NATUREZA
Jiuzhai Gou, cenário por natureza
Quem viu Herói, o primeiro filme da trilogia de Zhang Yimou, diretor também da abertura e do encerramento da Olimpíada de Pequim, provavelmente se lembra da cena da luta em um lago (ou acima dele) em que se passam as quatro estações do ano. O belo cenário fica aqui, no parque que leva o nome da pequena cidade de Jiuzhai Gou, no norte da província de Sichuan, a 480 km da capital, Chengdu. Ele faz jus à reputação de um dos cinco lugares mais belos da China.
Jiuzhai Gou (“diô-djai-gou”) tem 620 km² de vales e montanhas de tirar o fôlego, e os lagos chegam a quase cem, quase todos caracterizados por uma cor que varia entre o azul turquesa e o verde esmeralda por causa dos minérios como magnésio e cálcio. O rio que corre por toda a reserva, forma os lagos e desce em cascatas é tão célebre que gerou um dito comum entre os chineses: “Depois que você vê a Montanha Amarela (em Huangshan, na região central do país), não quer mais ver montanha nenhuma. Depois que vê o rio Jiuzhai Gou, não quer mais ver rio nenhum.”
O exagero é evidente, mas ninguém fica indiferente a esta paisagem. Parece saída de uma antiga estampa chinesa. As montanhas são cobertas de florestas de coníferas, que no outono ganham tons cobres e bordôs. A estrada que corta os vales, com 14 km de extensão ao todo, leva os turistas a 19 paradas nos pontos principais. Em forma de Y, ela concentra suas maiores atrações no braço direito da bifurcação. É nesse trecho que está o Lago dos Bambus, onde Yimou filmou a cena citada.
Cada ônibus tem sua guia, e elas não deixam de citar em nenhum momento a infinidade de filmes como Herói e séries de TV, especialmente de histórias de Kung Fu, que tiveram locações no parque. O de Yimou é um lago que se destaca pelas dimensões e pela água tão cristalina que deixa ver com nitidez plantas e algas ao fundo; e também, claro, pela moldura de montanhas e bambuzais que o circunda. Em tempo, o pequeno pavilhão que aparece no meio do lago do filme não existe. (Foi preciso ocorrer a cerimônia inicial da Olimpíada para que a maioria descobrisse o que os espectadores de Yimou já sabiam: que ele gosta de simulações virtuais.)
Jiuzhai Gou (“diô-djai-gou”) tem 620 km² de vales e montanhas de tirar o fôlego, e os lagos chegam a quase cem, quase todos caracterizados por uma cor que varia entre o azul turquesa e o verde esmeralda por causa dos minérios como magnésio e cálcio. O rio que corre por toda a reserva, forma os lagos e desce em cascatas é tão célebre que gerou um dito comum entre os chineses: “Depois que você vê a Montanha Amarela (em Huangshan, na região central do país), não quer mais ver montanha nenhuma. Depois que vê o rio Jiuzhai Gou, não quer mais ver rio nenhum.”
O exagero é evidente, mas ninguém fica indiferente a esta paisagem. Parece saída de uma antiga estampa chinesa. As montanhas são cobertas de florestas de coníferas, que no outono ganham tons cobres e bordôs. A estrada que corta os vales, com 14 km de extensão ao todo, leva os turistas a 19 paradas nos pontos principais. Em forma de Y, ela concentra suas maiores atrações no braço direito da bifurcação. É nesse trecho que está o Lago dos Bambus, onde Yimou filmou a cena citada.
Cada ônibus tem sua guia, e elas não deixam de citar em nenhum momento a infinidade de filmes como Herói e séries de TV, especialmente de histórias de Kung Fu, que tiveram locações no parque. O de Yimou é um lago que se destaca pelas dimensões e pela água tão cristalina que deixa ver com nitidez plantas e algas ao fundo; e também, claro, pela moldura de montanhas e bambuzais que o circunda. Em tempo, o pequeno pavilhão que aparece no meio do lago do filme não existe. (Foi preciso ocorrer a cerimônia inicial da Olimpíada para que a maioria descobrisse o que os espectadores de Yimou já sabiam: que ele gosta de simulações virtuais.)
Mas logo ali ao lado há lagos que competem em beleza. O Lago do Panda, por exemplo, não tem panda nenhum (o norte de Sichuan é famoso por suas florestas de pandas gigantes), mas a superfície é de um azul intenso e em suas margens se vêem muitos peixes. Abaixo dele está o Lago das Cinco Cores, que, como o nome diz, surpreende pelas faixas diferenciadas que vão do amarelo ao marrom, passando pelo azul, pelo verde claro e pelo verde escuro, onde as algas se concentram. Descendo dele está a Cachoeira de Pérolas, uma corrente de água rasa que ao passar por cima das rochas lhe dá um rebrilhar que inspirou o nome.
No outro braço do Y há mais florestas e menos lagos. Ao final, porém, vem a recompensa: o Lago Comprido, a 3.100 metros de altitude, justifica o nome ao permitir uma visão do rio correndo pelo meio das altas montanhas com suas cores únicas. Um pouco abaixo, o Lago Colorido se parece com uma piscina em que acrescentaram tintas diversas. No retorno, já na estrada unificada, paramos para ver as cascatas Nuorilang, deslizando num mesmo paredão de pedra, e o complexo Shuzheng, como que uma planície pontuada por córregos e lagoas.
O parque não é apenas endereço de cenas bucólicas da natureza temperada. É também o local onde ficam nove aldeias da etnia zhai (daí o nome Jiuzhai Gou, onde “jiu” é nove e “Gou” é garganta, no sentido orográfico do termo), de origem tibetana, que vendem aos turistas um artesanato muito parecido com o andino sul-americano. Para eles, os lagos são cacos do espelho de uma deusa. Para Zhang Yimou, foram símbolos da relação entre a China e a natureza. Seja como for, depois de Jiuzhai Gou você nunca mais verá um lago e uma montanha como antes.
Daniel Piza
http://blog.estadao.com.br/blog/piza/?
No outro braço do Y há mais florestas e menos lagos. Ao final, porém, vem a recompensa: o Lago Comprido, a 3.100 metros de altitude, justifica o nome ao permitir uma visão do rio correndo pelo meio das altas montanhas com suas cores únicas. Um pouco abaixo, o Lago Colorido se parece com uma piscina em que acrescentaram tintas diversas. No retorno, já na estrada unificada, paramos para ver as cascatas Nuorilang, deslizando num mesmo paredão de pedra, e o complexo Shuzheng, como que uma planície pontuada por córregos e lagoas.
O parque não é apenas endereço de cenas bucólicas da natureza temperada. É também o local onde ficam nove aldeias da etnia zhai (daí o nome Jiuzhai Gou, onde “jiu” é nove e “Gou” é garganta, no sentido orográfico do termo), de origem tibetana, que vendem aos turistas um artesanato muito parecido com o andino sul-americano. Para eles, os lagos são cacos do espelho de uma deusa. Para Zhang Yimou, foram símbolos da relação entre a China e a natureza. Seja como for, depois de Jiuzhai Gou você nunca mais verá um lago e uma montanha como antes.
Daniel Piza
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