoas: não adianta mostrar que esses números estão errados, pois estão convictas de que os nordestinos estragaram São Paulo.
Talvez o preconceito antinordestino enraizado no eleitorado malufista tenha contribuído para o declínio do PDS no Nordeste. Em 1982, 43,4% dos deputados federais do PDS foram eleitos por essa região. Depois que Maluf tornou-se o principal líder do partido, em 1984, a proporção despencou:
33,3% da bancada em 1986, 20,5% em 1990, 13,5% em 1994, 11,7% em 1998.
O que os malufistas querem do Estado? Querem um Estado realizador, que faça muitas obras e garanta seu bem-estar social e sua segurança (Pierucci, p. 59). Mas querem sobretudo "ordem": condenam as invasões de terras e acham que as greves acabam em "baderna". Temem quaisquer movimentos que possam ameaçar seu status social e rejeitam qualquer ruptura da hierarquia. Como nota o cientista político André Singer, o eleitorado de direita deseja "reforçar a autoridade do Estado e apóia o seu direito de reprimir os movimentos sociais", ao contrário da esquerda, que prefere mudar a sociedade a partir da mobilização direta da população, contestando o poder estatal.3 Daí a crença de que somente um líder de autoridade incontestável ou uma ditadura podem realizar as mudanças de que o país necessita.
"O Malufismo"
Autor: Mauricio Puls
Editora: Publifolha
Páginas: 88
Quanto: R$ 17,90
Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha

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