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21 fevereiro, 2011

SAÚDE - 21-2-11

Sem remédios para emagrecer 'obesidade aumentará assombrosamente', diz ABRAN
A sibutramina e os derivados de anfetamina (femproporex, dietilpropina e mazindol), drogas usadas em tratamentos para emagrecer que atuam no sistema nervoso central, devem ser proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A única droga para tratamento da obesidade que deve continuar liberada é o orlistate (Xenical), que atua diretamente no intestino.
A medida deve ser tomada por conta de estudos que apontam que o consumo de sibutramina aumenta o risco de problemas cardíacos. A Anvisa já impôs novas regras desde o ano passado e os critérios de venda da droga ficou mais rígido, exigindo receita especial.
Os médicos endocrinologistas que atuam no combate à obesidade acreditam que a medida é radical demais e deve deixar os pacientes sem opção de tratamento, porque o controle da fome e da saciedade ocorre no cérebro.
A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) se manifestou contrária à proposta da Anvisa de proibir a comercialização de todos os medicamentos usados para perda de peso que atuam no sistema nervoso central. De acordo com a associação médica, a retirada desses produtos da prática clínica no País deve levar o sistema nacional de saúde a um estado de atenção.
Para a entidade, a impossibilidade de controle farmacológico da obesidade com acompanhamento médico acarretará um efeito em cadeia, com a multiplicação dos casos de hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas de coluna, altos níveis de colesterol em triglicérides, incidência de diabetes tipo 2 e síndrome metabólica. Até mesmo as cirurgias bariátricas, que apresentam altíssima taxa de mortalidade, na casa dos 2%, devem se tornar mais frequentes sem a opção desses medicamentos, segundo a ABRAN.
De acordo com a associação dos médicos nutrólogos, a proposta de proibição desses medicamentos pela Anvisa é desnecessária.


Usou e não recomenda
Edylane Pereira, de 27 anos, contou que tomava subtramina por indicação de um amigo que conseguiu emagrecer bastante. “Não precisei de receita médica porque um conhecido que trabalha em uma farmácia me vendeu o remédio. Eu consegui perder cinco quilos mas não tomava direito. Tomava durante a semana e no fim de semana parava para poder tomar minha cerveja, já que não pode ingerir bebida alcoólica durante o tratamento”, disse a jovem.
A moça conta ainda que sentiu o efeito ‘safona’ em seu corpo. “Com a mesma velocidade que emagrece, também se recupera o peso quando para de tomar o remédio. Por isso que desisti de tomar, não compensa. Apesar de ser eficaz, é perigoso”, opinou.
“Eu acho que a proibição é importante, principalmente por conta dor problemas cardíacos que pode causar nas pessoas, independente de idade. Uma vez minha irmã viu um rapaz passando mal em um hospital e o médico disse que era o coração. Ele estava tendo uma crise de arritmia cardíaca por causa dos remédios para emagrecer que ele estava tomando”, disse a jovem.
Alucinógeno
Alguns jovens de Maceió chegam a usar os remédios como se fossem drogas alucinógenas. Um rapaz, que não quis se identificar, disse que já chegou a tomar oito comprimidos de uma só vez e misturou com bebida alcoólica. “Eu estava afim de ‘viajar’ e tomei os oito comprimidos de desobese (femproporex) misturado com cerveja e comecei a ver coisas. É muito fácil comprar, muitas farmácias de Maceió não exigem a receita médica”, relatou.
Com a proibição ou não dos remédios, é importante frisar que a melhor forma de manter o corpo saudável é com uma boa alimentação, bem balanceada e com a prática de exercícios físicos. Muitas vezes o caminho mais fácil para o emagrecimento pode trazer problemas sérios.
Thayanne Magalhães
Primeira Edição - Maceió
Ilustração

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