CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 7-12-10
Governo tomba S. Luís do Paraitinga como patrimônio histórico federal
Para a cidade, medida é incentivo importante para a recuperação do município, destruído pela chuva de janeiro
Depois de nove meses tombada em caráter provisório, o governo federal deve declarar no próximo dia 10 a cidade de São Luís do Paraitinga patrimônio tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O tombamento provisório foi anunciado no dia 26 de março, para que o Iphan pudesse dar início ao trabalho de recuperação do patrimônio devastado pela enchente que atingiu a cidade.
O dossiê com toda a documentação necessária para o tombamento definitivo está com o conselho consultivo do Iphan e será votado no dia 10 em uma reunião do órgão no Rio de Janeiro.
Com o tombamento, além do centro histórico, que também é tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), o tombamento federal irá abranger todo o conjunto urbano.
Segundo o diretor de turismo de São Luís, Eduardo Coelho, o tombamento deve aumentar o investimento no patrimônio do município, ordenar as construções e ajudar a manter a identidade e a história da cidade.
“O tombamento é bem vindo e será um incentivo a mais para a preservação do patrimônio, com esta etapa vencida iremos futuramente sugerir e trabalhar pelo tombamento das 25 capelas e 15 fazendas históricas da zona rural
Casa do Patrimonio. Outro trabalho do Iphan no município será a instalação da Casa do Patrimônio, que será um centro de referência para as questões do patrimônio do Vale do Paraíba.
De acordo com o coordenador da ação do Iphan em São Luís, Leonardo Falangola, o imóvel para a instalação da Casa do Patrimônio ainda está sendo definido pelo instituto, mas a previsão é que seja no centro histórico da cidade e que seja colocado em funcionamento em 2011.
A intenção da instalação da unidade é fomentar a participação social nos processos de identificação, proteção e valorização do patrimônio cultural, estimulando pesquisas e debates sobre o assunto entre a população, além realizar oficinas e palestras culturais. “Será um centro para debater e promover a preservação”.
Luara Leimig
O Vale
Adoniran Barbosa, 100 Anos de Um Certo João Rubinato
Em Agosto de 2010 completou-se um século do nascimento de Adoniran Barbosa, compositor de samba por adoção, uma das figuras mais singulares da cultura popular brasileira.
Cantor, compositor, humorista e ator, Adoniran imortalizou em suas canções o linguajar típico dos italianos que viviam na capital paulista na primeira metade do século 20. Além de sua música, a televisão também contribuiu para fixar esse jeito de falar, caso da novela Passione, da Rede Globo, que atualiza a tradição do sotaque italiano televisivo, com direito a palavras como "amore" e "tesoro" e cenas gravadas na Itália. Tudo pela verossimilhança de um falar que já pertence à herança cultural brasileira.
Mesmo tanto tempo depois, a linguagem espontânea de Adoniran ainda se faz sentir, sobretudo em bairros tradicionais paulistanos como Bexiga, Brás e Barra Funda, além da própria Mooca, cujo sotaque característico está em vias de ser tombado como patrimônio cultural.
João Rubinato, o Adoniran Barbosa nasceu no dia 6 de agosto de 1910 em Valinhos, interior de São Paulo. Suas canções tinham o caráter de crônicas, ora bem-humoradas, ora trágicas, sobre um povo que veio trabalhar principalmente na construção civil da metrópole.
Ele reproduzia o linguajar mais típico, direto e espontâneo do povo, preocupando-se mais com a fluência e expressividade do que com detalhes e "fricotes" gramaticais ou purismos. Era coisa profissional, comercial, mas no melhor sentido, com base na "cutura" autêntica do povo - garante Ayrton Mugnaini Jr, autor do livro Adoniran: Dá Licença de Contar...
Vocabulário:
Entre as expressões imortalizadas pelo compositor, estão "tiro ao álvaro", "adifício", "homes", "cobertô", "truxe", "táuba", "frechada", "ponhado", "revórver", "lâmpida" e os versos de Samba do Arnesto: "O Arnesto nos convidô prum samba, ele mora no Brás / Nóis fumo e não encontremo ninguém / Nóis vortemo cuma baita duma reiva / Da outra veiz nóis num vai mais".
De acordo com Paola Giustina Baccin, professora da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo (USP), os italianismos foram introduzidos no Brasil por meio de duas grandes correntes migratórias. A primeira ocorreu no final do século 19 e início do 20, com italianos vindos principalmente das regiões da Itália setentrional para o Sul e Sudeste do Brasil a fim de trabalhar na lavoura. A segunda foi após a Segunda Guerra Mundial, com imigrantes vindos da Itália setentrional novamente para a Grande São Paulo, onde foram trabalhar na indústria. [Por Guilherme Bryan, Revista Língua Portuguesa, Edição - 58]
Leia mais em: http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12097
Vídeos: Trem das Onze (Gal Costa), Adoniran e Elis Regina, Especial TV Cultura, Trem das Onze (Adoniran), Saudosa Maloca (Demônios da Garoa), Samba do Arnesto.
Mais vídeos e músicas de Adoniran em: http://letras.terra.com.br/adoniran-barbosa/
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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