CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 3-12-10
Em defesa do nosso patrimônio
Caros colegas conservadores-restauradores
Em tempos de reconhecimento profissional da nossa profissão, encaminho para vocês uma triste história resultante da falta de formação e de informação.
Nos primeiros dias do mês de janeiro desse ano pudemos ver tristes imagens de um patrimônio edificado desabando em decorrência da inundação ocorrida na cidade histórica de São Luiz de Paraitinga, interior de São Paulo. Mais um dentre tantos desastres que se abatem sobre nosso patrimônio.
Infelizmente, talvez um pouco tardiamente, encontrei recentemente na internet notícias sobre os danos ocorridos nos cartórios da cidade, com imagens dos livros totalmente enlameados e danificados. A notícia informava que os livros foram levados para São Paulo para serem restaurados. Vocês podem ver a notícia e como os livros estavam no endereço http://www.officersoft.com.br/noticias/vejamais/item/cartorio-de-registro-civil-apos-a-enchente.
Achei outra notícia datada de 13 de abril anunciando a devolução dos livros restaurados para os cartórios. O que me deixou intrigada foi o tempo (pouco mais de 4 meses) que os livros teriam sido restaurados. Também fiquei impressionada com as fotos dos livros, todos com aparência de novos, inclusive com uma encadernação bem moderna e comercial, como vocês podem ver no site http://www.cnbsp.org.br/Noticias_leiamais.aspx?NewsID=2423&TipoCategoria=1.
Hoje esse assunto foi comentado na minha aula e uma aluna disse que tinha informações sobre a empresa que fez as restaurações dos livros. No endereço http://www.arpensp.org.br/principal/index.cfm?tipo_layout=SISTEMA&url=noticia_mostrar.cfm&id=10813 vocês podem ver a "restauração" feita a todo vapor pela empresa JS Gráfica, contratada pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP).
Ali vocês verão fotos impressionantes de procedimentos totalmente inadequados feitos com os livros. Na descrição do tratamento consta que todas as capas originais foram descartadas, depois os livros enlameados passam por banho de vap (???), as folhas foram então separadas e limpas com esponjas e panos secos, e para agilizar o trabalho foram colocadas em placas de alumínio e expostas ao sol. Depois das folhas secas os livros foram remontados e refilados e reencadernados. Para finalizar "o toque final é borrifar uma mistura de talco e cal, para evitar o mofo, a umidade e melhorar o cheiro." (????)
Para completar esse circo de horrores de procedimentos inadequados, vocês podem ver no You Tube vídeos sobre essa "restauração", com alguém raspando as folhas de papel com um estilete para retirar as camadas de lama já secas.
http://www.youtube.com/watch?v=33iz2nsZkTE
http://www.youtube.com/watch?v=q7YvN31NFJ0&NR=1
Creio que já é hora dos profissionais conservadores-restauradores se posicionarem quanto a esses trabalhos totalmente absurdos que infelizmente acontecem com tanta frequencia no nosso país. Por uma questão ética e profissional não podemos deixar que nosso patrimônio fique nas mãos de pessoas sem nenhuma formação e que cometem verdadeiras loucuras com intervenções totalmente equivocadas e erradas.
Usamos a internet para repassar tantas coisas, que tal agora fazermos uma corrente reenviando essa história para o maior número possível de colegas da área de conservação-restauração e das outras áreas afins?
Também podemos entrar na página da ARPEN (http://www.arpensp.org.br/principal/index.cfm?tipo_layout=SISTEMA&url=noticia_mostrar.cfm&id=10813&msg_coment=S&CFID=6375513&CFTOKEN=67629299)
e colocar ali a nossa crítica.
Se não nos posicionarmos de alguma forma, essas situações continuarão sempre acontecendo.
--
Profª Silvana Bojanoski
Curso de Conservação e Restauro
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Ciências Humanas
Rua Marechal Floriano, 177 Centro - Pelotas/RS
Fones 53 3307-3956 / 8101-3956
E-mail: silbojanoski@gmail.com
Comentário do Silvio:
Sei de um pseudo-encadernador em São Paulo que gaba-se de estar restaurando livros de um cartório colocando "Contact" nas páginas dos mesmos!
Mastigação de folhas de coca ocorre há 8 mil anos, dizem arqueólogos
Caros colegas conservadores-restauradores
Em tempos de reconhecimento profissional da nossa profissão, encaminho para vocês uma triste história resultante da falta de formação e de informação.
Nos primeiros dias do mês de janeiro desse ano pudemos ver tristes imagens de um patrimônio edificado desabando em decorrência da inundação ocorrida na cidade histórica de São Luiz de Paraitinga, interior de São Paulo. Mais um dentre tantos desastres que se abatem sobre nosso patrimônio.
Infelizmente, talvez um pouco tardiamente, encontrei recentemente na internet notícias sobre os danos ocorridos nos cartórios da cidade, com imagens dos livros totalmente enlameados e danificados. A notícia informava que os livros foram levados para São Paulo para serem restaurados. Vocês podem ver a notícia e como os livros estavam no endereço http://www.officersoft.com.br/noticias/vejamais/item/cartorio-de-registro-civil-apos-a-enchente.
Achei outra notícia datada de 13 de abril anunciando a devolução dos livros restaurados para os cartórios. O que me deixou intrigada foi o tempo (pouco mais de 4 meses) que os livros teriam sido restaurados. Também fiquei impressionada com as fotos dos livros, todos com aparência de novos, inclusive com uma encadernação bem moderna e comercial, como vocês podem ver no site http://www.cnbsp.org.br/Noticias_leiamais.aspx?NewsID=2423&TipoCategoria=1.
Hoje esse assunto foi comentado na minha aula e uma aluna disse que tinha informações sobre a empresa que fez as restaurações dos livros. No endereço http://www.arpensp.org.br/principal/index.cfm?tipo_layout=SISTEMA&url=noticia_mostrar.cfm&id=10813 vocês podem ver a "restauração" feita a todo vapor pela empresa JS Gráfica, contratada pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP).
Ali vocês verão fotos impressionantes de procedimentos totalmente inadequados feitos com os livros. Na descrição do tratamento consta que todas as capas originais foram descartadas, depois os livros enlameados passam por banho de vap (???), as folhas foram então separadas e limpas com esponjas e panos secos, e para agilizar o trabalho foram colocadas em placas de alumínio e expostas ao sol. Depois das folhas secas os livros foram remontados e refilados e reencadernados. Para finalizar "o toque final é borrifar uma mistura de talco e cal, para evitar o mofo, a umidade e melhorar o cheiro." (????)
Para completar esse circo de horrores de procedimentos inadequados, vocês podem ver no You Tube vídeos sobre essa "restauração", com alguém raspando as folhas de papel com um estilete para retirar as camadas de lama já secas.
http://www.youtube.com/watch?v=33iz2nsZkTE
http://www.youtube.com/watch?v=q7YvN31NFJ0&NR=1
Creio que já é hora dos profissionais conservadores-restauradores se posicionarem quanto a esses trabalhos totalmente absurdos que infelizmente acontecem com tanta frequencia no nosso país. Por uma questão ética e profissional não podemos deixar que nosso patrimônio fique nas mãos de pessoas sem nenhuma formação e que cometem verdadeiras loucuras com intervenções totalmente equivocadas e erradas.
Usamos a internet para repassar tantas coisas, que tal agora fazermos uma corrente reenviando essa história para o maior número possível de colegas da área de conservação-restauração e das outras áreas afins?
Também podemos entrar na página da ARPEN (http://www.arpensp.org.br/principal/index.cfm?tipo_layout=SISTEMA&url=noticia_mostrar.cfm&id=10813&msg_coment=S&CFID=6375513&CFTOKEN=67629299)
e colocar ali a nossa crítica.
Se não nos posicionarmos de alguma forma, essas situações continuarão sempre acontecendo.
--
Profª Silvana Bojanoski
Curso de Conservação e Restauro
Universidade Federal de Pelotas
Instituto de Ciências Humanas
Rua Marechal Floriano, 177 Centro - Pelotas/RS
Fones 53 3307-3956 / 8101-3956
E-mail: silbojanoski@gmail.com
Comentário do Silvio:
Sei de um pseudo-encadernador em São Paulo que gaba-se de estar restaurando livros de um cartório colocando "Contact" nas páginas dos mesmos!
Mastigação de folhas de coca ocorre há 8 mil anos, dizem arqueólogos
Mastigação é tão antiga quanto a civilização inca
Antigas sociedades peruanas começaram a mascar folhas de coca 8 mil anos atrás, apontam evidências arqueológicas.
Ruínas encontradas sob o piso de residências no vale Nanchoc, noroeste do Peru, continham coca mastigada e, junto dela, pedras ricas em cálcio.
Essas pedras teriam sido queimadas para fazer cal, mastigado com a coca para que esta liberasse mais de seus componentes químicos.
Segundo estudo publicado na revista especializada Antiquity por uma equipe de arqueólogos, as descobertas indicam que a mastigação da coca começou na região simultaneamente à adoção da agricultura e milhares de anos antes do que se pensava até então.
Alcaloides
As folhas de coca contêm diversos componentes químicos conhecidos como alcaloides. Nos dias atuais, o mais conhecido entre esses componentes é a cocaína, extraída e purificada por complexos processos químicos.
Mas a mastigação da folha de coca com fins medicinais é um hábito tão antigo quanto a própria civilização inca.
Outros alcaloides da coca têm efeitos levemente estimulantes, ajudam a reduzir a fome e participam do processo digestivo, além de mitigar os efeitos da falta de oxigênio em regiões de altitudes excepcionais.
Indícios prévios da mastigação da coca datavam de cerca de 3 mil anos atrás. Agora, o estudioso Tom Dillehay, da Universidade de Vanderbilt (Estados Unidos), e seus colegas encontraram amostras de folhas mastigadas que parecem ser de 8 mil anos atrás.
Dillehay disse à BBC News que se surpreendeu por ter identificado o uso da coca “não tanto em um contexto doméstico, como se fosse usada com frequência por muita gente. Mas (identificamos) o uso restrito a algumas casas e a produção (da folha) em um contexto público, e não individualizado”.
Mas trata-se de uma dinâmica distinta com relação a outras sociedades ocidentais, “nas quais, se você tem os meios econômicos, ganha acesso a plantas medicinais”, disse Dillehay.
Debate
Mais do que prover novos dados arqueológicos sobre uma civilização antiga, a descoberta fomenta uma discussão em curso atualmente.
No momento em que há um esforço internacional para restringir a produção de coca nos países andinos por conta de sua associação com a cocaína, Dillehay faz um contraponto.
“Muitos argumentavam que (a mastigação da coca) é uma tradição histórica relativamente recente – ou seja, dos últimos séculos ou mil anos –, mas (as novas descobertas apontam que) é uma tradição com profundas raízes sociais, econômicas e até religiosas nos Andes”, opinou.
O editor do periódico especializado Journal of Ethnopharmacology Peter Houghton disse à BBC News que as novas descobertas são “significativas” por mostrar que o hábito ocorria milhares de anos antes do que se pensava anteriormente. E também por encontrar folhas mastigadas e pedras ricas em cálcio nos mesmos locais (acreditava-se que o uso dessas pedras era ainda mais recente do que o da coca).
Que o consumo fosse restrito na época, como apontam as descobertas, não é algo surpreendente, comentou Houghton. “As evidências de uso disseminado (da coca) no Peru e na Bolívia são relativamente recentes. Antes, (a folha) era limitada a uma classe privilegiada.”
BBC Brasil
Teatro mais antigo da Argentina é posto à venda
Parte interna do teatro Solari, cidade de Goya, Argentina
Foto: Getty Images
O teatro Solari, o mais antigo em funcionamento na Argentina e declarado monumento histórico nacional, está à venda, anunciou seu proprietário, Aníbal Olivetti. O edifício foi tombado mesmo sem se transferir o imóvel para o patrimônio público.
A oferta gerou uma questão acalorada na cidade de Goya, que quando o teatro foi inaugurado em 1877, tornou-se conhecida pelas festas e grandes representações, dando ao município de 80 mil habitantes o apelido de "Pequena Paris". O famoso teatro Colón de Buenos Aires, recentemente restaurado, data de 1908.
Segundo Olivetti, a manutenção do teatro Solari é muito onerosa, pois, apesar de o prédio ter sido declarado monumento histórico nacional em 2007, o governo não veio a comprá-lo e restaurá-lo.
Os argentinos não entendem como o estabelecimento de 600 poltronas possa ser liquidado e vendido ao melhor comprador. "Que acontece se isso não estiver mais? Vai ficar um vazio não só cultural, histórico, mas um vazio afetivo", disse Ana María Trainini, diretora do balé da cidade, emocionada. "Cada vez que um elemento da memória da cidade desaparece, nossa identidade se vê alterada", disse Dacio Agretti, presidente da Sociedade de Arquitetos.
Agora
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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