ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

19 dezembro, 2007

SILVIO RIBEIRO, PAPAI NOEL PROFISSIONAL

Atrás da barba branquinha, a voz grave e a enorme barriga coberta pela roupa vermelha, existe muito mais do que um homem fantasiado. Esses atores – quase sempre anônimos – dedicam-se a manter uma tradição viva e a alegrar as pessoas envolvidas pelo "espírito natalino". Além disso, eles encontram na interpretação do Bom Velhinho uma carreira de sucesso, fazendo o que realmente têm vocação: fazer as crianças mais felizes. Para encerrar o ano, o Jornal Carreira & Sucesso conversou com Silvio Ribeiro, ator, empresário e professor, reconhecido como o Papai Noel oficial da cidade de São Paulo pela Revista Imprensa. Com a experiência de 32 anos na profissão, Ribeiro foi homologado o Papai Noel com mais tempo em atividade no Brasil e o criador do primeiro curso de capacitação do País. Saiba mais sobre esse interessante profissional:
Jornal Carreira & Sucesso: Como surgiu seu interesse em trabalhar como Papai Noel?
Silvio Ribeiro: Tudo começou há 40 anos. Trabalhava nas Lojas Pirani, e no Natal vestia-me de Papai Noel, circulando pelo local. Era um trabalho sem remuneração, pois como era funcionário da recepção de mercadorias, só podia atuar após o meu expediente. Daí nasceu o fascínio pelo personagem. Os funcionários riam porque eu era muito jovem (18 anos) e tinha um travesseiro improvisado na barriga. Chamavam-me de "neto do Papai Noel". Trabalhei na NCR (National Cash Register Company) na área de mainframes (antigos computadores de grande porte), passando por um ano de estágio em Ohio (USA). Lá, à noite, trabalhava como Papai Noel em uma grande loja e um estúdio cinematográfico me contratou para fazer uma ponta num filme onde atuei como Papai Noel. Fui também o Noel da festa de confraternização da NCR. Quando voltei para o Brasil, me formei em Informática e trabalhei no CPD (Centro de Processamento de Dados) da Varig, Citibank e Mackenzie. Fui professor de Informática no Mackenzie, onde implantei o Curso de Informática para a Melhor Idade. Foi quando comecei a sentir que me faltava algo: o palco onde sempre estivera no teatro amador de Marília, onde também cantei no rádio. Comecei a fazer teatro infantil e fui aprovado no teste para o curso de atores da Escola de Arte Dramática da USP. Foi nessa época, 1975, que conheci a atriz Nicete Bruno, que dirigia uma instituição de caridade, a Casa da Fraternidade em Pirituba. Ela pediu para fazermos um show beneficente para as crianças. Improvisamos uma roupa e fui escolhido para representar o personagem. Foi maravilhoso, pois nos tempos da Pirani as mães pouco saíam de casa à noite com crianças pequenas para fazer compras e na loja só havia adultos. Ao vestir o figurino, vesti também o personagem por toda a minha vida.
C&S: Como desenvolveu as técnicas para trabalhar como Papai Noel?
Ribeiro: Na época do Shopping Iguatemi, tive de contratar mais um Papai Noel para dividir a carga horária. Abri a Claus Produções Artísticas, que passou a atender ao Shopping Eldorado, sua rede de hipermercados e o Shopping Morumbi. Havia muita gente inexperiente, senhores aposentados que nunca haviam exercido o ofício, pois era um mercado de trabalho novo para a época. Fui um dos pioneiros. Partindo dessa necessidade, sem me dar conta, estava criando o primeiro Curso de Capacitação de Papai Noel do Brasil.
C&S: Por que decidiu criar o curso?
Ribeiro: Formar e qualificar profissionais. Reciclar aqueles que já atuavam, mas sem as técnicas adequadas. Prepará-los para um novo mercado de trabalho que surgia, dando oportunidade a senhores desempregados e aposentados de terem uma renda extra no Natal. Acredito que, ao longo dos 32 anos que ministro o curso, já formei mais de mil pessoas, entre Papais Noéis, Mamães Noéis e Noeletes.
C&S: O que os candidatos aprendem no curso?
Ribeiro: Conto a história de São Nicolau, apresento o figurino, ensino como conversar com as crianças, adolescentes, adultos e idosos. Como fazer a maquiagem, cases e a técnica de como fazer o “Ho Ho Ho”. Todos também aprendem a Oração Ecumênica do Papai Noel. A duração é de um dia inteiro. Mas os contratados passam por outro curso em que farão sozinhos a maquiagem e exercitarão expressão facial, corporal, etc.
C&S: Qual a maior vantagem da sua profissão?
Ribeiro: A magia, o lúdico que envolve as crianças, idosos e adultos. As crianças se aproximam e conversam com o Papai Noel, como se fossem velhos conhecidos. Muitas sabem que o presente será comprado pelos pais, mas querem "confirmar" ou "trocar" com o Papai Noel. Os idosos amam o personagem, pois quando eram criançinhas não havia tanto Papai Noel como hoje. A imaginação, o sonho e o afeto pelo Bom Velhinho eram mais intensos e o Natal era esperado com mais ansiedade. Os adultos brincam, pedindo um marido, uma Ferrari, outra sogra, etc.
C&S: O que é essencial para ser um bom Papai Noel?
Ribeiro: Ser amável, carinhoso, alegre, paciente, bonachão, gordinho e barrigudinho, como o Noel do cartão de Natal. Enfim, estar de bem com a vida. Há também aqueles requisitos básicos como disponibilidade total de horários, estar bem de saúde, boa dentição, não depender de óculos de grau muito elevado, pois o Noel usa um óculos decorativo.
C&S: Como é o mercado de trabalho para os Papais Noéis?
Ribeiro: Cresce mais a cada ano com o surgimento de novos shoppings e hipermercados. Mas aqueles profissionais que usam barba artificial, fizeram o curso profissionalizante comigo e ao longo dos anos se aprimoraram na arte são os mais prejudicados pela exigência da barba natural. Hoje em dia, muitos senhores deixam crescer a barba apenas para faturar uns bons trocos no Natal. Com isso, julgam serem Papais Noéis e acabam admitidos nos shoppings.
C&S: O período do Natal é um espaço relativamente curto de tempo para trabalhar. Durante o resto do ano o senhor se dedica a quais atividades?
Ribeiro: Dou aulas particulares de informática para executivos e para a terceira idade. Já fui professor de grandes empresários, médicos, escritores, alguns políticos e até de um governador de Estado. Faço palestras sobre história da música em faculdades e escolas, incentivando os jovens a conhecerem outros ritmos e músicas que não tocam mais nas rádios e a adquirirem o que chamo de cultura musical, tão pobre em nossos dias. Desde 1985, sou apresentador e comentarista em espetáculos de ópera e recitais com cantores líricos do Teatro Municipal de São Paulo.
C&S: Como é feita a caracterização do personagem?
Ribeiro: Os alunos aprendem como se maquiar, lembrando o Papai Noel nórdico, do cartão de Natal, com bochechas rosadas e sobrancelhas brancas. Usam uma base inodora, com vitamina A.
C&S: Que dicas o senhor daria para quem quer vestir-se de Papai noel para a família?
Ribeiro: Faça uma boa maquiagem com um blush rosado ou misture uma base branca para maquiagem de palhaço com um pouco de vermelho. Cubra bem o rosto, da testa até as bochechas e o nariz. Esconda bem sinais, pintas ou cicatrizes.
· Pinte as sobrancelhas com a base branca (maquiagem para palhaço, uma pomada branca com pouco odor ou em último caso, creme dental, mesmo) usando uma escova dental, deslizando-a contra o sentido dos pelos. Depois com um pincel ou cotonete desfiado, aplique amido de milho que deixará sua sobrancelha bem encorpada.
· Para os lábios, um pouco de batom, sem exagero.
· Se for magro, alugue uma barriga postiça ou improvise com uma almofada redonda.
· Não use o perfume ou talco costumeiro. As crianças podem identificá-lo pelo olfato.
· Não se esqueça de tirar o relógio ou pulseira e use luvas brancas.
· Óculos comuns, nem pensar! Use óculos de leitura, de armação dourada, a um dedo da ponta do nariz.
· Mude o tom de voz. Papai Noel tem a voz mais grave.
· Assuma a postura do Papai Noel bonachão. Alegre, feliz. E não se esqueça do “Ho Ho Ho”!
· Mensagem de Natal é opcional. Se houver clima, adapte o que dizer de acordo com o estilo de cada família. Dê sua mensagem ao chegar. Fale pausadamente, em tom audível para todos. Não exagere em discursos longos ou piegas. Cuidado: se falar muito, as crianças poderão identificá-lo.
Naísa Modesto
Catho online

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