ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

27 abril, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 27-4-10

Portugal - Ministra da Cultura quer combater por via fiscal a destruição dos livros

O Conselho de Ministros discutiu, ontem, um projeto de iniciativa legislativa para isentar de IVA a doação de livros em excesso no mercado, com o objetivo de impedir que sejam destruídos, indicou o Ministério da Cultura.
O projeto - que "será apresentado em breve", embora ainda não haja data marcada, segundo o Ministério - "reforçará o enquadramento legal de isenção de IVA para efeitos de doação de livros em excesso no mercado", para "criar condições para o mercado editorial alterar a prática de destruição de livros que são retirados do mercado por terem esgotado o seu interesse comercial".
A ideia é permitir "uma utilização proveitosa desses livros, através do alargamento do universo de entidades que podem receber livros isentos de IVA, nomeadamente entidades culturais sem fins lucrativos, sem colocar em causa a dimensão económica de um setor em franco crescimento", sublinha o Ministério em comunicado.
Negociações para a celebração de um protocolo estão igualmente a decorrer entre o Ministério da Cultura e a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) para que as editoras deixem de ter de pagar direitos de autor sobre os livros doados que, de outra forma, seriam destruídos.
Com estas iniciativas, divulgadas "no âmbito das celebrações do Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor", que se assinala sexta-feira, o Ministério da Cultura pretende "reafirmar a convicção de que o livro se assume como um instrumento essencial de integração cultural e de reforço no imprescindível combate à iliteracia".
Estas medidas de combate à destruição de livros - uma prática habitual das editoras - surgem na sequência de uma polémica desencadeada a 9 de fevereiro, quando o antigo editor da Asa José da Cruz Santos denunciou ao Jornal de Notícias que milhares de livros do grupo editorial LeYa tinham sido guilhotinados, entre os quais obras de Jorge de Sena e Eugénio de Andrade.
A controvérsia alastrou no início de março, devido a um artigo de opinião de Miguel Esteves Cardoso no jornal Público, em que este criticava ferozmente a atuação do grupo de Miguel Paes do Amaral.
Reagindo à polémica, a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, disse então ao jornal i que a destruição de livros pelas editoras portuguesas era "um massacre" que o Ministério iria "fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para evitar".
Lusa
Sapo.pt



Roma anuncia plano de US$ 31 mi para reformar o Coliseu
Roma, 14 abr (EFE).- O prefeito de Roma, Gianni Alemanno, anunciou um plano para a restauração do Coliseu, um dos monumentos históricos mais importantes da cidade, com custo estimado de US$ 31,3 milhões.
A fim de "limpar o rosto" do anfiteatro Flavio, mais conhecido como Coliseu, o prefeito da Cidade Eterna procura empresários que aceitem participar da iniciativa, que prevê "uma repartição" das zonas a restaurar entre um grupo de patrocinadores.
O projeto prevê a limpeza da fachada norte (custo de US$ 6,8 milhões), a extensão sul (US$ 4,7 milhões), galerias (US$ 9,5 milhões) e dos hipogeus (galerias subterrâneas, US$ 6,1 milhões), além da revisão da segurança das instalações, que custará US$ 1,3 milhão.
A imprensa italiana destaca nesta quarta o projeto anunciado por Alemanno durante viagem com estudantes italianos ao memorial de Hiroshima, no Japão, onde também promoveu o festival de Cinema de Roma, que terá uma seção dedicada ao país asiático, assim como a candidatura olímpica da cidade para os Jogos de 2020.
O prefeito pediu apoio aos empresários do país do sol nascente, mas por enquanto o único a se mostrar disponível foi o proprietário da empresa de moda "Tod's" e da Fiorentina, time que disputa o Campeonato Italiano, o italiano Diego della Vale, que vai liderar a lista de patrocinadores.
Com o pedido de fundos privados, o prefeito está mais perto de cumprir uma velha promessa, terminar a restauração do monumento, que está entre os mais visitados da cidade e em 2007 foi reconhecido como uma das sete maravilhas do mundo.
Além disso, o investimento nasce com o objetivo de conservar o patrimônio cultural da capital italiana para evitar que aconteçam problemas como os do último mês de março, quando se desprendeu o teto da Domus Aurea, o "palácio dourado" onde o imperador Nero viveu seus últimos anos de vida, a poucos metros do Coliseu.





Paixão pelos livros
Obras literárias podem despertar os mais diversos sentimentos: entusiasmo em colecionadores, compulsão em maníacos e repulsa em inimigos da leitura

Bibliotecário, óleo sobre tela, arcimboldo, c.1566, castelo skokloster, estocolmo



O paulista José Mindlin, que morreu, recentemente, aos 95 anos, era advogado, empresário, jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), mas ficou conhecido mesmo como bibliófilo. Sua paixão pelos livros era lendária e traduziu-se num acervo de cerca de 40 mil títulos, que incluíam obras raras e de valor incalculável. Boa parte desta biblioteca foi doada para a Universidade de São Paulo (USP), em um gesto generoso e compatível com o vocábulo bibliofilia, que traduz uma genuína, mas não egoísta, paixão pelos livros. O bibliófilo é um leitor, claro, e um leitor culto, que conjuga sua admiração pelo texto com um afeto pelo objeto livro – um produto que às vezes pode se transformar numa verdadeira obra de arte, quando, por exemplo, é ilustrado por um grande artista.
A bibliofilia não deve ser confundida com a bibliomania (embora no dicionário de língua portuguesa Houaiss as palavras apareçam como sinônimos), uma desordem obsessivo-compulsiva, que não obedece a qualquer critério lógico. O bibliomaníaco às vezes adquire numerosos exemplares do mesmo livro e da mesma edição, sem propósito aparente, apenas movido por um impulso incontrolável. Exemplo disso temos no personagem vivido por Mel Gibson no filme Teoria da conspiração (1997), que se sentia obrigado a comprar um exemplar de O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger, sempre que saía para a rua. A paixão pelos livros é um dos temas de Auto-de-fé, romance de Elias Canetti (1905-1984), Nobel de Literatura de 1981. Nascido na Bulgária, em uma família de judeus sefaraditas, Canetti cresceu falando búlgaro, alemão, inglês e ladino (um espanhol arcaico usado pelos sefaraditas). Publicado em 1935 Auto-de-fé foi imediatamente proibido pelos nazistas e só recebeu atenção depois de 1960, quando foi reimpresso. O protagonista é Peter Kien (provavelmente um trocadilho a palavra espanhola quien, sugerindo que não se sabe exatamente “quem” é esse homem). Especialista em mandarim (idioma chinês), o personagem alia à sua profissão uma tremenda paixão por livros. Ele tem a mais importante biblioteca da cidade, um acervo de 25 mil livros. Mas precisa lutar contra a obsessão de comprar livros (mesmo os ruins): “Felizmente as livrarias não abriam antes das oito da manhã”, diz Canetti, sugerindo que, se isso acontecesse, Peter madrugaria para adquirir livros, que para ele eram mais importantes que os seres humanos; uma pessoa só tem importância se valoriza os livros. Mas existe aí um elemento de ambivalência: em pesadelos ele vê a biblioteca destruída por um incêndio (semelhante às fogueiras da Inquisição que Auto-de-fé evoca). Pior, a cultura que adquiriu não o tornava sábio: é um homem ingênuo, dominado por uma governanta sexagenária, com quem acaba se casando.
Moacyr Scliar é médico, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.

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