ENTRESSEIO

s.m. 1-vão, cavidade, depressão. 2-espaço ou intervalo entre duas elevações. HUMOR, CURIOSIDADES, UTILIDADES, INUTILIDADES, NOTÍCIAS SOBRE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS, AQUELA NOTÍCIA QUE INTERESSA A VOCÊ E NÃO ESTÁ NO JORNAL QUE VOCÊ COSTUMA LER, E NEM DÁ NA GLOBO. E PRINCIPALMENTE UM CHUTE NOS FUNDILHOS DE NOSSOS POLÍTICOS SAFADOS, SEMPRE QUE MERECEREM (E ESTÃO SEMPRE MERECENDO)

28 novembro, 2007

MISÉRIA PERSISTE APESAR DO BOLSA FAMÍLIA

Moradora de uma invasão distante menos de 50 quilômetros da Praça dos Três Poderes e desempregada há dois anos, Marlucia Alves Farias, 27, recebe o valor máximo pago pelo Bolsa Família: R$ 112 mensais. Apesar do benefício, Marlucia e os cinco filhos estão entre os 12,6 milhões de brasileiros considerados miseráveis, de acordo com a faixa de renda per capita considerada pelo próprio programa para definir a pobreza extrema.
Estudo feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social a pedido da Folha mostra que esse não é um caso isolado entre os beneficiários do Bolsa Família. No Nordeste, região que concentra a metade das famílias atendidas pelo principal programa social do governo Lula, a renda familiar média após o pagamento do benefício não alcança R$ 60 por pessoa. Está em R$ 59,11 mensais. Na região Norte, a média fica apenas R$ 0,47 acima da linha da extrema pobreza. No país, essa média é de R$ 64,55, bastante distante da renda com que uma família superaria a condição de pobreza, pelos critérios do programa.
"O problema é que há famílias muito pobres mesmo", observa Rosani Cunha, secretária do Desenvolvimento Social responsável pelo Bolsa Família. Ela avalia que o valor pago pelo governo federal -entre R$ 18 e R$ 112 mensais, dependendo do grau de pobreza e do número de filhos em idade escolar- não é suficiente para tirar muitas das famílias da situação de extrema pobreza. No Maranhão, Estado com o menor índice de desenvolvimento humano no país, as famílias do programa registram renda média de R$ 55,58 por pessoa da família após o pagamento do benefício.
A 272 quilômetros da capital, na cidade de Belágua, os miseráveis do Bolsa Família são maioria. "Aqui, só quem é funcionário público tem renda fixa, o restante são trabalhadores rurais que plantam para sobreviver, com famílias numerosas, de 9, 11, 12 filhos", conta a assistente social Daniela Araújo Vieira, responsável pelo programa no município. O estudo do Desenvolvimento Social mostra que a renda média dos beneficiários do Bolsa Família é inversamente proporcional ao ganho percentual de renda com o programa. No Maranhão, por exemplo, onde a média é mais baixa, o ganho medido foi de 66,2%. Em Goiás, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os ganhos de renda com o programa foram, em média, de até 30%.
O ministério não calculou o número total de famílias com renda inferior a R$ 60 após o pagamento do benefício. Mas informa que parte dos 11 milhões de famílias beneficiadas entrou no programa com renda média inferior a R$ 6 por mês por pessoa. A renda máxima que permite acesso ao programa é de R$ 120 mensais. Segundo Rosani Cunha, o governo não cogita aumentar o valor do benefício depois do reajuste de 18,25% concedido há apenas três meses. Mas espera votos no Congresso em projeto de lei para pagar até R$ 60 extras a famílias que tenham jovens entre 15 e 17 anos matriculados em escolas. A proposta eleva o benefício máximo do Bolsa Família para R$ 172, a partir de 2008. "Isso teria impacto nas famílias mais pobres", sustenta.
Neste ano, o programa custará R$ 8,7 bilhões aos cofres públicos. A saída para os que permanecem miseráveis após o pagamento do Bolsa Família, na avaliação do ministério, seria garantir o acesso dessas famílias a outras políticas públicas destinadas a enfrentar as demais dimensões da pobreza, além da renda. Pesquisa recente do ministério mostrou que mais da metade (56,2%) dos titulares do programa tem baixa escolaridade e não passou da quarta série do ensino fundamental; 1,8 milhão dos titulares seriam analfabetos. Cerca de 20% lançam esgoto em valas ou a céu aberto e moram em casas de taipa ou madeira. Só 36,4% das famílias beneficiadas têm acesso a sistema de esgoto sanitário.
MARTA SALOMON – Folha On Line - Brasília

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