ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

29 julho, 2010

EXPOSIÇÕES - 29-7-10

Rio de Janeiro-RJ - Sergio Allevato – Galeria Artur Fidalgo

À primeira vista, as aquarelas de Sergio Allevato parecem retratar a flora, como a tradicional arte botânica de Margaret Mee. Examinando melhor, porém, o observador descobre, mimetizado em partes da anatomia das plantas, personagens da Disney, da Hanna Barbera e outros que povoam o imaginário infantil. As características orelhas do Mickey confundem-se com sementes de Magnólia; o tronco da Dasylirion toma a forma do rosto de perfil do Ligeirinho; o fruto de uma planta endêmica do Japão é a cabeça da Hello Kitty.
Na série “Atlas Botânico”, os personagens característicos de um lugar – Mortadelo, Espanha; Mickey, Estados Unidos; Ligeirinho, México etc – aparecem em uma planta endêmica daquele lugar. O jogo proposto pelo artista é assim estendido a uma ampla pesquisa da botânica e da nacionalidade ou afinidade territorial dos personagens de desenhos animados e HQs. Na série “Rio de Janeiro”, os pistilos de uma bromélia nativa da região, a Alcantarea imperialis, tornam-se o Zé Carioca, sua namorada Rosinha e os sobrinhos. Há uma parte da planta de que o personagem de gibi freqüentemente se apossa: o órgão reprodutor. Em um dos trabalhos, o Pinóquio “excitado”, é o androceo da Amaryllis. Tanto o desenho que descreve cientificamente a espécie botânica quanto o personagem infantil –, que remetem, respectivamente, ao controle da natureza e à pureza da infância –, são deslocados. Qual o sentido de um personagem infantil da Disney, assexuado, aparecer no órgão sexual de uma planta? Por quê elementos culturais e naturais disputam território? A mistura inesperada de campos díspares deixa o observador desconfiado, como quem está diante de um trabalho malicioso, em que as coisas – a infância, a natureza, a cultura –, não são o que parecem. A imagem tem um sorriso irônico no canto dos lábios.
Esta é a primeira exposição individual de Sergio Allevato em galeria comercial. O artista tem obras nas coleções permanentes do Museu de Arte Moderna RJ - coleção Gilberto Chateubriand, do Museu de Arte Moderna da Bahia, dos colecionadores Hecilda e Sergio Fadel e do American Museum of Natural History of New York, entre outras. Obteve o Prêmio Aquisição no 14 Salão de Arte, Museu de Arte Moderna da Bahia (2007). Allevato fez mestrado em Arte Contemporânea na Goldsmiths College, Londres, UK, de 2006 a 2008.

Marcadores:

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial