ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

28 outubro, 2009

LIVROS - 28-10-09

Livro conta história das rochas no patrimônio cultural brasileiro
Nos detalhes da arte barroca e rococó, com seus rocheados e volutas, mescla de xistos verdes e pedra sabão

A mão do homem encostou nas rochas num período muito recente, se comparado aos 4,5 bilhões de anos da origem do material com a formação do sistema solar. Foi uma revolução. Enquanto a natureza ditava e ainda dita regras próprias para a produção dos elementos pétreos, coube ao ser humano mirar em direção a eles com olhares de cobiça acelerando o processo de deterioração. Transformou algumas rochas em objetos de desejo, em bens preciosos e as mais comuns serviram à construção de moradia, de utilitários e de suporte para uma infinidade de manifestações artísticas. O Brasil e, em especial, Minas Gerais, encontrou através dos séculos infinidades de alternativas de usos, como registra o livro Rochas e histórias do patrimônio cultural do Brasil e de Minas. A obra, de autoria do pesquisador Antônio Gilberto Costa, será lançada amanhã, às 19h, na Livraria Leitura do Pátio Savassi.

A publicação, editada pela Bem-Te-Vi, resume uma longa pesquisa dedicada a esta temática. O geólogo Antônio Gilberto Costa sempre observou as rochas com curiosidade. Quais as principais existentes no Brasil? De onde vieram e como, através dos tempos, receberam utilizações diversas para construção de igrejas, pontes, calçadas, objetos de arte sacra e profana, utensílios e residências administrativas e particulares? Por diversos motivos, as respostas aos questionamentos, foram tecendo uma visão diferente da história a partir da América Portuguesa e do Brasil Império até os dias atuais, que não estavam nos livros tradicionais. Os documentos, mapas, curiosidades e registro fotográfico reunido no projeto, ao final das pesquisas, conseguiram sintetizar informações valiosas acerca da formação social e cultural do povo brasileiro e mineiro. Este é um dos principais méritos do projeto.

O autor faz questão de deixar claro que “tratar das rochas não se configura como tarefa exclusiva da geologia”. Esta ciência entra no processo em diálogo com a história, as belas artes, a arquitetura e a engenharia. O resultado da “conversa” é um conjunto de textos elucidativos e curiosos sobre o tema dividido por segmentos. O livro começa com ensaios de especialistas da UFMG. Fernanda Borges e João Pinto Furtado escreveram sobre a história de Minas nos setecentos e nos oitocentos. Beatriz Coelho sobre barroco e rococó; e, por fim, Octavio Elísio Alves de Brito foi chamado para discorrer sobre a importância da mineração para a edificação desse patrimônio. Antônio Gilberto Costa parte dessa introdução feita pelos especialistas para falar das rochas e monumentos; dos seus usos em vilas e cidades mineiras e do processo de deterioração, restauro e preservação.

POLICROMIA Ao longo da atividade como professor, o autor orientou várias teses sobre os problemas que afetam as rochas. O conhecimento foi sistematizado, mas, até então, permanecia acessível para poucos. O livro nasceu com a intenção de ampliar essas informações para outros públicos e, desde o início, a opção foi buscar alternativas de torná-las mais claras. “Foi um desafio”, resume. Mesmo as rochas estando integradas no cotidiano, fala-se pouco delas. Na maioria dos trabalhos em que se realizam estudos sobre o patrimônio e se buscam alternativas para restauração e preservação, as pedras perdem em importância para as madeiras e a policromia. O autor também quis chamar a atenção para as intervenções errôneas nos patrimônios edificados em pedra. “Se as pessoas não conhecem bem o material utilizado na feitura, as interferências se tornam ruins. Coisas grosseiras ocorrem, não respeitando, inclusive, a textura das rocha,s prejudicando a estética”, explica. Não é difícil encontrar exemplos. Nos profetas de Aleijadinho, em Congonhas, há até mesmo cimento tapando buracos. O livro abre espaço para vasto material fotográfico sobre as utilizações das rochas. Como havia grande dificuldades em encontrar mármore nas Minas setecentistas para construção de monumentos e obras de arte, a alternativa usada foi pintar materiais como madeira e outros tipos de pedra, dando aparência de marmorização. “Não encontrei nada na literatura sobre essa forma de tornar o visual de pedras e madeiras mais nobres por meio da pintura”, diz ele, que começou a prestar atenção nessas questões ao longo do processo da feitura do livro, de dois anos para cá. À medida que se envolveu com o projeto, percebeu a necessidade de ampliar a parte fotográfica. “Reuni o maior número possível para permitir comparações, inclusive sobre as cores das rochas”, conclui.

Rochas e Histórias do Patrimônio Cultural do Brasil e de Minas Livro de Antônio Gilberto Costa, na Livraria Leitura do Pátio Savassi (Avenida do Contorno, 6.061, Piso L3, Savassi.

Sérgio Rodrigo Reis - EM Cultura

Marcadores:

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial