ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

09 dezembro, 2010

CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 9-12-10

Mudanças climáticas colocam em perigo tesouros arqueológicos
PARIS — A desertificação, o degelo, o aumento das chuvas torrenciais e dos furacões como consequência das mudanças climáticas podem destruir diversos tesouros arqueológicos, como templos maias, alertaram especialistas.
Múmias decompostas na Sibéria, pirâmides enterradas na areia no Sudão, templos maias que implodem: as mudanças climáticas podem destruir vários tesouros arqueológicos, mas também podem revelar novas decobertas, como "Oetzi", guerreiro da Idade da Pedra encontrado em 1991 em uma geleira nos Alpes.
O degelo, por exemplo, ameaça vestígios de kurgans, tumbas da época dos Escitas, na Ásia Central, garantiu Henri-Paul Francfort, que chefia uma missão francesa nesta região para estudar os restos desta civilização nômade nas montanhas de Altai, na Sibéria.
"O permafrost, camada de terra constantemente gelada que os conservou até agora, derrete e ameaça decompor os corpos mumificados, tatuados, enterrados com cavalos sacrificados, peles, objetos de madeira, vestuário", explicou este especialista.
"Se não nos anteciparmos, logo será muito tarde", alertou o arqueólogo, que confirmou um degelo muito importante no Ártico em 2010.
O aquecimento, entretanto, pode ter o efeito contrário. No Tirol italiano, "é, sem dúvida, a retração de uma geleira que permitiu descobrir um dia o Oetzi, um guerreiro de 5.300 anos atrás. O derretimento das geleiras, especialmente na Noruega, frequentemente traz à tona outros vestígios", justificou.
Outro motivo de inquietação é o aumento do nível dos mares. Segundo os últimos dados dos cientistas, o nível da água subirá um metro até 2100, ameaçando regiões costeiras inteiras.
"A elevação das águas em certas ilhas do Pacífico provocará inevitavelmente a destruição dessas zonas costeiras. Na Tanzânia, a erosão marítima destruiu um muro do forte de Kilma, construído pelos portugueses em 1505", relatou Francfort.
Em Bangladesh, a cidade de Panam-Sonargaon, centro do reino de Bengala do século XV ao XIX e um dos 100 locais ameaçados pela Unesco, é frequentemente inundada pela elevação do nível das águas.
A multiplicação de fenômenos climáticos extremos, "especialmente os ciclones com cargas de água excepcionais que caem em tempo recorde", preocupa também os arqueólogos, segundo Dominique Michelet, especialista francês em arqueologia da América.
Michelet citou os casos de Chan Chan, do antigo reino chimú, e a maior cidade da América pré-colombiana (Peru), castigada pelas inundações provocadas pelo fenômeno El Niño, e o do templo maia de Tabasqueno (México), destruído pelos furacões Opalo e Rozana em 1995, mas restaurado posteriormente.
"Os arqueólogos estabilizaram o templo principal, mas os edifícios encheram de água e implodiram", explicou.
Vincent Charpentier, no Instituto Francês de Pesquisas Arqueológicas Preventivas (INRAP), especialista em zonas costeiras, confirmou esta ameaça.
"No sultanato de Omã, os ciclones Gonu, em 2007, e Phet, no verão passado (do hemisfério norte), enterraram na areia locais de 5.000 a 6.000 anos antes de nossa era", contou.
A areia é um dos piores inimigos dos vestígios antigos, especialmente nos desertos. No Sudão, as dunas que rodeavam a cidade de Meroe, capital do reino de Nubia (do século III a.C ao IV d.C), atacaram as pirâmides e as enterraram.
Michelet jugou "indispensável um trabalho de alerta que deve ir além de um inventário dos locais ameaçados catalogado pela Unesco".
Sandra Lacut AFP

As antiquidades da civilização
Um pescasor repara seu
barco no leito seco do Rio Negro

Uma série de arte rupestre foi descoberta no início do mês no Rio Negro, no estado do Amazonas, no norte do Brasil.
Arte rupestre são figuras artísticas gravadas em paredes e tetos de cavernas por nossos ancestrais humanos há milhares de anos. A mais antiga é datada de 40.000 a.c. Os instrumentos artísticos eram ossos de animais, cerâmicas e pedras, e as tintas vinham de folhas de árvores e sangue de animais.
As imagens previamente submersas, foram descobertas por um pescador quando os níveis das águas do rio atingiram o nível mais baixo dos últimos 100 anos, após um largo período de seca. Apesar do mês de outubro (quando as imagens foram descobertas) ser um mês de pouca chuva, este ano de 2010, as chuvas foram ainda mais esporádicas.
Os arqueólogos que estudaram as imagens acreditam que as figuras de rostos e cobras são mais uma indicação de que já existiam grandes civilizações há milhares de anos na Amazônia.
Eduardo Neves, presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira, disse que as gravuras pareciam ter sido feitas entre 3,000 e 7,000 anos atrás, quando os níveis de água na região eram bem mais baixos. As gravuras oferecem "uma prova ainda mais inegável" de que a região havia sido ocupada há milhares de anos, diz Neves, acrescentando que a descoberta foi de grande importância científica.
Nos últimos anos tem havido um número crescente de arqueólogos a estudar a Amazônia, e a rever as teorias anteriores de que a floresta era muito inóspita para hospedar uma grande civilização.
Talvez uma das descobertas mais impressionantes tenha sido em Monte Alegre, no estado do Pará (norte do Brasil), há quase uma década. A arte que foi descoberta tem cerca de 11.000 anos de existência (veja vídeo abaixo).
Pensa-se que as pinturas rupestres seriam o registro da história social dos habitantes daquele período, onde lhes era possível afixar seus costumes e práticas cotidianas.
Segundo o arqueólogo brasileiro Pedro Ignácio Schmit, deter os conhecimentos a respeito dos meios de subsistência era uma necessidade, pois não se podia perder tempo diariamente em busca da caça, pesca, etc. Por este motivo, as pinturas tinham o papel de informar o que havia naquele sítio.
Estima-se que a população amazônica pode ter chegado a 20 milhões de pessoas no período antes do descobrimento. A floresta era amplamente habitada, com aldeias muitas vezes mais populosas que as europeias. Havia enorme diversidade cultural e grandes redes de relações entre aldeias próximas.
Este é o cenário que um grupo de arqueólogos de diversos países está a conseguir comprovar a partir de evidências em escavações e estudos na região.
Embora as novas descobertas tenham atraído uma nova instalação para a arqueologia amazônica, também têm trazido problemas significativos aos sítios onde se encontram.
As descobertas em Monte Alegre foram seguidas por uma onda de turistas cujas visitas foram completamente descontroladas, o que resultou na danificação de muitas das pinturas.
Muitas gravuras também tem sido transferidas para o sul do país, onde se encontram instalações arqueológicas mais modernas e melhor equipadas. Isto quer dizer que uma grande parte da arte rupestre está a desaparecer do Amazonas e do nordeste.
Arqueólogos como Eduardo Neves e a americana Anna Roosevelt, que tem trabalhado muito no Brasil, apelam para uma maior conscientização da importância de manter-se estes sítios intactos e protegidos.
guardian.co.uk

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