CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 26-11-10
Unesco: Flamenco é Patrimônio Cultural da Humanidade
A espanhola dança flamenca e a dieta do Mediterrâneo foram incorporadas à lista de patrimônios culturais intangíveis da humanidade, mantida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A dança e a dieta foram incluídas na lista hoje, em uma reunião da Unesco
Veneza, duplamente ameaçada
Além do risco de afundar, La Serenissima pode perder sua “alma” e se transformar em uma espécie de parque temático
De um lado, as águas que um dia podem submergi-la. Do outro, a avalanche diária de turistas e o êxodo da população, que podem fazer da cidade uma espécie de parque temático. Joia da arquitetura e do patrimônio histórico mundiais, Veneza, na Itália, vive entre duas ameaças igualmente preocupantes – e luta contra o tempo em busca de uma solução.
Os altos valores dos aluguéis e a falta de oportunidades fora do setor de turismo – a base da economia local – “expulsam” cada vez mais os venezianos. Com medo de que a cidade perca sua identidade e vida própria, um grupo de moradores planejou um protesto inusitado: eles vão distribuir mapas e “ingressos” ao estilo Disneyworld para o que chamam de Veniceland (algo como Venezalândia). Assim, esperam chamar a atenção para reverter a transformação da cidade em um “parque temático”– com seus 55 mil turistas diários, quase o dobro de sua população.
– Está claro que toda Veneza se tornou pouco mais do que um parque para os 20 milhões de turistas que vêm anualmente à nossa cidade – afirmou Matteo Secchi, porta-voz do grupo, ao jornal The Telegraph.
Com uma falsa inauguração do “parque”, os manifestantes vão reivindicar, neste domingo, moradias a preços acessíveis e diversificação da economia. O grupo realizou um grande protesto há um ano, mas não vê nenhuma ação dos governosl.
– Eles nada fazem para preservar o tecido socioeconômico. Veneza morre e perde sua alma – disse Secchi.
Alto custo de vida provoca êxodo dos venezianos
Segundo o professor de história Robert C. Davis, co-autor de Venice, The Tourist Maze (Veneza, o Labirinto Turístico, em tradução livre), há muitos motivos para o êxodo da cidade. O principal é o alto custo de moradia, uma vez que casas e prédios se tornaram pousadas, e imóveis comprados viram residências de veraneio.
– A maior parte dos estabelecimentos que vendem comida ou artigos para casa deixou a cidade e foi substituída por lojas turísticas e bares, tornando difícil comprar produtos do dia a dia – afirmou, em entrevista por e-mail ao Diário Catarinense.
O governo local é cobrado também por permitir anúncios gigantes que encobrem prédios históricos da cidade, conhecida como La Serenissima. Diretores do MoMa, de Nova York, do Museu Britânico, de Londres, e do Hermitage, de São Petersburgo, escreveram uma carta condenando as propagandas. Eles argumentam que os painéis estragam a experiência dos visitantes. Justificando precisar do dinheiro da publicidade para aplicar em reformas, o prefeito da cidade, Giorgio Orsoni, se defendeu:
– Se os turistas querem ver os prédios, que procurem livros com fotos.
Em outra polêmica medida, o governo italiano planeja cobrar uma taxa para entrar na cidade, porque muitos turistas levam sua própria comida e preferem não passar a noite lá. Assim, repassam pouco dinheiro à prefeitura, que precisa de verbas para restaurar palácios, igrejas e monumentos. A taxa seria cobrada dos visitantes que chegam à cidade por trem, avião ou navios de cruzeiro.
LAURA SCHENKEL
DIÁRIO CATARINENSE
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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