CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 25-8-10
Os Fenícios No Brasil
“Um imenso bloco de granito que surge abruptamente no mar”. Esta é a descrição mais simples e mais sintética da Pedra da Gávea, que recebeu este nome dos portugueses na descoberta do Brasil; uma montanha de 842 mts acima do nível do mar, que impressiona muito, tanto por sua imponência, como por sua estranha beleza e sua forma parecida com uma grande bigorna que do lado esquerdo parece com uma face humana com barbas.
A Pedra da Gávea é um dos pontos mais exuberantes e misteriosos da cidade do Rio de Janeiro; é o maior monolito a beira mar do planeta, formado por dois tipos de rochas distintas: a base de gnaisse e o topo de granito. Com uma localização privilegiada à beira mar, no bairro de São Conrado, encanta moradores e visitantes; no entanto, vem a algum tempo intrigando seus observadores mais atentos, assim como a estudiosos e cientistas, por alguns detalhes que a Pedra apresenta. Por conta disso, algumas teorias e expedições foram organizadas na tentativa de desvendar os mistérios da montanha. O que em todos os resultados me faz acreditar ter sido ela “um templo fenício”. Talvez não haja no Brasil uma montanha cercada de tantas lendas e mistérios.
Eu já havia ouvido falar na possível presença dos fenícios no Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro e ao receber a incumbência de produzir um trabalho científico sobre algum tema, elegi a estada dos fenícios na cidade maravilhosa, e especificamente na Pedra da Gávea como minha afirmativa.
A Pedra da Gávea apresenta além de seu formato inusitado, que lembra em muito um homem com barbas, várias inscrições que, depois de alguns estudos, soube-se que se trata de inscrições fenícias. D. João VI já havia recebido de um religioso, um relatório que citava os caracteres como sendo idiomáticos e do tempo do descobrimento do Brasil, por isso de relevada importância; mais tarde essas inscrições chamaram a atenção também de seu filho, o Imperador D. Pedro I.
Um sábio cientista amazonense chamado Bernardo da Silva Ramos publicou um livro que veio aclarar, em muito os arcanos pelos quais a Pedra da Gávea encontra-se envolta. O livro Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, especialmente do Brasil, publicado em dois volumes e com 1.100 páginas, reproduzia as inscrições encontradas em todo Brasil; inscrições que pela apreciação, se mostraram repletas de caracteres fenícios, gregos, árabes e até chineses. Os fenícios se estabeleceram em nosso país de maneira ostensiva e deixaram marcas por todos os lugares. O pesquisador alemão Ludwig Shwennhagen, diz que os fenícios estiveram no Brasil por pelo menos 800 anos, no mínimo.
Outro que se dedicou a elucidar os mistérios da Pedra da Gávea, antes mesmo de Bernardo Ramos, foi o Prof. Henrique José de Souza, fundador do movimento eubiótico, ele revelou com minudência, a função e o simbolismo da montanha, mostrando o formato da esfinge que fora esculpida pelos fenícios, retratando um touro alado e coroado, figura conhecida na arte antiga, decorrente dos povos do Oriente Médio e Mesopotâmia, e ainda desvendando toda a história que deu origem ao monumento e à própria presença dos fenícios no Brasil.
Bernardo da Silva Ramos publicou também no seu livro, a correspondência entre o alfabeto fenício e o hebraico, o que possibilitou a tradução de algumas inscrições da Pedra da Gávea, confirmando que os fenícios estiveram lá. Diante de tais fatos e de opiniões tão abalizadas e respaldadas, é difícil não acreditar que o Brasil tenha sido descoberto pelos fenícios.
Há algumas inscrições fenícias na Pedra da Gávea, transcritas no livro de Bernardo Ramos.
Na primeira fileira, como as letras estão dispostas na Pedra. Abaixo, os caracteres isolados. Em seguida, a tradução para o hebraico e a transliteração para o português. Essa tradução foi posteriormente revisada pelo prof. Henrique de Souza para: “TYRO PHENICIA, JETHBAAL, PRIMOGÊNITO DE BADEZIR.”
Segundo o Prof. Henrique José de Souza, um rei fenício chamado Badezir, que viveu cerca de 800 a.C. dirigiu-se para o Brasil depois de ser expulso da Fenícia, por um conluio entre as castas militar e religiosa, juntamente com dois de seus filhos (gêmeos) e uma frota de sacerdotes, escravos, soldados, gente do povo, e militares que foram expulsos por permanecerem fiéis a ele, e 222 seguidores que representavam a elite do povo fenício. Para o Prof. Henrique, o Brasil já era um local há muito conhecido pelos fenícios. O próprio nome “Brasil” seria derivado de “Badezir”.
Foram encontradas na Pedra da Gávea inscrições que fazem menção ao nome do rei Badezir e de seu pai; no topo da “cabeça” podem ser encontradas inscrições que representam serpentes, raios de sol, entre outras; inscrições que eram constantes nas escritas pré-históricas.
Mais uma prova da presença fenícia no Rio de Janeiro serra que, em 1982, um arqueólogo americano chamado Robert Frank Marx, que se interessava em encontrar provas de navegação pré-colombiana dentro do Brasil, iniciou uma série de mergulhos na baía de Guanabara, e encontrou 3 (três) vasos de cerâmica de origem fenícia, dos quais 2 (dois) foram entregues à Marinha e 1 (um) ficou com o mergulhador José Roberto Teixeira, que o acompanhava.
As marcas deixadas pelos fenícios também foram encontradas em outras partes do Brasil; no Piauí por exemplo, foram encontrados em um lago, estaleiros fenícios e um porto. No Maranhão, o pesquisador Raimundo Lopes fez algumas escavações na década de 20 no lago Pensiva, onde encontrou alguns objetos fenícios. Um pesquisador francês chamado Apollinaire Frot encontrou inscrições fenícias em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia; segundo ele, são tantas inscrições que “ocupariam vários volumes se fossem publicados”. No Nordeste ainda hoje pode-se encontrar resquícios de canais de irrigação e monumentos como “A Galinha Choca”, na entrada de Fortaleza.
Na época dos fenícios a Pedra da Gávea teria sido um grande Templo, esculpido interiormente e formado por grandes salões que se comunicavam, como ainda acontece, com a praia rochosa situada abaixo da Pedra, e com uma infindável rede de comunicação. Nesse Templo foram encontrados os corpos mumificados dos filhos gêmeos do rei Badezir. Infelizmente a entrada para o local onde as múmias estavam, foi encontrada uma única vez.
Uma equipe de parapsicólogos descreveu o interior da Pedra como sendo oca, com túneis, câmaras e túmulos. Em sua face oeste pode-se observar uma reentrância na rocha, com as dimensões de 15 metros de altura e 7 metros de largura. A pedra também era usada como mirante, daí vem o nome “Gávea” que significa Mirante dos Navios.
A origem do povo libanês remonta a cerca de 3.500 anos antes do nascimento de Cristo, quando os cananeus vieram da Mesopotâmia (atual Iraque) para se estabelecer na atual costa libanesa. Foi o início da civilização Fenícia, notória pela habilidade no comércio e nas grandes navegações. A florescente atividade econômica fez dos fenícios uma potência comercial no Mediterrâneo, com suas poderosas cidades-estados de Byblos, Beirute, Sidon, Tiro (no atual Líbano) Arvad, Ugarit (na Síria) e Cartago (na Tunísia). Seu legado é notável: inventaram e difundiram o alfabeto que deu origem ao alfabeto moderno e também foram os primeiros a fabricar o vidro.
A Fenícia não tinha um governo unificado, era constituída por cidades-Estados, cada qual com seu governante; algumas adotavam a Monarquia Hereditária, outras eram governadas por um conselho de Anciãos, formado por grandes comerciantes, donos de terras e armadores. As cidades-Estados disputavam entre si e com outros povos, o controle das principais rotas comerciais. Viviam da pesca e da agricultura, mas quando a produção passou a não acompanhar o crescimento da população, resolveram partir para outras atividades, entre elas o artesanato e o comércio. Para obter matérias-primas e conseguir vender sua produção, voltaram-se para o comércio marítimo, que se transformou na principal atividade econômica.
Os fenícios não eram guerreiros e não pretendiam conquistar terras, tinham apenas a intenção de abrir novos entrepostos comercias, intenção que os fez tornarem-se exímios navegadores. Eles visitaram com suas numerosas frotas de navios toda a orla mediterrânea da Europa, a costa sententrional da África, penetraram no Mar Negro, e ultrapassaram o Mediterrâneo alcançando a costa africana do Atlântico e atravessaram o Atlântico para visitar o chamado “Novo Continente”.
Alexandre Magno destruiu a metrópole da Fenícia , a cidade de Tiro, em 332 a.C. e até esta data foi constante as relações comercias entre a Fenícia (atual Síria) e o Brasil; nessa época foram escritos os letreiros que ainda hoje podem ser encontrados na Pedra da Gávea e em outros pontos do país.
O escritor grego chamado Diodoro (da Sicília) que publicou uma coleção de 45 livros sobre a história universal, descreve nos capítulos 19 e 20 do 5° livro, a primeira viagem dos fenícios ao Brasil; segundo ele, saiu da costa da África, próximo à Dacar, uma frota fenícia que atravessou a costa do Oceano Atlântico no rumo do Sudoeste. Assim conta Diodoro a viagem dos fenícios: “Os navios andavam para o Sul, ao longo da costa da África, mas, subitamente, perderam a vista do continente e uma violenta tempestade levou-os ao alto mar. Ali, perseguindo as mesmas correntezas, descobriram eles uma grande ilha, com praias lindas, com rios navegáveis, com muitas serras no interior, cobertas por imensas florestas, com um clima ameno, abundante em frutas, caça e peixe, e com uma população pacífica e inteligente”. Assim se deu “a descoberta do Brasil”
Muito tempo após o que foi relatado acima, um rei fenício chamado Badezir, aportou em terras brasileiras, ele foi deposto do seu reino e expulso da Fenícia, com dois de seus filhos, além de escravos, militares e outros. O rei Badezir estabeleceu seu reino aqui e dividiu o Brasil em duas partes: da região que hoje compreende do Amazonas a Bahia para Badezir “representando a parte material”; da Bahia ao Rio Grande do Sul para Yet-Baal, “representando a parte espiritual”. Mas, os promissores dias do Império de Badezir e Yet-Baal no Brasil tinham os dias contados... Uma lenda árabe, citada por Gustavo Barroso, fala que na entrada de uma baía num continente no Sul, havia uma grande mole de pedra chamada MANO SATANAS, que o Prof. Henrique José de Souza identificou como sendo o famoso morro do Pão de Açúcar, que fica justamente na entrada da barra da baía de Guanabara. Para quem deseja atravessar a água entre as duas porções de terra que correspondem hoje a Rio e Niterói, este local é o mais próximo. Como entrada da baía é um local de grande profundidade, águas escuras, e intensas correntes marinhas; em uma de suas travessias, a barquinha que conduzia os Gêmeos, que eram considerados seres divinos, juntamente com o casal de escravos núbios que os acompanhavam, vindo seus ocupantes a morrer por afogamento.Os corpos dos irmãos, foram levados para o interior da Pedra da Gávea. Transformava-se o Divino Templo em triste túmulo...
O Professor HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA descreve num impressionante relato, desconhecido para o vulgo, o interior da Pedra da Gávea: “Duas múmias, colocadas uma junto à outra sobre uma mesa de pedra; nos pés também se acham duas outras, dos dois escravos núbios, (...) sendo que na cabeceira se encontram dois jarrões contendo flores em parafina, etc. e dos lados, em dois vasos canópicos, como outrora nos túmulos faraônicos do velho Egito, os manes das duas referidas múmias... E mais adiante, depois de uma rampa que vai dar ao mar, pela parte traseira da mesma Pedra, como esfinge fenícia que é – uma barquinha de teto esmaltado de azul, movida por uma roda que ia ter à pequena hélice na popa, sendo acionada pelo referido escravo núbio. A escrava morreu alguns anos depois.” Acrescenta o Professor Henrique: “Badezir acorreu com Baal-Zin e um mago, chegando muitos dias depois. Morreu pouco tempo depois, pedindo ao sacerdote que o mumificasse, deixando-o ao lado de seus filhos, na Pedra da Gávea, por sete anos, e que depois o transferisse para certa região do Amazonas, num santuário oculto pelas selvas .
São muitas as correntes que não acreditam que as inscrições na Pedra da Gávea tenham suas origens nos fenícios, e até mesmo desacreditam que eles estiveram por aqui. O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro fez uma expedição à montanha em 23 de março de 1839 e o resultado da expedição assegurava que as inscrições na Pedra eram meramente resultado da ação da natureza e que antes de Cabral, ninguém havia passado pelas terras brasileiras. O instituto de arqueologia brasileira no ano de 1961 promoveu um trabalho arqueológico considerado sério na Pedra da Gávea, levando 13 pesquisadores sob o comando do presidente da instituição, o Prof. Claro Calazans Rodrigues, e descartaram qualquer hipótese da presença dos fenícios.
Em 1931 foi organizada uma expedição em busca do túmulo de um rei fenício que teria desaparecido em 850 a.C. Foram realizadas algumas escavações, no entanto, sem nenhum resultado.
Repórteres do jornal O GLOBO acompanharam uma expedição de cientistas da UFRJ e da UERJ e publicaram uma matéria que mostrava o resultado da expedição. Com um GPR (radar de penetração no solo) que tem a capacidade de “enxergar” através da rocha, eles afirmaram não ter visto nada além da rocha maciça, o que “derruba” a hipótese de a Pedra da Gávea ter sido a tumba do rei Badezir.
“As tais inscrições não passam de falhas geológicas. Com as intempéries, os minérios mais sensíveis gastam e o resultado ficou com a aparência de inscrições” - afirmou o geólogo Marco André Malmann Medeiros, da Uerj.
“Ainda não há prova científica da vinda dos fenícios ao Brasil. Nem no Rio, nem em outro estado” - afirmou o professor Francisco Otávio da Silva Bezerra, antropólogo cultural e um dos fundadores do Centro Brasileiro de Arqueologia.
“Os dados obtidos não mostram nada além da rocha maciça” – Disse a geofísica Paula Ferrúcio, professora da UFRJ.
Partindo do princípio de que o Brasil já havia sido descoberto pelos fenícios antes de Cabral, o carnavalesco Max Lopes da escola de samba carioca Estação Primeira da Mangueira, levou para a Avenida no carnaval de 2001 o enredo: “No embalo dos fenícios” que contava a história do comércio, partindo da Fenícia até chegar na Mangueira.
Reprodução de moeda fenícia mostrando o que parece ser um mapa-múndi com todos os continentes conhecidos atualmente, inclusive a América.
Apesar de muitas correntes não aceitarem a presença dos fenícios por aqui, as provas de que ela ocorreu são inúmeras. Inscrições com características fenícias em rochas em todo o Brasil, a tradução de algumas delas, os vasos de cerâmica encontrados na baía de Guanabara, e a afirmação de abalizados pesquisadores do assunto nos fazem ao menos pensar.
A revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, na folha 66 do primeiro volume traz a seguinte carta: “Em uma das montanhas do litoral do Rio de Janeiro, ao sul da Barra, há uma inscrição em caracteres fenícios, já muito destruídos pelo tempo e que revelam antiguidade. Essa inscrição foi vista e observada por um conhecedor das línguas orientais que, ao vê-la, concluiu que o Brasil tinha sido visitado por nações conhecedoras da navegação que aqui estiveram antes dos portugueses”.
ATENÇÃO
Este trabalho não tem cunho acadêmico. Sua elaboração se deu no primeiro período do curso de História sem que houvesse uma preocupação rigorosa com fontes e/ou documentos. Cabe ressaltar que não há evidências históricas, impíricas ou documentais suficientes para comprovar esta hipótese; portanto, trata-se de um debate e algo a ser explorado.
BIBLIOGRAFIA
site: www.novolibano.com.br
site: www.vidhya-virtual.com
Fragmentos da matéria publicada no jornal O GLOBO de 06 de agosto de 2000.
Livro Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, especialmente do Brasil – Bernardo Ramos.
GLOSSÁRIO
Bigorna : Peça de ferro, com o corpo central quadrangular e as extremidades em ponta geralmente cônica, sobre a qual se malham e amoldam metais.
Monólito : 1- Pedra de grandes dimensões 2 – Monumento feito de um só bloco de pedra.
Gnaisse : Rocha laminada, cristalina, de composição mineralógica muito variável.
Granito : Rocha granular caracterizada essencialmente por quartzo e um feldspato alcalino.
Aclarar : Esclarecer; Elucidar.
Arcanos: Mistérios.
Minudência : Pormenor; Particularidade.
Esfinge : Monstro mitológico.
Conluio : Trama.
Castas : Camada social hereditária, cujos membros são da mesma raça, etnia, religião ou profissão, e se casam entre si.
Vulgo : O Povo; A Plebe.
Marcos Clayton Assis Sodré
Minas Gerais – Ouro Preto cria ateliê para restaurar quadro sobre sentença de Tiradentes
De um lado, decisões importantes para o povo da histórica cidade. Do outro, um trabalho de vulto em favor da cultura local. O gabinete do chefe do Legislativo de Ouro Preto, a 95 quilômetros de Belo Horizonte, está dividido, nos últimos dois meses, em sala de reuniões e ateliê de restauração. O motivo da separação em dois ambientes é a recuperação do quadro Leitura da sentença de Tiradentes, com 3 metros de altura por 2 metros de largura e moldura dourada rococó, que representa, conforme está em destaque, homenagem aos mártires da Inconfidência Mineira. A expectativa é de que o serviço, a cargo do conservador e restaurador de obra de arte, Sílvio Luiz Rocha Vianna de Oliveira, fique pronto em novembro.
Enquanto as secretárias preparam a reunião para o presidente da Casa Bernardo Pereira Vasconcellos (Câmara de Vereadores), Júlio Pimenta (PPS), Sílvio se dedica ao quadro – um óleo sobre tela, datado do fim do império e de autoria de Leopoldino de Faria (1836-1911), pintor oficial da Academia Imperial do Rio de Janeiro (RJ). Para delimitar os espaços, foi pendurada uma cortina de voal branco, tecido leve e fino.
“Trata-se de uma obra de grandes proporções e muito delicada, então, decidimos recuperá-la aqui mesmo, e não transportá-la para um ateliê. Além disso, todas as pessoas que vierem aqui terão oportunidade de presenciar o restauro ”, diz o presidente da câmara, instituição localizada na Praça Tiradentes, no Centro Histórico. Ele lembra que “a obra traz a figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792) e simboliza a Inconfidência Mineira e o início dos movimentos libertários”.
Ao mesmo tempo em que executa o serviço, Sílvio, entusiasmado, busca respostas. “Ainda não sabemos se o suporte é de linho, cânhamo ou algodão”, revela, observando que a pintura é de ótima qualidade. Entre os principais problemas apresentados pela tela estava o desprendimento de camadas de tinta: “Essas perdas provocaram craquelês, sinal de deterioração, que esquadrinham a superfície da tela”.
Certo de que o ateliê representa um processo didático, Sílvio conta as etapas de restauro da tela: desmonte da pintura, planificação, para correção de deformações, consolidação, para refixar camadas de pintura em desprendimento, enxerto das bordas ou obturação das áreas deterioradas causadas pela oxidação de pregos. Foi também removida uma camada de verniz oxidado, devendo, ao final, ser aplicado um outro para dar proteção.
Como a sala de reuniões fica de frente para a Praça Tiradentes e sofre com a ação do sol, o restaurador vai sugerir a instalação de filtros nas janelas para proteger o quadro ou outro sistema de prevenção. Sílvio conta que, ao longo do tempo, a pintura recebeu intervenções, sendo a principal uma feita em 1900, pelo artista Honório Esteves do Sacramento, que deixou escrita a data 3/5/1900. O restauro é bancado pelo Legislativo.
300 anos
A obra é um dos expoentes dos 300 anos da Câmara local, em comemoração até 8 de julho de 2011. De acordo com as pesquisas, a tela pertenceu à Assembleia Provincial de Minas Gerais, que tinha sede em Ouro Preto e funcionava no local onde está hoje o Centro Acadêmico da Escola de Minas (Caem), na Praça Tiradentes. Com a mudança da capital para Belo Horizonte, no final do século 19, ela foi deixada em Ouro Preto e levada para a Câmara Municipal. As funcionárias do gabinete, Fernanda Henriques Coelho e Vera Maria Queiroz Gomes estão gostando da mudança na sala de reuniões. “É interessante, dá um clima meio teatral com essa cortina”, brincou Fernanda.
Silvana Losekann
Defender
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial