ATUALIDADES - 16-3-11
Emprego nas indústrias reduz ritmo de expansão
O nível de emprego nas indústrias brasileiras neste início de ano ainda é maior frente ao observado no mesmo período de 2010, mas o ritmo das contratações vem reduzindo, segundo dados da pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada ontem.
Pelo levantamento, em janeiro, na comparação com igual mês do ano passado, o crescimento é de 2,7% nas vagas no País. Em dezembro, havia sido de 3,4%. O auge das admissões foi em julho, com expansão de 5,3%.
Em São Paulo, a desaceleração também é verificada. O emprego cresceu 2%, depois de expansão de 2,9% no último mês do ano.
O movimento mais fraco de abertura de postos de trabalho também é observado quando se compara o mês a mês. No Brasil, em janeiro, houve queda de 0,1% em relação ao último mês de 2010, quando o indicador já havia recuado 0,1% frente a novembro.
Segundo o economista Fernando Abritta, da coordenação de indústria do IBGE, a tendência de menor crescimento no volume de contratações acompanha o ritmo mais fraco da atividade industrial - que acumula queda de 2,7% desde o segundo trimestre de 2010.
O professor Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, cita que a base de comparação também é desvantajosa. Isso porque no início do ano passado, estavam em vigor medidas de incentivo à produção - como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzidos para carros. Mas ele concorda que a economia vem em ritmo menor.
Isso, por sua vez, ocorre, de acordo com Abritta, pela forte entrada de importados, com o real sobrevalorizado e também pela política do governo de elevar taxas de juros para desaquecer o consumo e conter a inflação.
O economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Rogério de Souza, tem avaliação semelhante. "Os dados mostram que o emprego está estagnado. Isso reflete o que já vinha acontecendo na produção. E o fator principal é o câmbio", afirma.
Ele destaca que o efeito cambial tem gerado a substituição da produção nacional pela importação. Estudo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) mostra que 21,8% do consumo nacional hoje é de itens adquiridos do Exterior, 3,5 ponto percentual mais que em 2009.
Falta de incentivo dificulta concorrência com item estrangeiro
A perspectiva de empresários e economistas é de que ritmo de contratações fique a cada mês menos intenso neste ano. "Estamos patinando por falta de incentivo à produção nacional", afirma o diretor titular da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Mauro Miaguti.
"Os sinais não são muito promissores. O indicador de horas pagas - que costuma apontar o que ocorrerá com o emprego nos meses seguintes - teve queda de 0,1% em janeiro", afirma o economista Rogério de Souza. Ele também avalia que o governo precisa ter atenção com a indústria, por exemplo, desonerando exportações e fortalecendo o combate à importação desleal.
Leone Farias
do Diário do Grande ABC
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