CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 23-9-10
Projeto ameaça reduzir nível de preservação do Parque do Sumidouro em Minas Gerais
Menos de três meses depois de inaugurado, o Parque Estadual do Sumidouro sofre uma grave ameaça. Um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas pretende reduzir o nível de proteção da área, mundialmente famosa pela riqueza do patrimônio natural, arqueológico e histórico. O texto, que nos próximos dias será avaliado pelas comissões de Justiça e Meio Ambiente, pretende extinguir o parque, transformando-o apenas em área de proteção ambiental (APA) e unidade de desenvolvimento sustentável. Ambientalistas criticam a iniciativa e argumentam que o projeto encobre interesses de indústrias de cimento e de extração de pedras.
Situado numa área de 2 mil hectares, entre Lagoa Santa e Pedro Leopoldo, na Grande Belo Horizonte, o Parque Estadual do Sumidouro foi inaugurado em junho, depois de 30 anos de batalha. O local, repleto de grutas e lagos, serviu de morada para o homem da era da pedra lascada; abrigou o bandeirante paulista Fernão Dias, que ali abriu caminho para a Estrada Real; e, no século 19, se revelou um fértil campo de pesquisa para o dinamarquês Peter Lund (1801-1880), considerado o precursor da paleontologia brasileira, que descobriu fósseis humanos e animais na Lapa Vermelha, em Lagoa Santa.
O processo de implantação do parque, iniciado em 1980, só foi concluído este ano com a regularização fundiária de 80% da área de preservação. As desapropriações custaram R$ 38 milhões aos cofres públicos e mais R$ 1 milhão foi investido na construção da sede administrativa, de um centro receptivo de turistas e de um laboratório de pesquisas e na restauração da Casa de Fernão Dias. Além disso, já foi lançada a primeira fase do projeto Rota Lund, um roteiro turístico que vai do Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, em BH, passando pelo Sumidouro, até Cordisburgo, na Região Central de Minas. O parque também será sede do Sistema de Áreas Protegidas (SAP) do Vetor Norte, que, na solenidade de inauguração, ganhou quatro novas unidades de conservação, todas nas proximidades da reserva.
30 anos de luta
O Projeto de Lei 4.840/2010, de autoria do deputado estadual Adalclever Lopes (PMDB), pretende transformar o parque em "área de proteção ambiental e unidade de conservação sustentável". Na prática, isso significa regras menos rígidas para a exploração da área. Revoltados, ambientalistas organizam um abaixo-assinado em defesa da preservação do Parque Estadual do Sumidouro. "Em dois artigos, a lei acaba com uma luta de mais de 30 anos e ainda desconsidera todo o investimento feito pelo estado. Como parque, estão impedidas várias atividades, como pesca e extração de pedras. A lei quer diminuir a proteção do território, alegando desenvolvimento sustentável. Mas, por trás disso, há muitos outros interesses", afirma um dos organizadores do abaixo-assinado, Procópio de Castro, que é presidente do Subcomitê do Ribeirão da Mata, mobilizador do projeto Manuelzão/UFMG e conselheiro da APA Carste de Lagoa Santa e dos Parques Estaduais do Sumidouro e do Serra Verde.
De acordo com a assessoria do deputado Adalclever Lopes, o objetivo do projeto é encontrar uma solução que cause menos impactos para a população que retira o sustento de atividades na área.
Glória Tupinambás - Estado de Minas
Ruínas de aldeias pré-históricas são encontradas no norte da China
Arqueólogos anunciaram hoje a descoberta de ruínas de duas aldeias pré-históricas na cidade de Tongliao, na Região Autônoma da Mongólia Interior, norte da China.
Identificadas na primavera, as ruínas da aldeia de Hamin'aile, na Bandeira (divisão administrativa equivalente a Distrito) Esquerda Média de Horqin, podem ter sua origem na Cultura Hongshan, datada de 5 mil anos atrás, anunciou Ji Ping, pesquisador do Instituto de Patrimônios Culturais e Históricos e Arqueologia da Mongólia Interior.
Os arqueólogos escavaram cerca de 1,2 mil dos 200 mil metros quadrados do sítio histórico, onde foram descobertas casas e túmulos, disse Ji.
"Também foram encontradas peças de barro picado como jarras e potes. É a primeira vez que utensílios desse tipo são descobertos em um sítio pré-histórico do nordeste da China", apontou o pesquisador.
"Encontramos também ossos de veados e roedores, o que nos leva a crer que eles viviam da caça", acrescentou Ji.
O outro grupo de ruínas situa-se na aldeia de Nanbaoligaotu, na Bandeira de Jarud. No local, com uma área total de 10 mil metros quadrados, foram encontrados mais de 200 artigos de cerâmica, barro e jade.
Diferentemente das descobertas da aldeia de Hamin'aile, os artigos de jade da aldeia de Nanbaoligaotu foram feitos de jade banco, encontrado principalmente à volta do Lago Baikal, na Rússia. Esta é a primeira vez que objetos deste tipo são escavados no nordeste da China, revelou Ji.
As descobertas ofereceram informações essenciais para a pesquisa de cultura pré-histórica da região, disse.
Paranapiacaba: passeio de trem começou domingo
Dois vagões, com 87 lugares cada, levarão turistas à vila histórica em Santo André, que cresceu no século 19 em torno da linha férrea
A vila histórica de Paranapiacaba, em Santo André, no ABC paulista, nascida por causa do trem, volta a ser ponto de locomotivas. A partir de domingo, será possível fazer os 48 km do trajeto Luz-Paranapiacaba por trilhos. Trata-se do novo itinerário do projeto Expresso Turístico, criado há 1 ano e meio pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Roteiro.
Novo trajeto da CPTM é o terceiro a integrar projeto turístico: bilhetes a partir de R$ 28
Paranapiacaba foi fundada justamente no entorno da linha férrea instalada ali no século 19 - surgiu como centro de controle operacional e residência para os funcionários da companhia inglesa São Paulo Railway. Assim, a chegada do Expresso Turístico ao distrito, de certa forma, evoca a sua origem. "Isso é muito simbólico", diz o secretário adjunto de Transportes Metropolitanos, João Paulo de Jesus Lopes. As passagens já estão à venda nas Estações Luz e Celso Daniel, em Santo André, das 6h às 18h30.
Engana-se, entretanto, quem pensa que o turista vai chegar lá e encontrar o histórico bairro tinindo. Há tempos, a conservação e restauro do patrimônio histórico do bairro vêm sendo negligenciados. "Não tenho visto um trabalho de manutenção", diz a artista plástica e dona de pousada Cristina Telles Gomes, que vive ali há 12 anos. "É algo que preocupa muito, como se fosse um pedaço da gente que vai se estragando", completa Zilda Bergamini, moradora de Paranapiacaba desde 1970, proprietária de um bar e diretora da União Esportiva Charles Miller.
O entorno da estação ferroviária, cheio de vagões de trem abandonados, aliás, já é um péssimo cartão de visitas. "Não podemos mexer ali porque há questões de preservação histórica", defende-se Lopes.
Sem fumaça. O Expresso Turístico não é uma daquelas históricas marias-fumaça, presentes no imaginário popular. São duas locomotivas a diesel, modelo Alco RS-3, ano 1952, e uma General Electric U20C, fabricada na década de 1960. Cada qual conduz dois vagões de passageiros, cada um com 87 lugares, feitos de aço inoxidável, fabricados no Brasil nos anos 1950 - cedidos pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária e restaurados pela CPTM.
Os vagões pertenciam à Estrada de Ferro Araraquara, e operavam na linha conhecida popularmente como Araraquarense - São Paulo, Campinas, Araraquara, São José do Rio Preto e Santa Fé do Sul. Esse percurso foi inaugurado em 1898. Até 1955, só trens a vapor (a maria-fumaça) circulavam pela linha, com vagões de passageiro de madeira.
Na Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), esses vagões trabalharam até 1998 e foram os últimos trens de passageiros de longo percurso no Estado. "Conseguimos guardar alguns exemplares", diz Anderson Conte, membro da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária. No Expresso Turístico, são rebocados pelas locomotivas a diesel da CPTM.
O projeto. Em abril, o Expresso Turístico completou um ano, registrando mais de 12 mil viajantes nos dois trajetos em operação: Luz-Jundiaí (aos sábados) e Luz-Mogi das Cruzes (quinzenalmente aos domingos). No total, foram realizadas 75 viagens. O trajeto até Jundiaí, primeiro a ser implementado, concentrou o maior número de turistas no primeiro ano: 9,4 mil. O até Mogi das Cruzes, realizado desde junho de 2009, computou 2,8 mil passageiros.
Edison Veiga - O Estado de S.Paulo
Pablo Liebert/AELocal serviu de morada para o homem da pedra lascada e abrigou o bandeirante Fernão Dias Paes Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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