ENTRESSEIO

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08 dezembro, 2010

ATUALIDADES - 8-12-10

EUA pressionam FAB por compra de avião americano, dizem documentos
Comandante teria dito que caça americano é melhor, segundo telegrama.
Compra de aviões, avaliada em R$ 15 bilhões, ainda está indefinida.
A disputa pela venda de 36 caças para a Força Aérea brasileira mobilizou autoridades dos EUA a pressionarem o comandante da FAB, Juniti Saito e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a intervirem pela escolha de um modelo americano, revelam documentos divulgados pelo site WikiLeaks neste domingo (5).
Relatório final da FAB diz que proposta de caças franceses é 'mais consistente' Ainda indefinida no governo Lula, a compra dos aviões deve ser decidida no governo de Dilma Rousseff, que retoma esta semana a discussão com Jobim. Está em jogo uma das maiores licitações já feitas pela Aeronáutica, com valor estimado em R$ 15 bilhões. O Planalto já sinalizou preferência por um modelo francês, o Rafale.
Correspondências da ministra-conselheira da embaixada americana em Brasília, Lisa Kubiske, desde maio de 2009 com Washington mostram pedidos para que o país intensifique o lobby com autoridades brasileiras a favor de caças americanos.
“A embaixada recomenda o seguinte, como próximos passos a fim de reforçar nossos argumentos no que tange à transferência de tecnologia: uma carta do presidente Obama ao presidente Lula defendendo a causa; uma carta da secretária [Hillary] Clinton ao ministro da Defesa Jobim afirmando que o governo americano aprovou a transferência de toda a tecnologia apropriada”, diz um dos trechos.
A ministra-conselheira também pede que se tente influenciar senadores que visitariam os EUA em junho. "Concentrando as atenções em senadores importantes, temos a oportunidade de conquistar o apoio de indivíduos que podem influenciar os responsáveis pela decisão e garantir que as pessoas que terão de aprovar os dispêndios do governo brasileiro compreendam que o F-18 lhes oferece mais valor" e diz a campanha francesa pela venda dos caças Rafale usa “argumentos enganosos, senão fraudulentos”.
Os telegramas fazem parte dos cerca de 251 mil documentos das embaixadas e consulados dos EUA que o site vem publicando há uma semana.
Preferência
Em outra correspondência, é relatada uma conversa do comandante da FAB, Juniti Saito, com o ex-embaixador americano Clifford Sobel, indicando que o brasileiro preferia o modelo americano ao francês. "Voamos no equipamento americano há décadas e sabemos que é confiável e que sua manutenção é simples e oferece bom custo/benefício por meio do sistema de vendas militares externas”, diz a declaração atribuída a Saito.
Saito também teria pedido uma carta dos EUA se comprometendo com a transferência de tecnologia com o Brasil. Em telegrama assinado pelo ex-embaixador, ele relata ter dito ao comandante que a carta estava em fase final de aprovação. "Aliviado, Saito disse que precisava ter a carta em mãos no dia 6 de agosto. [...] Essa foi a expressão mais clara de que Saito pretende recomendar o F-18", disse.
Obstáculo
Em outra correspondência da ministra-conselheira Lisa Kubiske, ela diz que a embaixada vai influenciar Jobim para convencer o presidente Lula da compra dos caças americanos. “Permanece, entretanto, o formidável obstáculo de convencer Lula. Nosso objetivo agora deve ser garantir que Jobim tenha argumentos reforçados ao máximo possível para ir a Lula em janeiro”. Para ela, o "alto preço" do Rafale levariam o modelo americano a ser a "opção óbvia", mas, afirma, Lula ainda “reluta em comprar um avião dos EUA”.
Patriota
Até mesmo o futuro ministro das Relações Exteriores do governo Dilma, Antonio Patriota, teria sido alvo do lobby americano, segundo os documentos. Em uma reunião com o atual embaixador dos EUA, Thomas Shannon, sobre o assunto, Patriota teria dito que a “a decisão [da compra] ainda não estava tomada”.
Patriota também teria comentado na reunião, segundo as mensagens, que o Brasil teria desconfianças sobre o programa nuclear do Irã, mas que continuaria tentando uma saída diplomática. “A desconfiança é grande [sobre o Irã]. Nós nunca sabemos o quão sinceros, mas vamos continuar tentando”, disse o brasileiro segundo relato do embaixador.
Do G1, em São Paulo

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