ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

15 abril, 2011

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 15-4-11

Conservação, o restauro e o espaço
A delicadeza e fragilidade das obras raras são admiráveis. Para sua preservação, iniciativas de restauro devem contar com o apoio de uma equipe bem treinada, atividades de conservação preventivas – envolvendo a ação de funcionários e a conscientização de usuários – e um local que permita seu armazenamento adequado. As bibliotecas brasileiras têm se aperfeiçoado nessas atividades, formando profissionais especializados e promovendo reformas que permitam melhor armazenamento de seus acervos, principalmente nesse setor de obras especiais.
Na Biblioteca Central César Lattes, da Universidade Estadual de Campinas, o “espaço físico destinado a abrigar os livros raros, tornou-se insuficiente para armazenar novas coleções”, afirmam Marta do Val e Tereza de Carvalho, da Diretoria de Coleções Especiais e Obras Raras da Unicamp. Mas o problema está com os dias contados. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) aprovou uma verba de 11 milhões para a construção de um novo edifício, ao lado da Biblioteca Central, para abrigar tal acervo. A conclusão da construção está prevista para daqui a dois anos. Porém, ainda não é certo que todas as obras raras espalhadas pela universidade serão reunidas no local. Já se sabe que serão integrados os acervos documental e bibliográfico da Coleção Sérgio Buarque de Holanda que estão, respectivamente, no Siarq (Arquivo Central do Sistema de Arquivos) e na própria BCCL. Diante disso, “as perspectivas são as melhores possíveis principalmente em relação à preservação e conservação desse acervo”, garantem do Val e Carvalho.
Fechada para obras. Esta é a situação da Biblioteca Central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, inclusive da seção de obras raras, que passará a dispor de um espaço mais adequado ao seu armazenamento, conservação, e ao acesso dos pesquisadores. A reforma – totalmente custeada pela instituição – prevê mudanças na climatização, substituição das estantes atuais por deslizantes e a criação de uma sala de consulta exclusiva para as raridades. Apesar da entrega estar prevista para junho deste ano, ainda não há data marcada para a reabertura ao público, esclarece a bibliotecária Ana Rüdiger.
Outra biblioteca que passou por uma recente reforma foi a Mário de Andrade, cujas obras no edifício principal e anexo somaram 26 milhões de reais financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sendo que 15% desses recursos foram empregados pela própria Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo. Além das obras estruturais, foram realizados tratamentos em todo acervo. A ordem agora é prevenir “para retardar ao máximo uma nova reforma do porte da atual”, afirma William Okubo, diretor substituto e supervisor de acervo. Após anos sem funcionários da área de conservação, a biblioteca conta, desde julho de 2010, com uma especialista para as atividades preventivas e de diagnóstico. Além disso, “os funcionários da Seção de Obras Raras têm frequentado cursos especiais de atualização”, como os oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pela Associação Brasileira de Encardenação e Restauro (Aber). Também “foi produzido um Manual de Procedimentos para padronizar as atividades de conservação preventiva que as obras raras merecem”, garante Rizio.
Quem orientava a rotina de conservação e restauro do acervo da Biblioteca Brasiliana José e Guita Mindlin era a esposa de José Mindlin, Guita. Especialista na área, ela criou em São Paulo, junto com Teresa Teixeira, a Aber, responsável pela formação da maioria “das pessoas que trabalham com conservação e restauro em todo o Brasil”, segundo Cristina Antunes, curadora desta biblioteca. Apesar de Mindlin ter como princípio a compra de exemplares completos e em bom estado, quando essa regra era quebrada, sua esposa orientava todo processo, cujas dificuldades eram o cuidado, a lentidão e o alto custo do trabalho de restauração. O desejo de que “a obra de uma vida” não fosse desmembrada, mas sim conservada em um lugar digno e em condições adequadas e por ter extrapolado o sentido de uma coleção particular, ganhando, cada vez mais, um caráter público, o casal optou por vinculá-la a uma instituição pública e oficial paulistana, a serviço de estudiosos e da cultura brasileira, através de sua doação. Assim, a Brasiliana dos Mindlin está prestes a ser transferida para suas novas instalações na Universidade de São Paulo (USP) que, por sua vez, “se dispôs a honrar todas as condições necessárias para a manutenção e conservação do acervo e sua disponibilização aos pesquisadores e interessados em todas as áreas de estudos brasileiros”, cini explica Antunes. Esse acervo numeroso e valioso estará disponível no campus universitário, servido de uma equipe e de um laboratório, onde serão realizados restauros e encadernações.
Mas, esse projeto inicial foi o inspirador de outro, o Brasiliana USP, pertencente à reitoria da USP e concebido pela BBM e pelo professor do Instituto de Estudos Avançados István Jancsó, morto em 2010. Atualmente, o projeto é coordenado por Pedro Puntoni, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da mesma universidade. O objetivo é disponibilizar não somente os acervos da Mindlin, mas também a totalidade de obras da instituição pela internet, acreditando na “importância da democratização da informação através do acesso livre,irrestrito e gratuito a essas obras”, contribuindo, também, para a preservação das obras físicas, uma vez que os livros raros dos vários acervos estarão disponíveis em versões digitais.
Com um serviço de preservação próprio, que é referência em tratamento de livros raros, a Fundação Casa de Rui Barbosa, localizada no Rio de Janeiro, além de atender às necessidades de sua coleção, oferece cursos, seminários e estágios orientados na área – iniciativa bastante louvável num país que possui poucos especialistas capacitados em executar intervenções nesse tipo de acervo. Ainda assim, pondera Dilza Bastos, chefe do Serviço de Biblioteca da Fundação, “evita-se o manuseio daquelas obras raras já digitalizadas, preferindo-se o acesso ao documento eletrônico”.
Situação semelhante é a da Fundação Joaquim Nabuco, que também possui um Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte (Laborarte) – responsável por práticas de conservação e restauração de documentos, livros e obras de arte. Com apoio e incentivos provenientes da própria instituição, é mantida “uma política de digitalização documental que contribui para a conservação do acervo, possibilitando o acesso e minimizando o manuseio da documentação rara”, explica Lúcia Gaspar.
Na Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna/MPEG, a conservação do acervo raro tem sido preventiva, incluindo a conscientização e orientação dos usuários quanto aos critérios e normas de uso de tais raridades. Apoio e incentivos a essas medidas chegam através de projetos e, também, por meio da iniciativa ministerial. Porém, dificuldades como a “falta de conteúdo programático nos cursos das universidades da região Norte, sobre conservação de acervo antigo, raro e valioso”, implicam na redução do número de profissionais locais “com perfil e qualificação adequada para lidar com este tipo de acervo”, o que é agravado pela concentração de mão de obra qualificada no eixo Centro-Sul, explicam Aldeídes Camarinha e Berenice Bacelar, coordenadora do Centro de Informação e Documentação (CID) e curadora da coleção de obras raras da biblioteca do Museu Goeldi. Apesar do fechamento da referida biblioteca para reforma, a consulta à Coleção de Obras Raras continua aberta à visitação, uma vez que seu espaço foi recém-estruturado através de um projeto apresentado ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), em 2009.
Embora no Real Gabinete Português de Leitura não haja laboratório de restauração, a instituição – privada e mantida com recursos próprios – possui em seu quadro de funcionários três encadernadoras que realizam pequenos reparos necessários, esclarece a bibliotecária Vera de Almeida. Diferente do Centro de Informação e Documentação (Cedi), pertencente à Biblioteca Pedro Aleixo, onde existe um setor próprio que monitora as condições de temperatura e umidade do acervo, cuidando também de sua higienização, desinfecção e restauração. Enquanto na Biblioteca de Ciências Biomédicasda Fiocruz, a preocupação não se restringe apenas aos microorganismos. “A segurança de acervos tem sido uma preocupação constante (...). Sinistros (inundações, alagamentos, incêndios...), ações criminosas de depredação e furto, entre outras tantas, também se constituem em danos causados aos acervos bibliográficos”, afirma Jeorgina Rodrigues.
O Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras – Planor/FBN
Em outubro de 1983, foi criado o Plano Nacional de Restauração de Obras Raras, subordinado ao Departamento de Processamento Técnico da Fundação Biblioteca Nacional, com o objetivo de orientar “procedimentos e técnicas de conservação e restauração de acervos raros, bem como a implantação de laboratórios de restauração, treinamento de pessoal de outros estados, monitoramento do uso de recursos, estruturação do Repertório Bibliográfico Nacional, dentre outras ações”, explica Rosângela Von Helde, bibliotecária e atual gerente do plano.
Em 1994, sua nova nomenclatura substituiu, por decisão do Ministério da Cultura, a palavra “restauração” por “recuperação”. A partir de 2004, o projeto passou a ter gerência própria, bem como seus objetivos foram reestruturados através do surgimento de novas ações, como: “programas de treinamento e capacitação em identificação, organização e tratamento técnico de livros raros; elaboração de critérios de raridade; assessorias e visitas técnicas; promoção de eventos (Encontro Nacional de Acervo Raro – Enar); gerenciamento do Catálogo do Patrimônio Bibliográfico Nacional – CPBN, que reúne registros bibliográficos de obras dos séculos XV ao XIX, de acervos raros de instituições públicas e privadas existentes no país”. Atualmente, busca-se ampliar tal catálogo, através do contato com as instituições mapeadas pela equipe, na tentativa de elaborar um Guia do Patrimônio Nacional de Acervos Raros e Antigos, que será publicado em breve.
Entre as instituições envolvidas nessa matéria, a Biblioteca Central/UFRGS; a Fundação Casa de Rui Barbosa; a Fundaj; a Fiocruz; e o Museu Paraense Emílio Goeldi afirmaram realizar ou já ter participado de algum tipo de atividade conjunta com o Planor/FBN. A bibliotecária da Pedro Aleixo, Matie Nogi, lamentou não haver “nenhuma ação neste sentido, embora haja interesse da instituição em formalizar um trabalho de colaboração dessa natureza”. Segundo a gerente do plano, é importante ressaltar para as instituições interessadas que “o campo de atuação do Planor é restrito aos acervos raros (...). Não há seleção ou necessidade de publicação de editais”. Mais informações podem ser obtidas através dos contatos disponibilizados no site do plano: http://www.bn.br/planor/.
Maria Clara Rabelo
Com Ciência

Antigos “códices cristãos” encontrados podem ser falsos
 

70 livros de metal supostamente descobertos em uma caverna na Jordânia foram aclamados como os primeiros documentos cristãos. Datados de poucas décadas após a morte de Jesus, os estudiosos dizem que os “códices” são a descoberta arqueológica mais importante da história.
Os livros são bastante inéditos, visto que nunca foram encontradas relíquias do movimento cristão primitivo. Aos poucos, porém, a excitação dessa descoberta foi acalmada por questionamentos quanto à autenticidade dos códices, cujo ponto de apoio eram páginas em chumbo fundido, ligadas por anéis de chumbo.
Recentemente, um tradutor aramaico, Steve Caruso, concluiu sua análise dos artefatos, e afirmou ter uma evidência irrefutável de que eles são falsos.
O especialista obteve fotos de todos os textos. Examinando-as, confirmou que havia um monte de formas de escrita aramaicas velhas (com pelo menos 2.500 anos), mas percebeu que elas estavam misturadas a outras formas de escrita mais jovens.
Olhando apuradamente, o tradutor concluiu que nunca havia visto um tipo de mistura daquelas. Os manuscritos mais novos que ele identificou, chamados Nabatean e Palmira, datam do segundo e terceiro séculos, o que prova que os documentos não poderiam ter sido escritos durante os primórdios do cristianismo.
Segundo a nova análise, mesmo os manuscritos mais antigos foram escritos por alguém que não sabia o que estava fazendo. Há inconsistências no modo como foi feita a ordem da escrita. O pesquisador afirma que os escribas tinham formas muito específicas de escrever. Além disso, vários caracteres apareceram “tremidos”, um erro que implica que eles foram copiados às pressas, e não são originais.
Um arqueólogo grego, Peter Thonemann, já tinha afirmado que as imagens que aparecem nos códices, incluindo uma de Cristo na cruz, eram anacrônicas. Segundo ele, a imagem que dizem ser Cristo é na verdade o deus do sol Hélios, a partir de uma moeda que veio da ilha de Rodes. Também há algumas inscrições em hebraico e grego nos manuscritos. O arqueólogo acredita que os códices foram falsificados nos últimos 50 anos.
O que não significa que os livros já foram desacreditados. Um estudioso de arqueologia religiosa antiga, David Elkington, continua a acreditar na autenticidade dos códices. Durante meses, ele e sua equipe têm tentado ajudar o governo jordaniano a recuperar os códices de Israel, para onde foram contrabandeados.
Eles argumentam que os códices mostram imagens de Jesus com Deus, bem como um mapa de Jerusalém e um texto discutindo a vinda do Messias. Além disso, os livros foram supostamente encontrados perto de onde refugiados cristãos acamparam, na época. A equipe ainda identifica um fragmento de leitura do texto que diz “Eu andarei em retidão”, uma possível referência à ressurreição de Jesus.
No entanto, David, um dos únicos defensores dos códices, parece estar sem credenciais acadêmicas. Outros estudiosos questionam que o “arqueólogo britânico” não é um arqueólogo. Ele parece não ocupar nenhum cargo ou posição acadêmica, e muitos dos seus trabalhos não seriam aceitos por qualquer acadêmico ou estudioso.
Os especialistas que fizeram análises posteriores dos códices – e que concluíram que eles são falsos – reclamam do embalo dos meios de comunicação. Segundo eles, a mídia acabou dando um impulso para o assunto. Algumas boas fotos provavelmente também ajudaram. Tudo parecia convincente sobre a superfície; com um pouco mais de tempo e prudência, os veículos teriam percebido que David Elkington, que trouxe o assunto para primeiro plano, está à margem da academia.
Relíquias cristãs falsas são relativamente comuns. Segundo pesquisadores, as pessoas querem muito encontrar provas materiais dos dois primeiros séculos do cristianismo, mas isso é muito difícil porque o número de cristãos neste período era incrivelmente pequeno – provavelmente menos de 7.000 por 100 d.C. – e eles não se distinguiam materialmente dos seus irmãos judeus. [LiveScience]
Natasha Romanzoti
Hype Science

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