ATUALIDADES - 15-7-10
Trem-bala prevê sete estações obrigatórias
Linhas entre os estados de SP e RJ devem ficar prontas até 2016.
BNDES oferecerá R$ 19 bilhões ao consórcio vencedor para obras.
O trem-bala que vai ligar o estado de São Paulo ao Rio de Janeiro vai ter sete estações no trajeto, de acordo com o edital lançado pelo governo nesta terça-feira (13). Serão obrigatórias estações no centro do Rio de Janeiro, no aeroporto do Galeão, em Aparecida (SP), em Guarulhos, no centro de São Paulo (Campo de Marte), em Viracopos e no centro da cidade de Campinas.
Os detalhes do edital foram apresentados nesta terça-feira (13) pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e pelo diretor da Agência Nacional de TransportesTerrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo.
De acordo com o edital, duas outras estações são “flexíveis” –uma no Vale do Paraíba fluminense (Volta Redonda/BarraMansa) e outra no Vale do Paraíba paulista (São José dos Campos).
Queremos que o Estado tenha preferência. Quem for o vencedor, terá de transferir a tecnologia para o Brasil"
Bernardo Figueiredo, diretor da Agência Nacional de TransportesTerrestres (ANTT)
Caberá ao consórcio vencedor definir a necessidade de construção dessas duas novas estações. “É facultado ao vencedor abrir quantas estações achar necessário", afirmou o ministro dos Transportes.
O projeto do trem de alta velocidade ainda prevê outras duas estações consideradas opcionais, em Jundiaí (SP) e em Resende (RJ).
O edital prevê ainda que o valor máximo da tarifa não pode exceder R$ 0,49 por quilômetro na classe econômica. Para a realização do projeto, o governo federal vai oferecer um financiamento de R$ 19 bilhões ao consórcio vencedor por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Esse era um projeto que já vinha sendo trabalhado há mais de dois anos. É importante ressaltar que esse desenvolvimento esteve apoiado pelo Banco Mundial e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. Eles tiveram papel importante para a contratação do consórcio consultor, formado por uma empresa americana que trabalhou muito no desenvolvimento dos estudos. Por outro lado, também nos apoiamos em consultores internacionais, que foram contratados com o apoio do Banco Mundial", afirmou o ministro.
De acordo com o ministro, o governo federal já gastou cerca de US$ 10 milhões na realização de estudos e projetos que possibilitaram a elaboração do edital do trem-bala. As empresas interessadas no projeto terão até o dia 29 de novembro para entregar a documentação necessária. O leilão será realizado no dia 16 de dezembro.
Caso haja empate entre as propostas de menor preço apresentadas pelas empresas, vencerá a que tiver maior tempo de experiência no ramo. "Teríamos de ter algum critério de desempate e como não tínhamos nenhum, resolvemos privilegiar o histórico, quem tem mais experiência", segundo o diretor da ANTT.
Figueiredo negou, no entanto, que os japoneses possam ser beneficiados por esse critério por terem mais experiência no setor. "Eles [japoneses] não partem com vantagem. Isso é normal numa licitação. Estamos apenas pensando na questão do empate. Se empatar, vamos preferir quem tem maior experiência", afirmou.
Além dos japoneses, grupos coreanos, italianos, franceses, alemães, chineses e espanhóis também devem entrar na disputa para a construção do primeiro trem-bala brasileiro.
Geração da empregos
A expectativa do governo federal é que o começo das obras do trem-bala possam gerar cerca de 12 mil empregos diretos e indiretos só na primeira fase da construção. A médio prazo, que se estende até os dez primeiros anos de atuação do veículo, a expectativa é que haja uma geração de até 30 mil empregos diretos e indiretos. Ao longo de 30 anos, 30 mil empregos devem ser gerados com a construção do trem.
Durante os detalhamentos do edital, o ministro Paulo Sérgio Passos explicou os termos da criação da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. (ETAV), que depende ainda de aprovação do Congresso Nacional. De acordo com o ministro, os profissionais que vão atuar na empresa, que deve ser sediada em Brasília, serão recrutados por meio de concurso público.
"Esperamos que o Congresso seja sensível a esse cronograma. Depois de homologada a licitação, há um prazo de 90 dias para a assinatura dos contratos", afirmou o ministro.
Após ser criada, a empresa vai representar a União no acompanhamento dos trabalhos. Caberá à Etav coordenar e intermediar todo o processo de absorção e transferência de tecnologia que está previsto no edital de licitação.
"Queremos que o Estado tenha preferência. Quem for o vencedor, terá de transferir a tecnologia para o Brasil. Ela [a Etav] também tem um papel importante que é o acompanhamento e monitoramento do projeto em todas as suas etapas e vai trabalhar de maneira articulada com a ANTT", disse o diretor do órgão, Bernardo Figueiredo.
De acordo com o edital, a empresa terá também poder de veto, mas, segundo Figueiredo, "não significa nenhum direito da Etav de entrar na gestão da empresa", que terá participação de capital estrangeiro. "É só o poder de veto de qualquer ação que tire a empresa de cumprir seus objetivos. É para não se desviar dele", afirmou Figueiredo.
Iara Lemos Do G1, em Brasília
Lula desconstrói campanha de turismo e destaca perigos do Brasil em 2014
Lula desconstruiu o projeto do ministério do turismo para Copa de 2014 durante discurso na África
Num discurso de improviso, destinado a lançar uma campanha de promoção internacional do turismo no Brasil com vistas à Copa de 2014, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou uma imagem do país que o Ministério do Turismo não gostaria de ver enaltecida.
Lula alertou os estrangeiros sobre o risco de ser mordido por “uma sucuri destreinada”, disse que os brasileiros não sabem inglês mas são bons na arte de “mimicar”, garantiu que o país é tão bem servido de homens quanto de mulheres e lamentou que as pessoas vão ao cinema e na volta não encontram o carro, porque foi roubado.
A cerimônia com a presença do presidente ocorreu num espaço montado pelo governo, num centro de convenções, no coração de Johanesburgo. Lula passou um tempo folheando o discurso preparado para o evento. Mas deixou-o de lado e arrancou gargalhadas já ao mencionar as autoridades presentes. Chamou o prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, de governador, corrigiu-se, mas acrescentou, rindo: “Mas um dia vai ser. Um dia vai ser”.
Lula elogiou a diversidade racial brasileira fazendo um contraponto com outros povos. “Quando você vê a Alemanha em campo, com exceção do brasileiro Cacau, você só vê alemão. Quando você vê o Japão, você só vê japonês. Quando você vê a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, você só vê coreanos, com a diferença que uns riem mais que os outros. No jogo Itália e Servia, não tinha um único negro nem no banco de reservas”.
Curiosamente, o filme exibido pelo Ministério do Turismo, para ser lançado assim que acabar a final da Copa de 2010, mostra um Brasil quase inteiramente branco. Até ao mostrar o público na arquibancada do Maracanã, a publicidade dirigida por Fernando Meirelles exibe em primeiro plano uma mulher loira.
Lula elogiou a beleza do brasileiro. E observou: “Quando eu falo em beleza, vocês têm que compreender que para cada sapo tem uma sapa. Ninguém fica sem seu par”.
Em seguida, o presidente fez uma digressão sobre os motivos que impedem o brasileiro de ir ao cinema. Queria fazer um paralelo com a dificuldade de levar turistas estrangeiros ao Brasil. E disse: “O cidadão vai ao cinema e depois quando vai buscar o carro, roubaram”.
Ao falar das belezas naturais do país, Lula mencionou especialmente o Amazonas, o Pantanal e a Chapada Diamantina. “A floresta mais incrível do mundo, rios maravilhosos, mas tem que ser de maneira ordeira. Se sair da linha, uma sucuri destreinada vai pegar vocês”.
Lula arrancou aplausos ao criticar as companhias aéreas brasileiras, que não têm vôos diretos para a África. Disse que é uma questão de honra para ele, assumida diante do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que este quadro seja mudado. “Não é possível que o avião brasileiro passe sobre a África e não pare. Tem que parar. O africano que quer ir para o Brasil tem que pegar um avião para Paris. Se ele vai até Paris, por que vai para o Brasil depois?”
O presidente também divertiu o público ao falar que o turista que for para o Nordeste vai encontrar um povo muito acolhedor, mas que não sabe falar inglês. “Mas tem a grande capacidade de fazer mímica. É a capacidade de mimicar (sic) do povo brasileiro”. Dirigindo-se a Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais, Lula perguntou: “Esse verbo existe?” E ouviu um não.
Lula encerrou o improviso lendo a última frase do discurso preparado para ser lido. “Eu ia ler meu discurso, mas não li. Então vou ler só a última frase. O Brasil está te chamando. Celebre a vida aqui”, disse, fazendo graça.
Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Johanesburgo (África do Sul)
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