ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

21 janeiro, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 21-1-10

Tombamento de São Luiz do Paraitinga poderá ser acelerado

SÃO PAULO - O processo de tombamento histórico da cidade de São Luiz do Paraitinga, encaminhado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), poderá ser acelerado para reconstruir mais rapidamente a cidade, segundo o jornal Estado de S.Paulo. Parte da cidade foi destruída pelas enchentes do início do ano. O dossiê de tombamento deverá ser apresentado em março, na reunião do conselho consultivo do Iphan.
A prioridade no tombamento pode colocar à disposição da sociedade ferramentas, que financiam obras e aumentam as atividades culturais. Além da reconstrução de imóveis sem juros, atividades econômicas ligadas à cultura podem ser promovidos. O centro histórico foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio de São Paulo (Condephaat) em 1982. O governo federal prepara o tombamento da área urbana para receber recursos do PAC das Cidades Históricas, que contempla 170 municípios.
JB Online


Porto Alegre/RS – Um impulso para fazer o bonde andar na Capital
Ministério do Turismo assegurou R$ 400 mil para projeto de retomada do veículo às ruas do Centro.
Substituídos por outras formas de transporte coletivo em 1970, os bondes ganharam ontem um novo impulso para voltar às ruas da Capital. O governo federal garantiu R$ 400 mil – de um total de mais de R$ 1 milhão – para o estudo de viabilidade da retomada do veículo como atração turística, prometida desde o começo dos anos 2000. O anúncio ocorreu durante encontro entre a prefeitura e a Trensurb.
A ideia é de que seja criada uma linha de bonde elétrico que passe pelos principais pontos turísticos e culturais do Centro Histórico, como Mercado Público e Usina do Gasômetro. Nas estações, deve haver quiosques com informações sobre as localidades visitadas e acerca da história deste meio de transporte em Porto Alegre. Dois carros antigos devem ser restaurados para voltarem a circular em um trajeto de 3,3 mil metros de trilhos e via aérea simples.
Apesar de a promessa de retomada do bonde já ter cerca de uma década, foi só no final de 2009 que ganhou consistência. Isso porque a prefeitura pediu a inclusão da proposta no Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).
– É um equipamento diferente. Remete ao passado, tem um aspecto lúdico – afirma o secretário municipal de Turismo, Luiz Fernando Moraes.
O superintendente de Desenvolvimento e Expansão da Trensurb, Humberto Kasper, cita Santos, no litoral paulista, como um exemplo em que a reimplantação teve sucesso.
– O bonde traz vida. As pessoas se deslocam muitas vezes só para andar nele – afirma.
Além de avaliar o impacto da inserção do bonde, o estudo de viabilidade servirá como base do projeto de implantação da atração turística. Ainda não há previsão de prazo para que o veículo retome às ruas.
Viagem ao passado
- Foi em janeiro de 1873 a primeira viagem de bonde em Porto Alegre. Puxado por uma parelha de cavalos, o veículo conduziu autoridades da Praça Argentina até o Arraial do Menino Deus na cerimônia de inauguração.
- Em 1908, a tração animal deu lugar à energia elétrica.
- Nos anos 50 e 60, o veículo atingiu seu apogeu na cidade – a Carris contava com uma frota de mais de 200 carros norte-americanos, ingleses e belgas. Mas os ônibus, que chegaram na Capital em 1929, vinham pouco a pouco tomando o espaço dos veículos sobre trilhos.
- Em 8 de março de 1970, o prefeito Thompson Flores decretou o fim do bonde, permitindo que a população se despedisse, num último passeio gratuito.
Silvana Losekann
Defender


Insetos ameaçam patrimônio histórico


Há mais de 20 anos estudando o assunto, o professor e engenheiro florestal Norivaldo dos Anjos, do Departamento de Biologia Animal da UFV e coordenador do Laboratório Casa dos Cupins, adverte que, se não forem tomadas medidas urgentes e eficazes, o país perderá, no máximo em 50 anos, os acervos dos séculos 17, 18 e 19, que guardam a memória, atraem turismo e podem se transformar em pó. “Muitas vezes, a situação é séria e grave”, afirma.
Até fevereiro, Norivaldo vai entregar um diagnóstico sobre a situação de monumentos de cidades mineiras à Procuradoria-geral da República, em Belo Horizonte, e ao Ministério Público Estadual (MPE), mais especificamente ao promotor de Justiça de Ouro Preto, Ronaldo Crawford. Por ter um dos maiores e mais importantes conjuntos históricos do país, Minas apresenta grandes problemas, adianta o pesquisador. No relatório, feito por solicitação de Crawford, estarão incluídas informações sobre Ouro Preto, Mariana e Congonhas, na Região Central de Minas; Diamantina e Serro, no Vale do Jequitinhonha; e São João del-Rei e Tiradentes, no Campo das Vertentes.
O quadro é sombrio também em cidades do Maranhão, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, onde a equipe da UFV, coordenada pelo professor Norivaldo, fez pesquisas, diagnósticos e deu assistência para desinfestação e imunização das madeiras. “O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem cerca de 30 mil imóveis tombados no país e a maioria deles está infestada de cupins e outros insetos xilófagos. Constatamos isso no Projeto Pelourinho, em Salvador (BA), de 1997 a 1999, em 800 edificações, além da Catedral e nas igrejas do Bonfim e da Vitória, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Cuiabá (MT) e outros.” O Laboratório Casa dos Cupins é considerado referência pela Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).
O ataque às madeiras do patrimônio cultural brasileiro vem de longa data, diz o professor, destacando que, antes, não havia ações dirigidas para a desinfestação. “A restauração de igrejas, capelas, casarões e outros prédios não contemplava essa parte, portanto, os insetos continuavam a fazer os estragos. Em muitos dos monumentos, as obras de arte expostas não são as originais, já que as primeiras foram destruídas pelos cupins e tiveram que ser substituídas. É fundamental que, nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, essa questão seja prioridade”, diz Norivaldo.
RISCO PERMANENTE
A ação silenciosa dos cupins, carunchos, traças e brocas se torna um risco permanente para os acervos colonial e dos tempos imperiais. Norivaldo dos Anjos explica que, todos os anos, em especial no período mais quente, há uma revoada de insetos, que entram nas edificações, se instalam, se reproduzem e agem nos pontos mais vulneráveis – as madeiras. Favorecem a proliferação dos bichos fatores como a umidade e a falta de fiscalização constante. “É preciso estar sempre atento, fazer vistorias, usar madeiras resistentes, como o cedro-rosa, e não introduzir peças ou obras de arte antes da desinfestação”, ensina.
Para salvar o acervo, garante o professor, a medida é radical, sendo necessária uma ação completa de desinfestação, que significa matar os insetos xilófagos, imunizar todas as peças com produtos químicos e manter as medidas complementares a exemplo de vistoria permanente e manutenção dos serviços. Em Ouro Preto, a 95 quilômetros da capital, cidade reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a equipe já fez trabalhos na imunização dos suportes de madeira das igrejas de Santa Efigênia, do Rosário, São Francisco e Nossa Senhora do Carmo e tem projetos para a Matriz de Antônio Dias, Igreja de São Francisco de Paula e Museu da Inconfidência, no Centro Histórico.
O promotor de Justiça de Ouro Preto, Ronaldo Crawford, instaurou inquérito para apurar a situação de degradação do patrimônio da comarca, e aguarda o diagnóstico da Universidade Federal de Viçosa para as tomar providências cabíveis. “Entregue também ao Ministério Público Federal, o relatório será um instrumento importante e oportuno para a proteção dos bens culturais no Brasil”, acredita Crawford.
Texto: Gustavo Werneck - Estado de Minas
Foto: Beto Novaes – EM/D.A Press


Ação rápida recuperou Goiás Velho
Trabalho entre União, Estado e município também foi fundamental para reerguer cidade alagada em 2001.
É difícil hoje encontrar vestígios da enchente que, em 31 de dezembro de 2001, arrasou a área central da cidade de Goiás por 1,6 km ao longo das margens do Rio Vermelho. Dos 184 imóveis destruídos total ou parcialmente pela ação das águas, 163 casas, três pontes e o monumento ao bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, tiveram suas estruturas físicas totalmente recuperadas por um trabalho conjunto dos governos federal, estadual e municipal. Outros 17 imóveis, todos comerciais, foram demolidos por estarem em área de risco. Seus proprietários ainda não foram indenizados.
Foi rápido o trabalho de recuperação de Goiás Velho, como é conhecida a cidade que, naquele mesmo dezembro, havia sido declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco. União, Estado e município se mobilizaram. “No dia seguinte à enchente começou o trabalho de prevenção às doenças, com a limpeza das áreas afetadas e a remoção da lama”, conta a diretora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Ednea Oliveira.
Em seguida, foi feito o escoramento dos imóveis que ameaçavam ruir. Depois, foram alugados contêineres para o depósito dos entulhos, enquanto a população saía à cata de madeiras, portais, telhas e esquadrias que, espalhados pelas margens do rio, estavam em condições de reaproveitamento. Cada parte reconhecida pelo dono foi devolvida ao imóvel de origem. Equipes de psicólogos chegaram nos dias seguintes.
Hoje, oito anos após a enchente, percebe-se certo orgulho nos moradores da cidade pelo trabalho que realizaram. Gabam-se por terem sobrevivido à tragédia e dela haverem levantado, talvez maiores e mais solidários. “Com a experiência acumulada aqui temos condição de ajudar nossa irmã São Luís do Paraitinga”, diz Marlene Vellasco, diretora do Museu Casa de Cora. Parte do dinheiro arrecadado pelo museu – R$ 1,3 milhão – foi usada para reforçar muros e a infraestrutura às margens do rio. Porque a população sabe que outras enchentes podem ocorrer, pois são cíclicas.
Há 130 anos houve uma tão forte que levou a Igreja de Nossa Senhora das Graças, no local onde hoje ergue-se, imponente, a nova Cruz do Anhanguera, que substituiu a anterior, construída em 1918. “Dizem que o sino da Igreja da Graça era tão grande que por horas a população ouviu suas badaladas, até desaparecer no Rio Vermelho”, diz Alice Santana Passos, que na época da enchente tinha um restaurante na casa atingida pelas águas.
“O Iphan refez a infraestrutura das casas. Os bens não foram ressarcidos, mas isso não tem importância, porque se arrumam outros”, afirma Alice, de 65 anos, mulher do historiador Hélder Camargo de Passos, que fez um álbum sobre a enchente e a recuperação. O álbum transformou-se num documentário, levado pela superintendente do Iphan de Goiás, Salma Saddi, para São Luís do Paraitinga, assim que recebeu a incumbência de ajudar na recuperação da histórica cidade paulista arrasada pelas enchentes. Salma, que é natural da cidade de Goiás, já era do Iphan quando houve a recuperação e a restauração.
União, Estado e município investiram R$ 3,95 milhões na recuperação da cidade. A Unesco doou R$ 137 mil para a reconstrução. Empresas particulares e estatais doaram outro tanto em dinheiro. A recuperação da cidade ficou em torno de R$ 8 milhões.
O ápice da enchente ocorreu às 10h30 da manhã do dia 31. “Lembro que por volta das 10h30 meu marido chegou e disse que o rio estava agitado desde a manhã”, diz a professora aposentada Messias Ribeiro, de 70 anos. Naquele momento, ela foi para a cozinha. “Mas não deu tempo para nada. A água começou a entrar na casa de uma vez. Foi só o tempo de correr. Não deu para salvar nada.”
Assim como chegaram, de surpresa, as águas foram embora rapidamente. Por volta das 16 horas do mesmo dia 31 o rio já estava de volta ao leito.
O resultado do temporal foi um cenário de destruição. Dona Zizica Vidigal, de 80 anos, dez filhos, aposentada com um salário mínimo, moradora na Rua da Cambaúba, uma das mais atingidas, deu uma espiada na casa por volta das 4 da tarde. “Só tinha lama. Geladeira, pratos, roupas, documentos, tudo tinha ido embora.” O Iphan reconstruiu a casa dela.
Quando a água baixou a população pôde ver com detalhes o que tinha acontecido. A cena era assustadora. A praça onde ficava a Cruz do Anhanguera, em frente à casa da poetisa Cora Coralina (1889-1985), era um buraco; o monumento ao bandeirante fundador da cidade havia desaparecido. Subindo a Rua D. Cândido Penso, rumo à Igreja do Rosário, fileiras de cinco casas de um lado e cinco de outro – entre elas, a de Cora Coralina, hoje Museu Casa de Cora – ainda jorravam a água estancada e ameaçavam desabar; do outro lado, na Rua Moretti Foggia, rumo à Praça do Coreto, mais uma dezena de casas estava na mesma situação – uma delas, o hoje Cine Teatro São Joaquim. Ao longo do rio a situação era a mesma.
O Rio Vermelho nasce 17 quilômetros ao norte de Goiás Velho. Suas nascentes estão prejudicadas não mais pela mineração (que lhe deu o nome por causa da lama das lavras), mas pelo desmatamento, com erosões e assoreamentos que diminuem o volume de água na seca e causam enchentes no período das chuvas. A Agência Ambiental de Goiás estima que 80% das matas ciliares do rio, entre as nascentes e a cidade, foram derrubadas para dar lugar a pastagens.
A enchente do dia 31 de dezembro de 2001 ocorreu porque as águas das chuvas fortes que tinham começado de madrugada se acumularam nas pequenas represas feitas por fazendeiros e nas cabeceiras das pontes acima da cidade.
Por volta das 10 horas uma represa se rompeu, a água ajudou a arrebentar outras e, meia hora depois, a parte central da cidade, que fica próxima ao Rio Vermelho – que 180 km depois se transforma em um dos principais afluentes do Rio Araguaia – foi atingida.
Defender
O que sempre foi motivo de preocupação das comunidades e, muitas vezes, até visível a olho nu agora tem comprovação científica. Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata, traz dados alarmantes sobre o patrimônio cultural brasileiro: 100% das edificações de relevância histórica, principalmente igrejas e casarões, estão ameaçadas pelos cupins, carunchos, traças, brocas e outros insetos xilófagos que devoram as madeiras centenárias.

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