CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 20-8-10
Homossexualidade: a interdição é pré-histórica?
Marcos García Díez, é arqueólogo e um dos curadores da exposição “Sexo na pedra”, que será inaugurada no final de setembro próximo em um dos maiores sítios arqueológicos da Espanha, o Atapuerca.
Foto: placa da caverna La Marche, em Poitou-Charentes, datada de 14000 anos (Marcos García Díez). O catálogo da exposição ainda não foi editado, esta foto é a única disponível.
A ideia central da exposição é mostrar que ”o sexo ligado ao prazer e a sensualidade, e não apenas a reprodução, existe possivelmente há 35.000 ou 10.000 anos (…). Podemos encontrar nesse período a base de nosso comportamento sexual”, afirma o arqueólogo.
Foi uma pedra esculpida e quinze esculturas que representam seres humanos em detalhes de sua anatomia - coisa rara no período pré-histórico - que o convenceu a montar a exposição.
As obras nos permitem descobrir, na sua opinião, as posições sexuais mais variadas, com cenas de masturbação, brinquedos eróticos, um caso potencial de bestialidade e até mesmo uma cena voyer.
As placas não são novidade, já foram analisadas antes, mas ficaram guardadas ou nunca foram mostradas a partir deste ponto de vista da sexualidade, principalmente no tocante a expressões de relação homossexual que algumas dessas imagens indicam.
Como afirma o arqueólogo: « Vocês imaginam o que seria descrever em 1930 ou 1960 as cenas que aparecem nessas placas?”
As Vênus paleolíticas, e suas célebres representações dos atributos femininos, também estão presentes na exposição. Elas ilustram “o conceito de mulher ligada à reprodução”, mas enfatiza o curador:
“… nós descobrimos também um mundo que via o sexo como prazer. Há uma gravura sobre uma placa de pedra que mostra uma mulher de quatro diante de uma pessoa. E, coisa rara, uma outra pessoa em close que os observa. Nós não temos conhecimento de uma cena desse tipo, nem podemos afirmar que o voyerismo realmente já existia, mas parece que ele existiu”.
A exposição evocará também objetos esculpidos em forma de falo, em osso ou pedra “bem conservados”, que podem ter servido como objetos eróticos, embora não seja possível dizer se eram usados por homens ou mulheres.
Uma gravura explícita encontrada sobre uma placa de pedra na caverna La Marche, próxima de Poitiers, na França, assim como outros vestígios descobertos na Europa, indicam por outro lado, sem sombra de dúvida, segundo Marcos García, que o sexo oral também já era praticado naquela época.
Alguns observadores vêem duas mulheres nesta cena. E se apoiam em outras famosas relíquias, como as fêmeas de Gönnersdorf, uma gravura de duas mulheres abraçadas encontrada na Alemanha, para afirmar que a homossexualidade existia também desde aquele período.
O curador da exposição defende que apesar das evidências, não é possível provar nenhuma dessas práticas (ou nem todos tem a mesma interpretação).
“É uma mulher ou um homem? Difícil dizer. Uma série de gravuras poderiam efetivamente demonstrar que a homossexualidade existia já naquela época, principalmente porque essas figuras são de nossos semelhantes, biologicamente. Mas isso é cientificamente difícil de provar através de gravuras.
Para Jim Neill, autor das “Origens e papel das relações homossexuais nas sociedades humanas“, é inevitável que as práticas homossexuais tenham existido no período paleolítico”. Explica ele:
” Os comportamentos homossexuais comumente observados nos primatas [...], e sobretudo os comportamentos sexuais mais elaborados, mais próximos dos humanos, mostram que o forte potencial de relações homossexuais é uma característica geral entre os primatas, incluindo os humanos.”
No entanto, como também ocorre em torno das cenas heterossexuais mais ousadas, há um grande silêncio que sempre pesou durante um longo tempo. Reflexo, segundo Jim Neill, do “forte tabu em torno da homossexualidade que reina nas comunidades científicias e acadêmicas até hoje”.
Pergunta: você não acha que a exposição indica que no meio acadêmico e científico a interdição dos atos e práticas homossexuais também pode ser considerada “pré-histórica”, ou seja, as análises deste período histórico sempre foram feitas a partir de um olhar “puritano” que refletem práticas retrógradas e, infelizmente, também ancestrais?
Sabará-MG – Justiça determina preservação de
casarão
O Ministério Público Estadual conseguiu na Justiça liminar que obriga os proprietários do Solar Melo Viana, em Sabará, Região Centra de Minas, a realizarem obras para evitar que o imóvel venha abaixo. Os donos devem fazer, em 30 dias, obras emergenciais de escoramento das paredes das ruínas e manter o local limpo. Caso descumpram a decisão, serão multados em R$ 1 mil por dia. O ex-governador e ex-vice-presidente da República Fernando de Melo Viana morou no casarão que é parte do Inventário do Patrimônio Cultural de Sabará.
Segundo o MP, pelas características arquitetônicas remanescentes e pela importância dos antigos proprietários, as ruínas do casarão têm relevância cultural. Apesar de toda essa história por trás da construção, o solar está em estado de ruína. A Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural tentou todas as possibilidades para resolver extrajudicialmente o descuido com o casarão, porém não conseguiu. O proprietário foi recomendado a realizar obras emergenciais, mas não começou a reformar o solar. De acordo com o MP, foi proposto um Termo de Ajustamento de Conduta à prefeitura do município que não foi aceito.
O MP propôs, então, uma Ação Civil Pública para que o edifício fosse preservado, mesmo que como ruína. Há inclusive um projeto, elaborado por uma arquiteta da UFMG para a recuperação da ruína na cidade de Sabará. A promotora de Justiça Marise Alves da Silva pede à Justiça que os réus sejam condenados a conservarem e preservarem as ruínas do solar. Caso os donos não cumpram a determinação, no prazo de 12 meses, do projeto elaborado pela arquiteta da UFMG ou qualquer outro profissional habilitado poderá ser executado no local.
História
Em 1887, o solar foi adquirido pelo fazendeiro e comerciante português comendador Manoel Pereira de Melo Viana, casado com Blandina Augusta de Melo Viana. O comprador era pai de Fernando de Melo Viana, ex-governador de Minas Gerais e ex-vice-presidente da República. Fernando de Melo Viana morou poucos anos no casarão, transferindo-se com a mãe para Belo Horizonte. O edifício ficou muito tempo abandonado pela própria família Melo Viana. Há cerca de 20 anos, o lote foi adquirido pela família Lamego. Um dos herdeiros da propriedade chegou a apresentar projeto para revitalização das ruínas com criação de um Museu do Azulejo, mas não avançou com as obras.
http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/08/13/noticia_minas,i=173939/JUSTICA+DETERMINA+PRESERVACAO+DE+CASARAO+EM+SABARA.shtmlJUSTICA+DETERMINA+PRESERVACAO+DE+CASARAO+EM+SABARA.shtml
Iphan vai escorar casarões históricos em Salvador
Imóvel tombado desabou e matou quatro pessoas nesta terça-feira.
Órgão pretende também desapropriar prédios e retirar invasores.
O casarão histórico que desabou em Salvador foi o segundo em 30 dias. No desabamento desta terça-feira (17), quatro pessoas morreram e duas ficaram feridas. No dia 17 de julho, uma mulher morreu no desabamento de um prédio tombado.
Por lei, a obrigação de cuidar dos imóveis é dos donos. Porém, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão responsável pelo tombamento, anunciou uma ação emergencial: casarões em risco de desabamento serão escorados nos próximos meses. Em nota, o Iphan afirma que serão usados R$ 9 milhões nas obras de escoramento, que serão concluídas em cinco meses.
O governo da Bahia pretende desapropriar, no total, 111 imóveis tombados que correm risco de desabar, conforme dados de um levantamento feito pela Defesa Civil de Salvador. Invasores também serão retirados de imóveis ameaçados. O órgão diz ainda que pretende estudar projetos de recuperação dos imóveis.
Desabamentos frequentes
Nesta terça-feira, já amanhecia quando os bombeiros começaram a resgatar os corpos dos quatro catadores de papelão que morreram soterrados.
O teto do casarão vizinho desabou junto com uma parede lateral e atingiu as ruínas de um sobrado, onde eles moravam. Outros três catadores conseguiram escapar.
"Para eu esquecer disso aí, compadre, vai demorar muito”, diz o catador de papelão Jorge Almeida.
Do G1, com informações do Jornal Nacional
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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