ENTRESSEIO

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19 janeiro, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 19-1-10

Rio de Janeiro - Construção de prédio com mais de 44 andares na Lapa causa polêmica

Crea reclama de falta de audiência pública para aprovação.
Especialistas receiam que o projeto possa descaracterizar a região.
A Eletrobrás planeja erguer um prédio de mais de 44 andares, a 200 metros dos Arcos da Lapa, no Centro do Rio, em uma área de antigos casarões. O projeto casou polêmica. Especialistas em urbanismo e patrimônio cultural receiam que a obra possa descaracterizar a região.
No arranha-céu trabalhariam dois mil funcionários que atualmente estão espalhados por edifícios menores no bairro. A construção, que teria 130 metros de altura, seria em terrenos que atualmente são ocupados por estacionamentos.
No fim de 2009, a Prefeitura enviou à Câmara de Vereadores propostas de mudanças na legislação urbanística do corredor cultural do Centro para tornar a obra possível. O projeto foi aprovado e a lei foi sancionada na semana passada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes.
O Instituto dos Arquitetos do Brasil criou uma comissão para analisar o caso. O parecer deve ser apresentado em 15 dias.
Polêmica
O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro (Crea) criticou a falta de audiências públicas na Câmara antes da aprovação.
“Poucas pessoas conhecem o projeto e há também uma caracterização de que o corredor cultural fica vulnerável a outras atividades do mesmo porte”, disse Agostinho Guerreiro, presidente do Crea.
O secretário municipal de Urbanismo afirmou que não houve necessidade de audiência publica porque órgãos das três esferas do governo foram favoráveis ao empreendimento.
“É um terreno vazio. Uma construção desse tipo vai gerar um equilíbrio econômico, uma valorização econômica para as atividades da Lapa e do Centro da cidade”, disse.
Segundo o secretário, a Eletrobrás, em contrapartida, terá que investir em benfeitorias na região, como a recuperação dos Arcos da Lapa. A Eletrobrás afirmou que ainda está em negociações para a compra dos terrenos e não há previsão de quando as obras devem começar.
De acordo com a assessoria da Câmara dos Vereadores, como o projeto era da prefeitura, a realização de audiências públicas não era obrigatória.
Do G1, no Rio, com informações do RJTV


Restauração recupera estilos, cores e arquitetura do convento da igreja de Santo Antônio, a mais antiga do Rio



A restauração do convento de Santo Antônio começa a revelar detalhes da mais antiga igreja do Rio, de 1608. Camadas originais de tinta são recuperadas; arcos ocultos por reformas reaparecem; o dourado das capelas tem o brilho restabelecido com a raspagem da purpurina e tinta a óleo que o cobriam.
O convento foi um dos primeiros tombamentos nacionais -em 1938, pelo atual Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Por falta de segurança e de infraestrutura, a visitação não é permitida atualmente.
Erguida no morro de Santo Antônio (largo da Carioca, centro do Rio), a igreja completou 401 anos do lançamento de sua pedra fundamental. Mais antiga do que ela só havia a do morro do Castelo, destruída.
O convento fica do lado direito da igreja de Santo Antônio. É uma edificação de três andares, datada de meados do século 18.
Uma das surpresas do trabalho de restauração apareceu na capela de Nossa Senhora das Dores, uma das quatro do claustro (pátio interno ajardinado) do convento.
A chefe da equipe de restauração, Rejane Oliveira dos Santos, conta que foram recuperadas talhas de madeira que remontam à primeira fase do barroco, do século 17.
"Essa capela foi uma grande surpresa. Conseguimos descobrir os projetos artísticos da época. Chegamos aos tons originais. Até mesmo o vermelho de um arco ressurgiu", festejou.
No interior da igreja, ressurgiu parcialmente o topo de três arcos originais do século 17, escondidos por paredes em reforma havia pelo menos 200 anos.
"Na igreja, a grande descoberta foram os arcos. Eles compunham as portas da antiga galilé [construção na entrada de templos]", relatou o frei Roger Brunorio, museólogo responsável pelo acervo do convento.
Ainda na igreja, os restauradores têm conseguido restituir o tom dourado das colunas salomônicas (em espiral, retorcidas), oculto pela oxidação e pelas pinturas feitas indevidamente nos séculos 19 e 20.
As escavações externas revelaram ainda as tubulações e as canaletas que traziam água para a cisterna, do final do século 17, considerada a mais antiga do Rio e que está desativada.
As peças mais antigas do convento são duas imagens de Santo Antônio, que estão à vista. A de Santo Antônio do Relento está na fachada da igreja, protegida por uma vidraça e voltada para a paisagem do centro do Rio e da baía de Guanabara. A outra fica no interior da igreja. São trabalhos de 400 anos, presumem os especialistas.
Inventário
O inventário do convento de Santo Antônio, que o Iphan concluiu, lista cerca de 2.000 peças móveis, como crucifixos, e integradas, como lápides, entre outras características arquitetônicas e decorativas fixas.
Todas elas foram fotografadas. Além de saber o que de precioso uma construção de 400 anos guarda, o inventário tem por meta dificultar a ação de ladrões de objetos sacros.
Para o Iphan, os bens catalogados e com imagem conhecida tornam-se menos interessantes para saqueadores de igrejas, conventos e mosteiros, já que passa a ser mais difícil conseguir comprador para o objeto.
Segundo o superintendente do Iphan no Estado, Carlos Fernando Andrade, o inventário revelou a existência de bens raros. "É um acervo muito rico. A maioria dele [é] do século 18."
O frei Roger Brunorio conta que dois inventários de peças foram feitos ao longo dos séculos pela igreja. A data do primeiro é desconhecida. O segundo é de 1849.
SERGIO TORRES
Homem trabalha na capela de Nossa Senhora das Dores, que faz parte do convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro. A igreja mais antiga do Rio passa por um processo de restauro e catalogação de seu acervo

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