CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL E HISTÓRICO - 14-2-11
Pichador ataca prédios públicos e tombados de Jundiaí para deixar mensagens em meio à depredação, como na Ditadura
Um nome curto e fácil de guardar, ao lado de mensagens que, em meio à depredação, querem dizer algo, que reproduzem uma necessidade de aparecer e deixar uma marca. Mas que também destroem patrimônio público e ao invés de atacar apenas políticos, acertam todos os jundiaienses.
Apelido ou nome, homem ou mulher, Curva vem deixando mensagens do tipo “Você não vive na cidade, ela vive em você”, em uma parede da desativada Semis (Secretaria Municipal de Integração Social), na praça das Andradas, ou “Não há ordem sem progresso”, uma de suas últimas investidas, dessa vez contra a fachada do Museu Histórico e Cultural, no Centro, prédio tombado pelo Patrimônio Histórico.
Para o psicólogo Alex de Toledo Ceará, 40, que fez uma pesquisa publicada em 2008 sobre pichadores, pela Unicamp (Universidade de Campinas), esse é um tipo à moda antiga, cada vez mais raro, mas comum na época do governo militar, quando se invadia muros e banheiros e, descontentes com o governo, deixavam uma mensagem, com a intenção de ser ouvido.
“Atualmente, a maior parte dos pichadores quer aparecer, deixar uma marca, e nesse caso [do Curva] me parece alguém revoltado e que age sozinho”, diz.
Curva não parece fazer parte de alguma “grife” de pichadores, que fazem tudo para aparecer - estar no ponto mais alto da cidade, em locais de destaque e que reproduzem ousadia.
Além disso, Curva, diferente dos “novos” pichadores, não passa sua mensagem por meio de códigos, compreendidos por eles próprios.
Durante sua pesquisa, o psicólogo entrevistou, em Campinas, 32 jovens pichadores e, desse total, apenas um apresentava características semelhantes às de Curva.
Atualmente, de 60 jovens, há dois enquadrados por pichação no programa Sinal Amarelo, da prefeitura, que cuida de adolescentes infratores. “Jundiaí já teve mais casos, especialmente em 2005 e 2006”, explica o diretor de Proteção Especial, Denilson Pinto Oliveira.
A prefeitura informou que a fachada do Museu será pintada nos próximos dias e que está previsto um aumento no número de câmeras na cidade. Hoje são 41 no município.
Outros pontos incluem viadutos e praças
Além da praça das Andradas e do museu, o pichador Curva também deixou sua marca abaixo do viaduto Sperandio Pelicciari, na Vila Arens, onde diz “A verdade é que todo mundo mente”. Na praça Palestina, no Jardim Danúbio, escreveu: “O ideal herói” e, pouco à frente, em uma muro da avenida Frederico Ozanan, “Às vezes você se ilude muito”, com cifras de dinheiro também pichadas ao lado. “Esse trânsito só anda para trás” é uma mensagem escrita em branco, também na Ozanan.
Pichadores agem em grupos e possuem líderes
Durante sua pesquisa sobre pichadores, o psicólogo Alex de Toledo Ceará descobriu que a maior parte dos pichadores sem regras próprias de seus grupos e em muitos poucos casos ele agem sozinhos. “Eles andam em bandos e esses grupos sempre possuem um líder”, afirma Alex. “Ao contrário do que muitos acham, eles são organizados.” O psicólogo argumenta também que os pichadores e seus desejos em estampar uma “grife” reproduzem um reflexo da sociedade capitalista, competitiva e repleta de hierarquias. Muitos deles têm problemas familiares, pais separados das mães e problemas com entorpecentes e bebida.
Rafael Amaral
Agência BOM DIA
Fotos: Clodoaldo de Silva/Agência BOM DIA
Comentário do Silvio: Isso é vandalismo e deve ser punido com todo o rigor da lei. Nada há de arte numa pichação. A impunidade faz crescer o número de criminosos que se dedicam a emporcalhar e depredar o patrimônio público e particular.
Marcadores: cultura, patr. cultural, patr. histórico
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