CULTURA, PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL - 17-11-2008
A obra no valor de R$250 mil reais foi o resultado de um trabalho do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico com a supervisão do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA). Saiba mais Igreja de Nossa Senhora do Rosário A capela do Rosário, a mais antiga da cidade, foi construída por escravos nos fins do século XVII. Apresenta fachada despojada, seguindo as tendências arquitetônicas da época: frontão triangular com pequeno óculo, duas panelas a altura do coro e porta central de verga reta. O altar mor, em madeira recortada, guarda bela imagem portuguesa de Nossa Senhora do Rosário, esculpida em madeira, e nas laterais, os santos negros Efigênia e Benedito.No altar lateral encontra-se São Expedito, ladeado por Santo Antônio e São José. Na sacristia encontra-se a imagem de Nossa Senhora da Mercê e São Sebastião com características de arte popular primitiva. No cimo do arco central há um medalhão com o desenho do mapa mundi, sustentado por dois anjos. Também, como característica de seu tempo, a sineira fica separada do corpo da igreja.Curiosa cópia primitiva de um altar lateral da Basílica do Bom Jesus foi colocada no século XIX nesta capela. Aos olhos de hoje, surpreendem as paredes de pedra e de quase um metro de espessura. A pintura original do teto foi feita com tinta de clara de ovo, sumo da fruta sangue de boi e óleo de flores. Era costume os sepultamentos acontecerem no interior da igreja. Por ocasião do ladrilhamento do piso, algumas ossadas foram transferidas para o cemitério Nossa Senhora da Conceição.
Jornal Estado Atual
Salvador-BA - Estado da Bahia divulga empresa que vai construir estádio para Copa do Mundo
A manchete do jornal A Tarde de Salvador: "Empresa ligada à Fifa construirá prédios na Fonte".
Pois bem, a Bahia saiu na frente de Pernambuco na disputa para ser uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014.
A empresa será a KPMG e vai construiu um complexo na desativada Fonte Nova, que inclui a construção de três espigões de 30 andares, shopping e hotéis.
A previsão é começar as obras em 2010. Mas, para isso, o Governo da Bahia terá um embate com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que é contra a obra.
Blog do Torcedor
São Paulo-SP - Obra de mansão no Pacaembu faz bairro temer especulação
Apesar de tombamento que prevê conservação do traçado urbanístico, TJ autoriza construção de 1.216 m²
Uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo autorizou, no começo do mês, a construção de uma mansão de 1.216 metros quadrados na Rua Livreiro Saraiva, no Pacaembu, iniciando assim mais um capítulo da novela sobre o tombamento do bairro da zona oeste da cidade. O imóvel, que ocupa dois lotes e terá até garagem subterrânea, havia sido barrado duas vezes pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat) por ir contra a lei que preserva o traçado urbanístico mantido desde a década de 20. Ontem, no entanto, vários operários já trabalhavam na residência. Os moradores do bairro - um dos últimos preservados de São Paulo - agora temem que essa sentença judicial abra um precedente inédito e torne o Pacaembu um novo alvo da especulação imobiliária. “Essa decisão abre uma brecha jurídica para que outras pessoas ou empresas tentem remembrar lotes e construir imóveis que até então eram proibidos pela lei do tombamento”, afirma o advogado Sérgio Livovschi, da Associação Viva Pacaembu, que na próxima semana vai entrar com recurso para impedir a construção. “Isso vai contra tudo que preservamos até hoje”, completa o presidente da associação, Pedro Py. “É o primeiro passo para descaracterizar o bairro.”A novela sobre o tombamento do Pacaembu recomeçou em junho, quando uma lei de 1991 que protegia o traçado urbanístico da região foi alterada pelo secretário estadual da Cultura, João Sayad. A Resolução SC-12 permitia que os lotes com área superior ou igual a 900 m² pudessem ser desdobrados, desmembrados e reagrupados - o que possibilitaria a compra de vários lotes e a construção de vilas ou de condomínios fechados.
Até então era impossível mexer na metragem dos lotes, o que fez com que dezenas de terrenos gigantescos ficassem à venda por anos, sem compradores interessados. O próprio mercado se refere ao Pacaembu como o “encalhe imobiliário da cidade”; o metro quadrado gira em torno de R$ 1 mil, bem abaixo de outros bairros residenciais, como o Alto de Pinheiros e Jardim América, na zona oeste. O interesse financeiro é óbvio - segundo o diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio, Luiz Paulo Pompéia, o fim do tombamento dos terrenos valorizaria os preços em 50% quase que imediatamente.A unificação de dois lotes da Rua Livreiro Saraiva (mais precisamente os números 114 e 118) foi a primeira mudança aprovada com base na nova resolução da Secretaria da Cultura. Mas os moradores do Pacaembu se revoltaram contra a decisão e entraram com uma ação civil pública para barrar tanto a construção da mansão quanto a resolução. O Ministério Público Estadual também instaurou inquérito para apurar os motivos da mudança repentina na lei do tombamento.
BRIGA JUDICIAL
Em meados de julho, a Justiça concedeu liminar aos moradores, e as obras na Livreiro Saraiva foram interrompidas. É quando começa mais um capítulo judicial dessa polêmica. Segundo entendimento da 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) do dia 29 de setembro, o proprietário do imóvel do Pacaembu tem, sim, direito de remembrar lotes e construir sua mansão porque a Prefeitura não se manifestou contra a obra e porque não existe “risco irreparável” ao bairro, uma vez que o mérito da ação civil pública ainda será julgado. A liminar foi assim cassada, e os operários voltaram ao batente. O julgamento do mérito, que pode resolver de uma vez por todas o assunto, porém, deve demorar cinco ou seis anos para ocorrer - até lá, outros donos de imóveis poderiam usar o entendimento do TJ para mexer na metragem dos seus terrenos. A Assessoria de Imprensa da Subprefeitura da Lapa afirmou que embargou a obra na Livreiro Saraiva por diversas vezes, mas que não haveria tempo hábil para responder a todas as questões da reportagem. “Na realidade, essa decisão judicial estimula os infratores do Pacaembu”, diz Lucila Lacreta, coordenadora do Movimento Defenda São Paulo. “Dá a sensação de que ir contra a lei compensa.”
Rodrigo Brancatelli
O Estado de São Paulo
Salvador-BA - A importância do Comércio e seus prédios
Os edifícios tombados individualmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), junto com o tombamento provisório do Comércio, são os primeiros erguidos naquele trecho aterrado entre as décadas de 1910 e 1930. Os prédios estão na Praça da Inglaterra e na Rua Miguel Calmon, que foram as primeiras áreas ocupadas do grande aterro ainda nos anos 1920 e 1930. O apogeu desse período começou durante o segundo mandato do governador do Estado J.J. Seabra (1920-1924).
Os prédios portentosos refletiam a economia da época. Foram construídos por exportadores e bancos que serviam aos comerciantes. Ali se faziam os negócios de exportação que movimentavam a cidade. Naquela fase, reconfirmava-se a vocação de centro financeiro da ex-capital. A estética importada da Europa aparecia nos detalhes decorativos.
O eclético que ocorreu entre o final século XIX e início do XX, que já tinha se instalado nas residências do Corredor da Vitória, passava a se avizinhar dos prédios coloniais de no máximo quatro andares, que se assemelham aos do centro de Lisboa, Portugal.
Na decoração, havia o dourado, corrimãos para escadas de mármore, brasões nas fachadas, bustos de personalidades em bronze. As edificações ousaram ficar mais altas, respeitando a distinção entre os patamares da Cidade Baixa e da Alta.
A construtora Christiane & Nielsen era dinamarquesa e edificou a maior parte dos prédios do Comércio, como três dos oito tombados provisioriamente pelo Iphan, com a publicação de 24 de outubro: Bristish Bank of South America, Bank of London & South America e Banco Econômico. A mesma que construiu o Colégio Iceia, projeto de Diógenes Rebouças; Instituto do Cacau, tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac); Palace Hotel, na Rua Chile; e Elevador Lacerda, do jeito que ele é hoje.
Com exceção do prédio dos Correios, na Praça da Inglaterra, cujo estilo é art decò, da década de 30, todos os demais são ecléticos, da década de 20.
Mary Weinstein - Colaborou Valmar Hupsel Filho
A Tarde Online
CPLP: Ministros da Educação e Cultura apelam a países para ratificarem Acordo Ortográfico
Lisboa, 15 Nov (Lusa) - Os ministros da Educação e da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apelaram hoje aos Estados-Membros que ainda não ratificaram o Acordo Ortográfico para o homologarem de forma a que possa entrar em vigor.
"Exortámos a todos que o ratifiquem o mais rapidamente possível", disse aos jornalistas o ministro da Cultura, José Pinto Ribeiro, no final da reunião extraordinária dos ministros da Educação e da Cultura da CPLP, que decorreu sexta-feira e hoje em Lisboa.
O apelo à ratificação do Acordo Ortográfico (já homologado pelo Brasil, Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Príncipe) é o primeiro ponto da Declaração Final que foi hoje aprovada, no final da reunião extraordinária.
De acordo com o ministro da Cultura português, "Angola e Timor-Leste estão em vias de concluir os processos de ratificação".
"A Guiné-Bissau não tem resistência política ao Acordo Ortográfico e o processo será agora levado a cabo", uma vez que o novo Governo guineense, que será eleito domingo, deverá "proceder à sua ratificação o mais rapidamente possível", disse o governante.
Questionado sobre a entrada em vigor do Acordo Ortográfico em Portugal, o ministro da Cultura disse estar "firmemente convencido" de que vai ocorrer ainda durante a presidência portuguesa da CPLP.
Outras medidas que ficaram decididas na Declaração Final passam pela elaboração de um Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, a elaboração de um estudo sobre o valor económico da língua portuguesa e a promoção da internacionalização da língua portuguesa, para que seja adoptada como língua oficial e de trabalho nas Nações Unidas e em outras organizações internacionais.
Os ministros decidiram ainda instituir o Dia da Língua Portuguesa, faltando estabelecer a data em que será assinalado, e redefinir a missão do Instituto Internacional da Língua Portuguesa.
Serão ainda reforçadas as medidas do ensino da Língua e em Língua Portuguesa nos países da CPLP e criada a DOC TV CPLP, para a produção de documentários sobre a realidade de cada país.
Além do DOC TV CPLP, foi também aprovada a criação de um canal de televisão comum, na Internet, embora estejam ainda por definir as modalidades de funcionamento.
A implementação de um Selo Cultural da CPLP para assegurar a livre circulação de bens culturais entre os Estados-Membros e de uma Feira Cultural foram outros dos projectos aprovados.
MCL.
Lusa
Quixeramobim, todos nós sabemos, é agora. Dizemos seu nome, e ela sobrevive. Advive. Não é somente a cidade intuída na curva da barragem de quem passa Estado adentro. Há um ano, falávamos dos Sertões que se multiplicavam por lá: todos os sertões de todos os tempos, o que nos é de direito e chão, o que nos é de imaginar, o que nos é de ouvir dizer, o que se inventa e, sobretudo, o que se leva por toda parte (e viva as funduras de Guimarães Rosa, e que nos faz, a um só tempo, Iracema e Diadorim).
É, o Ceará tem uma bossa, tem um jeito, não é só a Bahia não. Muito se falou de teatro naqueles dias em que o grupo Oficina aportou em Quixeramobim. Sobretudo, falou-se muito dessa palavra: Quixeramobim. Com boca cheia, sem pressa. Falou-se muito de uma outra: Sertões.
Não um só. Muitos. São tantos... sertões..., cantava em coro, pela nau iluminada, o sertão reinventado. A imprensa local acompanhou por muitos dias, querendo entender (e, para o bem da verdade, entendendo mal, ladainhas de bucetas e punhetas, mas, eta!, se cada reportagem fosse uma cantata... haveria sinceridade).
A imprensa nacional registrou o fato incomparável à distância. Gringos tiveram de conferir pessoalmente. Assim como nós, entre padres, freiras e pastores; lembro do mais singelo casal de agricultores aplaudindo cena a cena: estávamos num rito, afinal. O Ceará o tornou possível. Esforço próprio, mutirão. Cada centavo em cultura custa cem vezes mais do que aquele que se gasta com “necessidades básicas”, nas quais se incluem, obviamente, o caixão e a vaga no cemitério. Alguém já disse por aí que cultura é educação, tal qual saneamento é saúde. Sim, com cultura saneamos, e ganhamos saúde. Nos limpamos para a vida.Há um ano, o Ceará entendeu essa dimensão. É que o Ceará tem um jeito, que não é só a Bahia, não. E como, lindamente, passamos por cima de nossa aritmética cultural medonha, de nossos medos e complexos! (Temos uma importância tão grande que nos custa assumi-la).(Mas a assumimos).
E como se falou de teatro, ao longo de muitos dias, no Ceará!
E por que é tão importante falar de teatro: é que teatro, bom, põe no palco o mundo. Nada menos. Podemos nos ver, nos sonhar, nos inventar. O mundo anda um pouco fora de moda, mas o teatro (amém!) lhe revela a potência, destravando válvulas que nos permitem, uma vez mais, respirar com suavidade. Amar a Terra. Refazer o Homem. Ir à Luta.A História é reescrita. O Homem está... sendo refeito na sua anotomia, atuando na Uzyna Oficina de forjas e de pura energia (pois assim o dizia um amigo: isto aqui é pura produção de energia). Nós, tão longe do absoluto. Reescrevendo o que mal acabávamos de reescrever.
Corpo Elétrico.
Adiante, que um ano passou. O que calou, o que segue dançando? A tatuagem está marcada no corpo Ceará. Lembrança distante ou sinal guerreiro? O que faremos com o que irreversivelmente nos marcou? O brasileiro é um povo memorialista. E a memória é como o mar: precisa renovar-se a cada instante para não deixar de ser o que é.Quixeramobim, esta pedra-pomes de nossa sertinice, sonha novos dias mágicos. Datas para Antônio Conselheiro, imensa festa cívica. A implantação de uma Faculdade de Artes e Cultura, em que siga com a vanguarda que conquistou de uma vez só, já pronta e latente, um ano atrás. O caminho iniciático para Canudos, prestes a ser tombado como patrimônio nacional. Somar-se, enfim, às fábricas de tênis, Uzinas de energia humana, criativa, mítica e reformadora. Tudo isso requer esforços, entretanto. Novos e grandes esforços.
O Ceará já provou a si o quanto pode encará-los. O Ceará precisa aprender a ouvir-se mais. Paciente e generoso encontro. Que sua mais impressionante Égira não o leva a outro lugar senão para dentro de si mesmo. Tão mais profundo quanto mais universal. Em nós mesmos nos refundamos. Eu gostaria muito que as instâncias de poder (no qual se incluem artistas e nossa gente, por outras vias) compreendessem que, se por um lado o mito do Progresso material da Modernidade parece vetar-se à nossa realidade, é por nossa força cultural que somos imbatíveis. É ela que mais fica do encontro com “Os Sertões” do Teatro Oficina, dando o tamanho do que somos, do que podemos. Cada povo descobre seu meio de libertar-se.
Dancemos o hoje. A História é uma wikipédia. Não há verbetes definitivos. Há o branco para marca provisória, renovando-se, mais forte do que qualquer rocha imovível. Mar. THIAGO ARRAIS
Especial para o Caderno 3
*Diretor teatral formado pela UFRJ e mestrando em artes pela USP.
Diário do Nordeste
Fortaleza-CE - Cinema em praça pública
Filmes em áreas públicas levam cultura e educação às noites de domingo na periferia da Grande FortalezaFilmes nas árvores, histórias contadas em telões nas lagoas, películas exibidas nas praças, em paredes, centros comunitários. O que parece roteiro de ficção, tem se tornado comum em Fortaleza. Nos últimos anos, a capital cearense vive um momento de crescimento no setor do audiovisual e tem aberto espaços inusitados para a Sétima Arte. A magia dos filmes ultrapassou os limites do cinema e foi às praças.As iniciativas são do poder público, grupos de cinéfilos, associações de moradores e empresas privadas. As associações não estimam os números referentes ao público, confirmam, entretanto, a boa receptividade. Já a Prefeitura de Fortaleza comemora os bons resultados de pelo menos dois projetos desenvolvidos pela Vila das Artes. No último ano, só o Cinema Canto a Canto, levou cerca de oito mil pessoas às praças dos bairros das seis Secretarias Executivas Regionais (SERs) para assistir longas-metragens.Já o Ponto de Corte, formou cerca de 100 profissionais na área de audiovisual, vai formar mais 50 pessoas até o fim deste ano e possibilitou a criação de 15 grupos de exibidores. Com isso, mantém a média de duas mil pessoas por mês assistindo curtas e longas-metragens nacionais e locais.Na esfera privada, o Cine Coelce, projeto da Associação Cultural Cine Ceará, em parceria com a Companhia Energética do Ceará (Coelce), se destaca. De 2006 até agora, percorreu 80 cidades cearenses, atingindo público acima de 26 mil expectadores. Na bagagem, cinema de qualidade para uma população que dificilmente teria acesso a essa arte.Com as novas tecnologias aproximando as pessoas da produção audiovisual, o cinema funciona para além do entretenimento, focando na cultura e educação. Pelo menos é nisso o que acredita o coordenador da Escola Pública de Audiovisual da Vila das Artes, Lenildo Gomes. De acordo com ele, o poder de sedução dos filmes une: “Se a obra de arte vai ao lugar onde as pessoas vivem, esse espaço acaba se tornando elemento agregador”.Para Gomes, a arte deve estar aonde o povo precisa que esteja. Neste sentido, acrescenta, levar filmes para os bairros, além de gerar sociabilidade quebra a lógica da exibição convencional, mostra que a arte não necessita estar mediada pelo interesse mercadológico.O Cinema Canto a Canto exibe filmes uma vez por mês nos bairros das Regionais, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc). A escolha dos filmes não é aleatória. A opção é por aqueles que possam levar a reflexões sobre a vida.Foi o que aconteceu com a dona-de-casa, Maria Antonieta da Silva Gomes, 67 anos, residente no Antônio Bezerra. Na praça principal do bairro, assistiu a “Narradores de Javé”: “De um jeito meio torto parecia a minha história”. A dona-de-casa é analfabeta e mora há mais de 20 anos numa casa sem escritura. O filme conta a história dos moradores da cidade de Javé, que será submersa pelas águas de uma represa, e não serão indenizados porque não possuem documentos das terras. Sem saber ler, começam a contar suas histórias para garantir a documentação. Erilene FirminoRepórterFIQUE POR DENTROMigração acelerada para os shoppingsNo início da década de 1950, quando Fortaleza não possuía 300 mil habitantes, havia 22 cinemas na cidade. No domingo, além das celebrações religiosas, havia um ritual para assistir ao filme da semana. O traje era de luxo: terno para homens, vestidos elegantes para as mulheres. No Centro, estavam os grandes cinemas como São Luiz, Diogo e Majestic-Palace, onde aconteciam os grandes lançamentos da semana. Nos bairros, havia muitos cinemas pequenos. Ideal (Damas), Familiar (Otávio Bonfim), Mucuripe (Beira-Mar), Odeon (Otávio Bonfim) e América (Jardim América) eram alguns dos vários que se localizavam nos bairros ou no entorno do Centro. O declínio começou entre os anos 1960/1970, período do Governo Militar, quando a censura foi imposta às artes e foi criada uma nova legislação federal que beneficiava os grandes exibidores e inibia a permanência das casas de pequeno porte. Em 1974, foi inaugurado o primeiro cinema de ´shopping´ em Fortaleza, o Cine Gazeta, no Center Um (Aldeota). Era o início de um período de transição que se fortaleceu nos anos 1980, mudando os cinemas para os shoppings. No fim dos anos oitenta, a decadência das salas de cinema estava em processo acelerado. Hoje apenas o São Luiz (Centro) e os cinemas do Dragão do Mar estão fora dos shoppings.
A Feira Laica marcou o início de um novo espaço cultural em Coimbra. A Casa da Esquina, na Rua Aires de Campos, abriu este sábado portas e quer oferecer uma programação continuada em vários ramos, tendo já inscrições abertas para workshops.
A Associação Casa da Esquina existe desde Agosto de 2007, mas só agora conseguiu ter o seu espaço operacional para o público, tendo já disponíveis inscrições para workshops de teatro e escrita. Filipa Alves, da produção da associação, afirma que a "a ideia é abarcar um pouco de tudo". Defende ainda que a Casa da Esquina é um espaço "necessário em Coimbra, porque se trata de uma cidade com pouca programação".
Para abrir a Casa, realizou-se ontem a Feira Laica. Pelas quatro salas disponíveis do espaço, estavam à venda peças artesanais feitas pelos próprios vendedores, e muito material em segunda mão, como livros ou revistas de banda desenhada. Segundo Filipa Alves, o convite para realizar a Feira Laica na Casa da Esquina surgiu para "dinamizar o pólo da zona centro em termos de artesanato urbano, e mostrar coisas muito pouco conhecidas".
Entre o material à venda, havia brinquedos feitos com latas e rolhas, da autoria de Simão Bolívar, um brasileiro que vive no Porto. "Chamo-lhes bonecos lúdicos com material reaproveitado. Sempre estive muito ligado a este universo, porque em pequeno brincava muito com as ferramentas da oficina do meu pai", brinca. As peças que constrói estão à venda por preços entre três e 30 euros.
Outra vendedora, Catarina Marques, dedica-se à construção e comercialização de porta-chaves, pin ou cintos. E assegura que os materiais que vende "têm muita saída".
O projeto 'La révolte des mannequins' (A revolta dos manequins), apresentado Companhia Royal de Luxe, substituiu as roupas de luxo normalmente exibidas nas vitrines da casa KaDeWe por dez histórias envolvendo sexo, amor, violência e medo.
A Companhia Royal de Luxe, originária da cidade de Nantes, é um grupo de teatro de rua francês famoso por usar marionetes gigantes em suas apresentações.
Cada peça é contada em um mostruário da loja, contabilizando, ao todo, dez enredos. Os palcos são as vitrines e a platéia fica na rua.
A instalação pode ser acompanhada de dia ou mesmo à noite, como uma história em quadrinhos. De madrugada, as cenas vão sendo modificadas, se desenvolvendo de forma inesperada, até chegar ao final, programado para a segunda-feira, dia 10.
Grotesco e inusitado
As cenas, unindo o grotesco e o inusitado, deixam os passantes desconcertados. Muitos aproveitam para fotografar os manequins em suas poses e caretas grotescas.
Em uma das histórias, chamada "Aniversário do vovô", uma menina ajuda o seu avô, um velho careca parecido com o vampiro Nosferatu, a sair da sepultura, para comemorar o aniversário.
A história se desenvolve para a troca de presentes. Entretanto, o avô terá uma surpresa ao olhar mais de perto os dentes afiados da netinha.
Em outra vitrine, uma mulher jaz no chão com o peito ensangüentado, enquanto outra grita por um megafone. Um buraco na vidraça dá a pista de onde veio a bala que atingiu a personagem.
Final 'apoteótico'
O grupo francês também brinca com o lugar onde estão sendo encenadas as 'peças', espaços que normalmente exibem artigos de moda.
Assim, alguns mostruários também apresentam, além dos nomes de cada uma das histórias, preços dos vestuários dos manequins, como se as roupas estivessem à venda.
Os organizadores do evento prometem um desfecho apoteótico, em que, fazendo jus ao título do espetáculo, vários manequins se libertam, tomando o lado de fora das vitrines e se pendurando na fachada do shopping.
Outros personagens vão simplesmente desaparecer ou se "derreter", prometem os realizadores.
Marcio Damasceno
De Berlim para a BBC Brasil
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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